Redação Publicado em 07/11/2007, às 15h03 - Atualizado em 08/11/2007, às 16h13
Colhendo os frutos
"Cantar é vestir-se com a voz que se tem", esquiva-se Teresa Cristina, mandando recado aos que a alfinetam pelo vocal miúdo e tímido. Projetada no fértil quintal da Lapa, bairro boêmio do Centro do Rio que revitalizou o culto ao samba a partir dos anos 90, a cantora e o Grupo Semente colhem os frutos pela aposta certeira na tradição dos bambas. O verso-recado é de "Cantar", samba que abre o quarto CD da turma, em sua estréia na major EMI, com direito a cordas sinfônicas na autoral "Saudade de Você". Delicada, realça sutilezas da intérprete, hábil ao reviver repertório que vai da malemolência nordestina de "Pé do Lageiro", do maranhense João do Vale (1934-1996), à pegada afro de Ruy Maurity ("Nem Ouro, Nem Prata"). Teresa se embola somente nos nós rítmicos de "Carrinho de Linha", hit de Fafá de Belém em 1980. Em contrapartida, a musa da Lapa se consolida como compositora em sambas nobres como "Fim de Romance", parceria com o pioneiro portelense Argemiro Patrocínio (1922-2003). Se a voz é pequena, a obra já começa a se fazer grande.
Mauro Ferreira
Teresa Cristina e Grupo Semente
Delicada
EMI Music
12
10
2007
