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Redação Publicado em 07/10/2009, às 13h39 - Atualizado às 13h39

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LINHA OCUPADA - Sérgio Dias (com telefone) e a nova trupe dos Mutantes - NINO ANDRES/ DIVULGAÇÃO
LINHA OCUPADA - Sérgio Dias (com telefone) e a nova trupe dos Mutantes - NINO ANDRES/ DIVULGAÇÃO

Os Mutantes

Haih or Amortecedor

Anti Records

Primeiro disco de estúdio do grupo em longa data tenta emular fórmula consagrada

Há duas maneiras de analisar este disco. ele pode ser visto (e aceito) como uma continuação natural do reencontro entre Sérgio Dias, seu irmão Arnaldo Baptista e o baterista Dinho Leme, que não tocavam juntos desde o início dos anos 70. O trio, acrescido de Zelia Duncan, reuniu-se por conta de uma turnê americana e um show em Londres, que celebrava os 40 anos da Tropicália em 2006. Se analisarmos Haih como um trabalho de uma discografia normal do grupo, perceberemos que algo muito importante se perdeu ao longo do caminho: alma. Sérgio Dias e Dinho Leme (os únicos integrantes da formação clássica da banda) se valem de um grande número de músicos de apoio e dos vocais de Bia Mendes para empreender uma retomada vigorosa da sonoridade sessentista dos Mutantes, esquecendo, talvez, que o ingrediente essencial daquela mistura explosiva de música brasileira, Beatles, psicodelia e sátira era a espontaneidade. E que isso só existia por causa da interação entre Rita e os irmãos Dias Baptista. Sérgio assina quase a totalidade das músicas em parceria com Tom Zé e ainda recebe uma inédita de Jorge Ben, colaborador nos áureos tempos, com “A Minha Menina”, hoje representado por “O Careca”, nos mesmos moldes de samba-rock de antanho. Canções como “Bagdad Blues”, “2000 e Agarrum”, ou o single “Teclar” são bons exercícios de estilo, mas resvalam para o terreno das comparações com o passado. Talvez daí venha alguma explicação sobre o lançamento de Haih em todas as partes do mundo, exceto no Brasil. Os Mutantes deste disco não escapariam de uma boa zoada dos Mutantes originais, estes, sim, indispensáveis e renovadores.

POR CARLOS EDUARDO LIMA