Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Triplicate

Bob Dylan

Mikal Gilmore Publicado em 19/04/2017, às 17h03 - Atualizado às 17h16

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Triplicate - Divulgação
Triplicate - Divulgação

Depois de Shadows in the Night (2015) e Fallen Angels (2016), Bob Dylan chega ao terceiro trabalho focando em canções gravadas por Frank Sinatra, standards escritos por nomes como Irving Berlin, Jerome Kern, Hoagy Carmichael, Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II. Quando as canções desta era, imortalizadas nos palcos da Broadway e nas telas de Hollywood, foram esmagadas na metade da década de 1950 pelo rock, pela country music, pelo rhythm and blues e pelo rockabilly, alguns reagiram como se os bárbaros tivessem tomado conta do planeta. Sinatra foi um deles. O próprio Dylan uma vez comentou as críticas que sofria dos artistas veteranos: “Os compositores profissionais são coisa do passado. Hoje, qualquer um pode gravar suas próprias músicas”.

O músico então sentiu que era missão dele fazer alguns reparos em relação ao estilo de música que esteve em voga na primeira metade do século 20. Com os dois álbuns anteriores, ele usou apenas um quinteto básico de rock. Nada de sessão de cordas ou o som de big band, embora ele utilize alguns metais discretamente aqui e ali. Mas o som se mostra pleno e cheio de texturas, com Donnie Herron na steel guitar e Tony Garnier no baixo sendo o ponto focal. O repertório também foi escolhido cuidadosamente e de uma forma significativa.

Embora algumas canções, como a abertura (“I Guess I’ll Have to Change My Plans”), sejam mais animadas e outras faixas tenham um jeito de blues mais tranquilo (“That Old Feeling”, “The Best Is Yet to Come”), a maior parte das faixas de Triplicate é formada por baladas desoladas. “I Could Have Told You”, “Here’s That Rainy Day”, “Once Upon a Time” e “September of My Years” são ruminações sobre perda e passagem do tempo, temas que agora se mostram centrais na obra de Dylan. Nelas, o bardo acentua a devastação emocional com uma beleza dolorida.

Dylan fecha Triplicate com “Why Was I Born”, escrita por Kern e Hammerstein II em 1929. É o tipo de canção confessional que se tornou ultrapassada quando apareceu o estilo de composição mais moderno praticado por Dylan e outros. Mas o cantor não é alheio à rejeição e autoanálise contida na faixa. Ele entende o triunfo de sobreviver em meio à escuridão. E é somente na sobrevivência que você finalmente descobre por que nasceu.

Fonte: Sony