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Treme

Gaby Amarantos

José Flávio Júnior Publicado em 13/04/2012, às 09h58 - Atualizado às 10h05

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Gaby Amarantos
Gaby Amarantos

Ninguém sabe precisar o que acontecerá com o mundo em dezembro. Mas a segunda questão mais intrigante de 2012 começa a ser respondida com o lançamento do aguardado Treme, estreia solo oficial de Gaby Amarantos. Teria finalmente chegado a hora da cantora paraense de 33 anos arrebatar geral com seu som baseado em tecnobrega e outros ritmos locais? As 14 faixas do álbum permitem uma previsão otimista. No mínimo, teremos mais alguns meses com diversão garantida aqui no planetinha.

Para quem não reparou no furacão se formando – algo amplamente noticiado desde o começo do milênio –, vale mencionar que Gaby ganhou os primeiros holofotes como vocalista do grupo Tecno Show, sucesso nas festas de aparelhagem de Belém. Fez aparições importantes em lugares e situações tão díspares quanto o show da posse da presidente Dilma Rousseff em Brasília, o Carnaval multicultural do Recife, o circuito Baixo Augusta (em São Paulo) e o Domingão do Faustão. A onipresença poderia ter gerado fastio, não fosse Gaby uma artista tão safa e tão cheia de truques visuais. Mas Treme não conta com roupas exóticas, bazucas que disparam serpentina nem qualquer artifício cênico consagrado pela cantora. É basicamente música e isso basta (sem fazer pouco da arte da capa e do encarte, com direito à diva selvagem disparando raios laser pelos seios). O álbum é pop e plural, não esconde seu DNA amazónico e tem tudo para emplacar hit atrás de hit.

Sob supervisão de Carlos Eduardo Miranda (Raimundos, Mundo Livre S/A), o guitarrista Félix Robatto e o DJ Waldo Squash se esmeraram na produção do disco: um se atendo mais aos elementos analógicos e o outro envenenando as batidas. Também de suma importância foi o papel desempenhado por Cyz Zamorano, que cuidou para que a voz de Gaby soasse doce e segura, exterminando quase por completo as infelizes “rasgadas” que marcam as apresentações ao vivo da cantora. Talvez nem a própria Gaby soubesse que cantava tão bem. Algumas canções são da época do Tecno Show, como “Faz o T” e “Gemendo”, ambas escritas por Gaby. Mas elas aparecem melhoradas, especialmente “Gemendo”, que teve seu refrão alterado e figura como ponto alto do CD. Em oposição a elas, “Coração Está em Pedaços” foi a última a entrar em Treme. A composição de Zezé Di Camargo agradou quando executada pela cantora em um especial da Rede Globo, com arranjo próximo da cumbia colombiana.

Se a assinatura de Zezé pode facilitar o trânsito de Gaby nas rádios populares, “Ela Tá no Ar”, com suas guitarras rascantes, deve cativar outro tipo de público. Isso porque a cantora divide a autoria da faixa com Felipe Cordeiro, um dos nomes mais celebrados da nova cena paraense. Iara Rennó e Thalma de Freitas também contribuem para a faceta mais cult do repertório com a grudenta “Como Acontece a Chuva”, que explica o processo pluvial.

Gaby ainda prestigia veteranos fundamentais em sua formação, caso de Alípio Martins (1944-1997), compositor que ajudou a divulgar o carimbó, a lambada e a música brega nacionalmente nos anos 70 e 80. Dele, a cantora resgatou “Vem Me Amar”, cuja letra promete amor eterno para alguém, se esse alguém se deixar ser conquistado. Dá para fazer uma analogia com o momento de Gaby. Agora que as pessoas vão descobrir do que ela é capaz em disco, esse namoro tem tudo para deslanchar de vez.

Fonte: Som Livre