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Não Me Abandone Jamais

Redação Publicado em 10/03/2011, às 16h41 - Atualizado às 16h41

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Divulgação
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Mark Romanek

Andrew Garfield, Keira Knightley

Filme abusa do melodrama para criar impacto sobre assunto polêmico

Às vezes, o cinema é mais contundente com cenas de contornos delicados. É o que ocorre neste drama baseado no livro homônimo de Kazuo Ishiguro. Tudo leva a crer que seja mais um tratado sobre a amizade púbere, aos moldes de Conta Comigo. Kathy e Ruth dividem as atenções de Tommy desde quando os três estudavam em um tradicional internato britânico. Mas esse retrato florido ganha irregularidades desde o começo, quando um aviso explica que o ser humano é capaz de chegar aos 100 anos graças aos avanços da medicina. Em seguida, Kathy já quase adulta, acompanha uma cirurgia com um olhar entre a contemplação, a indiferença e o desespero contido. A explicação: o trio central foi criado em laboratório e seus órgãos um dia vão servir para doação. Trata-se de um filme híbrido e cíclico: o tom inflamado do discurso ético se intercala com a injeção de morfina das cenas mais calmas. Embora pungente, com situações que reforçam a ironia sádica embutida, o filme não se debruça sobre debates médicos. Apenas se deixa levar, aos trancos e soluços, pelo ritual de vidas entre o presente de Natal e o bisturi.

ÉRICO FUKS