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127 Horas

Redação Publicado em 07/02/2011, às 09h35 - Atualizado às 09h35

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Divulgação
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Danny Boyle

James Franco

Thriller claustrofóbico é um tenso e trágico retrato da solidão

Mais do que mero contador de histórias visuais, Danny Boyle é um transmissor de sensações múltiplas. Não basta para ele passar a informação, se a tarefa não for realizada da maneira mais transgressora possível. E se a mensagem não for digerida facilmente, não importa. Boyle – pai de obras-primas modernas como Trainspotting e Quem Quer Ser um Milionário? – quer que você “sinta”, muito mais do que faz questão que você “compreenda”. De fato, poucos cineastas exercem essa relativa arrogância de maneira tão positiva. 127 Horas, apesar de o título sugerir o inverso, é curto – meros 90 minutos –, mas poderia ser mais. Não se esperaria um filme leve a respeito da saga claustrofóbica do aventureiro Aron Ralston, que despenca em um cânion isolado em Utah e prende o braço direito em uma rocha, sem conseguir se deslocar Acompanhamos assim sua luta por sobrevivência, à medida que o tempo se esvai, os recursos rareiam e as dores se tornam insuportáveis. James Franco tem o grande papel de sua vida como o boa-praça solitário Aron, que repensa seus defeitos à medida que perde esperanças de sair de seu buraco pessoal. Desapegado de vaidade, o ator permeia com humor e carisma o que poderiam ser horas tortuosas de tédio em que quase nada acontece, coroadas por um desfecho que fatalmente embrulhará estômagos mais fracos. Boyle, por sua vez, não nos deixa cair no sono, abusando de recursos estilísticos (tela dividida, flashbacks, ângulos inusitados) para manter a adrenalina sempre no limite máximo. Obviamente, é bem-sucedido – mas não sem antes nos torturar um tanto.

PABLO MIYAZAWA