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Convoque seu Buda

Criolo

Pedro Henrique Araújo Publicado em 21/11/2014, às 16h23 - Atualizado em 25/11/2014, às 14h11

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Convoque seu Buda - Divulgação
Convoque seu Buda - Divulgação

Desde 2011, ano de lançamento do aclamado Nó Na Orelha, os holofotes já focaram Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, incontáveis vezes. O criador da já emblemática “Não Existe Amor em SP” foi alçado ao patamar dos artistas do primeiro escalão e viu sua até então modesta realidade mudar de forma meteórica. Foi aí que as ruas do Grajaú, os pequenos palcos e as rinhas dos MCs perderam espaço para os festivais com grandes públicos, as turnês internacionais, aparições na TV, pontas no cinema e até uma fofoca aqui e outra acolá nas revistas e sites de entretenimento. Criolo recebeu homenagem de Chico Buarque, elogios de Caetano Veloso, ganhou uma versão de Ney Matogrosso para “Freguês da Meia-Noite” e fez show com Milton Nascimento. Educadamente, meteu o pé na porta do hall dos cachorros grandes da música brasileira. Assim, é normal que Convoque Seu Buda, o terceiro disco da carreira do rapper, chegue cheio de expectativas. O trabalho foi produzido novamente pela dupla Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, que também deram uma mão nas letras. Quem se lembra, e gosta, do Criolo Doido da época de Ainda Há Tempo (2006), o álbum de estreia, vai se interessar por faixas como “Convoque Seu Buda” e “Duas de Cinco” (esta segunda lançada em single ano passado), e por “Plano de Voo”, que conta com a participação do MC Síntese, um dos mais interessantes nomes da nova cena do hip-hop. Preste atenção no discurso quase religioso dele e no desespero ao cantar, que lembra muito o próprio Criolo em canções antigas como “Tô Pra Vê” e “No Sapatinho”. Já “Cartão de Visita” é uma das faixas mais memoráveis e com cara de hit. Nela, Criolo sai com uma boa sacada para o meme criado depois da bizarra entrevista que concedeu a Lázaro Ramos no Canal Brasil. Na letra, o rapper até inclui a famosa frase: “Alguém nos ajude, Lázaro, a entender!”. A participação de Tulipa Ruiz no refrão ajuda a dar uma cara bem pop à canção.

Apesar de estar com o nariz mais apontado para o rap, Convoque Seu Buda acena para o reggae em “Pé de Breque”; cai no samba em “Fermento Pra Massa”; surfa uma onda afro-samba-beat em “Casa de Papelão” e vai para o nordeste em “Pegue Pra Ela”. “Fio de Prumo ‘Padê Onã’”, a última faixa, tem a eficaz voz de Juçara Marçal no refrão. A banda que toca no disco é praticamente a mesma que acompanhou o cantor durante os três anos das constantes turnês de Nó na Orelha e isso reforça a unidade sonora. É preciso dizer que Convoque Seu Buda tem muitos elementos similares a Nó na Orelha: há arranjos pretensiosos e o discurso é similar. Mas seria leviano afirmar que ele é mero xerox do álbum anterior. Também não é fácil prever se o êxito vai ser igual. Criolo soa parecido, sim, mas já se passaram três anos e muita água rolou debaixo dessa ponte. Muitos dirão que a fórmula se repetiu e uma parte significativa nem vai reparar no som, se atendo ao Criolo “celebridade”. Mas é o que acontece com os grandalhões da música. Criolo vai ter que se acostumar ao sucesso.

Fonte: Ôloko Records