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Bossa Cheia de Charme

Redação Publicado em 06/05/2010, às 04h47 - Atualizado às 13h08

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REPERTÓRIO POUCO EXPLORADO Clara Moreno aposta no gingado do sambalanço - Divulgação
REPERTÓRIO POUCO EXPLORADO Clara Moreno aposta no gingado do sambalanço - Divulgação

Clara Moreno

Miss Balanço

Biscoito Fino

Cantoras reciclam a bossa nova em discos originalmente lançados na Europa

No rastro da “new bossa” projetada por bebel gilberto em escala mundial há dez anos, diversas cantoras brasileiras vêm construindo discografias moldadas para os mercados da Europa e do Japão, vorazes consumidores da ginga nacional. Miss Balanço, de Clara Moreno, e Bossarenova, de Paula Morelenbaum, são dois títulos da fornada estrangeira de 2009 que ganham simultâneas edições brasileiras. Ex-adepta da música eletrônica, Clara cai no sambalanço, escorada em ideia e produção da mamãe Joyce Moreno (cultuada nas pistas inglesas desde os anos 90). O balanço reside no piano de Tiago Costa, autor dos arranjos que embalam bem pérolas como “Deixa a Nega Gingar” (Luiz Cláudio), pescadas em baús pouco remexidos. Leve, a voz opaca da solista não atravessa o ritmo – pecado que Orlandivo, convidado de “Tamanco no Samba”, jamais perdoaria. Já Paula, que correu o mundo como vocalista da banda de Tom Jobim (1927–1994), alça voos mais altos ao interagir com a big band alemã SWR. O arranjador Ralf Schmid conduz a orquestra com maestria e leveza por trilha e repertório heterodoxos. Até “Blackbird”, de Lennon & McCartney, voa por esse céu de brigadeiro em que a bossa parece de fato renovada. A curiosidade é que tanto Clara (“Bebete Vãobora”) como Paula (“Mas Que Nada” e “Vem Morena”) recorrem ao repertório de Jorge Ben, mas nenhuma das duas acerta o tom do Míster Balanço, dono de suingue particular que ninguém, seja brasileiro, seja europeu, captura.

Mauro Ferreira