Fellini

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Dois lançamentos revisitam a carreira do quarteto cult paulistano

em agosto passado, em uma brevíssima aparição nos palcos de São Paulo, Cadão Volpato anunciava o fim do Fellini. Para quem vem se despedindo desde o lançamento de seu primeiro trabalho, O Adeus de Fellini, de 1985, a declaração desprovida de credibilidade soou como uma velha brincadeira. Talvez demore até alguns anos para que a banda volte com composições inéditas, mas dois álbuns que revisitam seus clássicos são lançados praticamente juntos. Você Nem Imagina é como uma coletânea dos quatro primeiros trabalhos do grupo. Gravado ao vivo em estúdio em apenas um dia em 2009, o álbum celebra 25 anos de banda com versões atualizadas de hits do underground dos anos 80, como “Rock Europeu” e “Funziona senza Vapore”, junto a faixas mais obscuras, como a linda “Massacres da Coletivização”, cheia de imagens – quase cinematográficas – que a banda sempre inspirou. Com quase duas dezenas de bandas que também nunca freqüentaram o mainstream, Isto Não É Exatamente uma Reverência é, contradizendo seu título, um grande tributo. Nele, as canções do quarteto deixam de operar entre o pós-punk e o samba. Enquanto “Nada” vira um lo-fi nervoso da banda Vaca de Pelucia, “Bolero 2” é transformada em dance-punk pela Biônica. Na voz sedutora de Stela Campos, “Chico Buarque Song” se aproxima do alt-folk, e as guitarras impecáveis do Continental Combo levam “LSD” para bem antes dos anos 80. Estes dois discos mostram que está longe o dia do Fellini realmente dizer adeus.

JOSÉ JULIO DO ESPÍRITO SANTO