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O Contador de Histórias

Como repórter, Caco Barcellos acumula a experiência de quem já viu e sentiu de tudo. Mas ele permanece inconformado com a inevitabilidade da morte

André Rodrigues Publicado em 09/12/2011, às 13h15 - Atualizado em 26/12/2011, às 14h45

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<b>NOS BASTIDORES DA NOTÍCIA</b> Caco Barcellos, na redação do Profissão Repórter, em São Paulo - Victor Affaro
<b>NOS BASTIDORES DA NOTÍCIA</b> Caco Barcellos, na redação do Profissão Repórter, em São Paulo - Victor Affaro

Um dia, Caco Barcellos entrou em casa e disse: “Eu quero que meu enterro seja repleto de prostitutas, mendigos e craqueiros”. Como um Quincas Berro D’Água abstêmio, o jornalista da Rede Globo, um dos principais nomes da imprensa televisiva nacional, seria enterrado sob a aclamação dos desvalidos e desassistidos. “Eu me dou tão bem com esse povo, os sofredores.”

Seria um grande momento, desses que Cláudio Barcelos de Barcellos, o Caco, busca em vida. Essa imaginação funérea – citada por ele próprio entre risos acanhados – diz muito sobre as preocupações e motivações desse gaúcho de 61 anos, corpo esguio, cabeleira envolta em um branco à la Walmor Chagas, olhos azuis riscados por traços vermelhos de cansaço. Caco pensa bastante na morte e nas histórias daqueles que não têm muito com o que contar. “Até hoje, quando assisto a uma luta de boxe, MMA, torço para quem está perdendo. Se ele consegue virar o jogo, passo a torcer pelo outro. Não sei o que rola. Eu mudo de lado. Eu fico sofrendo pra caramba.” Com quase 40 anos de profissão, Caco Barcellos sentiu terremoto, relatou guerra, ficou sob a mira de fuzis, denunciou policiais, contou como o crime organizado funciona e, desde 2008, leva semanalmente seu ponto de vista sobre diversas histórias ao programa Profissão Repórter, em que exibe três lados de um mesmo tema.

Com dezenas de prêmios espalhados pela carreira, três livros (dois best-sellers) e uma peça de teatro no currículo, Caco faz o que gosta, é respeitado pelos pares e reconhecido na rua como um popstar. “Eu me acho um privilegiado. Hiperfeliz. Um sortudão. As coisas deram certo. Nada planejado, mas... Viver também é assim, né”, afirma com seu jeito inibido, meio “bicho do mato”, como diziam colegas no início de sua carreira em São Paulo. “Olhando para trás, do que eu me arrependi? Não tenho uma lista. Tem algumas coisinhas. Mas não lembro de ter tido momentos de grande arrependimento.”

Mas Caco ainda deseja uma conquista: não cair no vazio da morte. “Tenho problemas com a morte. Eu não aceito. Acho um absurdo esse fim. Desaparecer... Não me conformo.” Ele meneia a cabeça, mas mantendo a face serena, como se assim afastasse qualquer perigo. “A vida acaba, no fundo, ficando meio sem sentido.”

Para saber mais sobre Caco Barcellos, precisamos usar de seu próprio método, ficar atento aos detalhes e acompanhar uma gravação do Profissão Repórter, aquele do bordão “os bastidores da notícia, os desafios da reportagem”. Afinal, como ele mesmo gosta de frisar, contar uma história é um ato complexo, que envolve investigação, apuração e cuidados.


São 19h30 de uma quarta-feira de outubro em um cruzamento movimentado de São Paulo. Quando o semáforo fecha, Barcellos corre para conversar com os motoristas. Na faixa de pedestre, Iago, 19 anos, faz malabarismos enquanto se equilibra em um monociclo. O tema do programa é “artistas de circo”. Como de praxe, três equipes são mobilizadas para abordar diferentes visões da pauta. Um time está em Juazeiro (BA), lidando com o cotidiano do circo Pindorama, de anões; outra jornalista relata os bastidores do Cirque du Soleil; e Caco fica com aqueles que brincam com fogo ou jogam cones para o alto na maior metrópole do hemisfério sul.

Ele mostra um caderninho azul onde anota os nomes e telefones dos personagens e contatos daquela noite. “Eu adoro caderninhos”, ele sorri, “mas perco todos.” Seu jeito lembra o de uma criança que pega um brinquedo, agarra e depois pula para outro, sem se preocupar com posses. Ele esquece uma nécessaire em um lugar, um livro em outro; quando sente falta dos objetos, liga para os hotéis, procurando os pertences, indo atrás dos rastros que deixou pelo mundo. Uma história sempre aparece para ilustrar as falas de Caco. A do esquecimento também ganha uma. Quando era moleque, em Porto Alegre (RS), morava em uma casa que não tinha água encanada potável. Muitas vezes ele era o responsável por buscá-la em um poço. “Lembro de estar na fila, esperando, e quando chegava a minha vez: cadê o balde? Parava para conversar, contar uma história... E deixava o balde.”

A sensação é de estar diante de um Forrest Gump grisalho, que relata feitos mirabolantes da forma mais natural possível. Após as entrevistas, seguimos até a casa de um dos artistas de rua. Câmera e repórter montam em um ônibus lotado, e o entrevistado parece não crer que o jornalista pega uma condução com ele em vez de enfrentar o trajeto no carro da Globo. Caco paga a própria passagem e conversa com os passageiros: “Oi, meu nome é Caco Barcellos”. O interlocutor, surpreso, reage com um “eu sei, cara. Parabéns pelo seu trabalho”. Caco arremata com um autêntico “obrigado”, como se fosse a primeira vez que ouvisse algo parecido.

“Lembrando da minha infância, claro que fico: ‘Caramba, que trajetória eu fiz’”, ele comenta, enquanto o ônibus segue para a periferia. Hoje com diversos prêmios no colo, inclusive o Jabuti, importante distinção literária, Caco teve uma infância de poucos livros. Tanto que decorou capítulos inteiros de Iracema, de José de Alencar, o primeiro volume que descobriu. “Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba”, recita. “Mas, outro dia, peguei para ler e não gostei”, confessa, desconfortável, como se fosse pecado não se deliciar com uma das obras que mais traumatizam os vestibulandos.

Na casa do artista de rua, as pessoas não acreditam que o famoso repórter da TV se encontra ali. Um garoto se aproxima e diz que gostaria de ser como ele, mas pensa que é muito difícil virar jornalista, “porque existe a necessidade de saber muitas coisas”. Ao comandar um programa com jovens repórteres, Caco se tornou referência e inspiração para quem crê que os jornalistas ainda são profissionais insubstituíveis. O jeito sério de lidar com o trabalho gerou polêmica recentemente, quando participou de um debate com outros jornalistas no canal Globo News. Ao responder uma questão sobre a situação da imprensa, demonstrou indignação com a leviandade de alguns colegas. “Nossa tarefa é de muita responsabilidade. Tem gente que faz denúncia com base numa entrevista. E denuncia ministro! É um absurdo”, disse, reforçando não crer na tática de “jogar no ventilador e depois correr atrás para conseguir as provas”.

Quando criança, ele percebeu naturalmente que tinha faro para procurar histórias. Foi mais ou menos assim: “Eu saía com meu cachorro vira-lata. Tinha a maior curiosidade de conhecer a minha cidade. Tinha medo de sair sozinho, e o cachorro me dava segurança. Eu saía com ele para descobrir as coisas novas, as favelas, o estádio do Beira-Rio, que estava em construção, vistoriar obra de madrugada... Aí eu voltava e escrevia. O pessoal todo me esperava na rua: ‘O que você descobriu hoje?’ E eu adorava contar.” Hoje, Caco não perdeu o olhar fascinado com o mundo e as coisas em volta, muito menos a vontade de sair atrás de novidades, sem se importar com o tempo. A equipe do programa, aliás, já sabe que fazer uma pauta com ele significa avisar em casa que não há previsão de hora para voltar. “Só não fico tenso porque gosto muito do que faço. Estou trabalhando e me divertindo muito”, Caco diz, reforçando que seus três filhos e a mulher o entendem. O fôlego e o ar jovem são conquistados por uma alimentação saudável (faz dieta macrobiótica desde 1971) e o rigoroso futebol, em que atua como ala direita. O sonho de ser jogador é um dos poucos temas que ainda o deixam frustrado. O bairro onde Caco foi criado recebia a visita de olheiros. Alguns moleques se deram bem e seguiram carreira nos gramados. Mas ele foi ficando para trás e cada vez mais desanimado por causa da mentalidade dos treinadores do Sul – pelo menos da parcela que acredita que “o atacante tem que ser um armário e quebrar o zagueiro no meio”. O franzino Caco não tinha espaço para entrar em campo. “Eu me machucava muito. Então pensei que tinha que estudar.” Acabou prestando vestibular para engenharia. Não passou e foi fazer matemática. Ao conquistar espaço com suas histórias nos jornais, terminou completando o curso de jornalismo.

São 23h25 quando paramos para um sanduíche em um boteco nos arredores da avenida Paulista. Caco recomenda o de salame, alegando que é um alimento “seguro, que demora para estragar”. Um grupo de garotas se aproxima, pedindo para tirar foto com o jornalista. Após conseguirem seus registros, comentam sobre a beleza de Caco. Uma delas diz que “ele tem cara de ser fino”. De fato, Caco é fino. Não só pela magreza, mas também pelos gestos curtos, contidos, a fala em tom baixo e a notável timidez. Calmo, educado, não bebe, não fuma. Como não gostar de um sujeito assim?

Alguns gaúchos não pensavam dessa maneira. Quando Caco era hippie, nos anos 70, chegou a levar pedradas na rua. Isso contribuiu para ele se afastar de um tipo masculino “machão”, que fuma, bate em mulher e briga. “Meus amigos, com 15 anos, quando descobriram que eu não bebia, não fumava... Achavam que eu era gay.”

Gay, não, mas quase um padre. Coroinha, ajudava a rezar missa e era professor de latim para o ritual da igreja. Chegou a ser encorajado a seguir carreira usando a batina. “Tive uma educação, uma formação religiosa e familiar de ‘é importante você desejar o bem’”, ele conta. Hoje, se diz religioso, mas não reza ou frequenta igreja. “Sou católico. Mas nunca me convenceram. Estou à espera de um sinal”, sorri. Porém, diz que, apesar do lado cristão da família, o componente da vingança também se fazia presente. “Acho que no jornalismo sou mais vingativo. Não de maneira personalizada. Mas, se tem uma injustiça na minha frente, eu não consigo dormir com ela. Tenho que fazer alguma coisa contra essa injustiça. Acho que tem aí um componente de família mesmo.”

São 2h quando caco, o repórter, decide que a jornada de trabalho daquele dia está completa. No carro, a caminho da redação da Globo, o motorista pede ajuda para encontrar a rota certa. “Sempre olho pra cima buscando referências, então...”, diz Caco, dando alguns palpites e explicando os cacoetes para se localizar. As dicas vêm da época em que foi taxista em Porto Alegre, dos 18 aos 23 anos. Caco nasceu em uma família de motoristas, carroceiros e motoristas de caminhão. Um tio o ensinou a dirigir táxi. Lembra com orgulho que participou de um concurso da prefeitura para expandir a frota e tirou o oitavo lugar. Só largou o trabalho em 1975, quando juntou dinheiro para se mudar para São Paulo. “Gostava de ouvir histórias”, ele relembra. “Adorava um bêbado que mandava em mim, era meu ‘patrão’. Ele entrava no táxi, ligava o taxímetro e falava: ‘Agora quem manda nessa merda sou eu!’ Eu perguntava: ‘Aonde o senhor vai?’ E ele respondia: ‘Não te interessa!’ Todo dia era a mesma coisa.”

Chegamos às 2h30 no estacionamento da Globo. Das sete horas de trabalho, apenas dois minutos e meio entrarão no Profissão Repórter do dia 1º de novembro. Antes de nos despedirmos, Caco convida para conhecer seu escritório. Passamos por corredores e estúdios vazios e seguranças com cara de sono. Ele acende a luz. “Ali é o meu canto”, diz, apontando para uma mesa simples com um computador. Ficamos em silêncio.

Um mês depois, naquele mesmo local, uma TV suspensa na parede está ligada no canal CNN. As imagens mostram que o governo provisório do Egito, nomeado por uma junta militar, acaba de cair. Caco se lamenta – uma semana antes, um dos repórteres de sua equipe se encontrava no país africano. Ele também coloca a mão na perna: sofreu um estiramento e agora tem que fazer fisioterapia para “voltar aos gramados”. “A torcida está reclamando, as arquibancadas estão vazias”, brinca.

Naquele dia, Caco estava pronto para embarcar para os Estados Unidos, onde acompanharia as manifestações políticas em Nova York. E, no final de semana, assistiria ao jogo do Vasco contra o Fluminense. Sem descanso, repórteres, editores e produtores trabalham ao redor do chefe. O programa irá ao ar no dia seguinte. Porém, até quando Caco diz que “precisa resolver um pepino”, parece que não é nada grave. Esse clima “paz e amor” contagia o ambiente, tão plácido quanto naquela outra madrugada. Os ensinamentos dos amigos hippies de Caco não permaneceram apenas na dieta macrobiótica. “Eu era hippie e fazia o jornal da comunidade. Eu peguei um grupo de hippies intelectuais de fina estirpe, que liam aqueles autores todos da contracultura”, conta. Graças à educação informal, conheceu Nietzsche, Schopenhauer e outros filósofos. “Sorte isso também, né? Isso vem me ajudando a fazer uma trajetória focada.”

Na primeira vez em que foi chamado para trabalhar na Globo, nos anos 70, Caco Barcellos recusou a oferta. Achava que televisão não era a sua praia. No final da década, foi morar nos Estados Unidos para aprimorar o inglês e continuou escrevendo e vendendo seu material. Vivendo em Nova York, descobriu um grupo de documentaristas que fazia especiais para a TV e percebeu que seria viável fazer reportagens nesse formato. Ligou para o Brasil e perguntou se aquela vaga na Globo ainda estava aberta. A resposta foi positiva, mas sob uma condição: Caco seria testado. “Sabe como foi meu primeiro teste na Globo? Quebra-quebra no ABC com o Lula, PM lançando gás...”, ele recorda o dia em que foi defender a emissora pela primeira vez como uma espécie de estagiário de Ernesto Paglia, que já era repórter do canal. Caco logo estava na equipe carioca da primeira versão do Globo Repórter em que os repórteres de fato apareciam em frente às câmeras. Porém, ainda com gana de aventuras, deixou a rede e foi trabalhar na Editora Abril. Voltou para a Globo no meio da década de 80 e nunca mais saiu.

Ainda olhando para a TV, Caco comenta que adoraria ter visto de perto o linchamento do ex-líder líbio Gaddafi, não por motivos mórbidos, mas para “tentar entender a história”. Seu primeiro livro, A Revolução das Crianças (1982), é um relato da guerra civil na Nicarágua, quando os sandinistas tomaram o poder em 1979, destruindo a ditadura de Anastasio Somoza. Caco morava nos Estados Unidos e trabalhava como garçom em um restaurante irlandês. Quando a guerra apertou, juntou as economias, comprou uma passagem e voou para a Nicarágua. “Gostaria tanto de voltar para lá e ver onde está esse povo...”, diz, em um pequeno lamento.

“Eu adoro cartas. Sabe que guardo todas que recebo?”, ele muda de assunto, abrindo gavetas. São jornais anotados, missivas à mão, cartas de presos. “Eu tenho... sei lá, 80 páginas de repetição de palavras, cada maluquice. E cartas bonitas, pessoas que acompanham o trabalho. Isso dá um livro.” Nesse momento, Caco não possui nada programado para colocar nas livrarias. Tal como um Stanley Kubrick do jornalismo, publicou uma média de um livro a cada dez anos. Depois do relato da Nicarágua, veio Rota 66, em 1992, que causou furor ao relatar a ação dos matadores na Polícia Militar de São Paulo. “Quando pedi para virar correspondente, em Londres, logo depois do Rota 66, foi por isso”, diz. “Eu recebia tanta correspondência e telefonemas... ‘Caco, mataram o meu filho, pelo amor de Deus, vem aqui?’ E isso foi se avolumando. Eu queria atender às pessoas, mas virava refém. Você quer tirar isso da cabeça. Mas, ao mesmo tempo, me sentia culpado. As pessoas confiando em mim, e eu não poderia passar para um repórter que vai fazer a matéria a favor da Rota, por exemplo.” Onze anos depois, lançou Abusado, que narrava a vida na favela Santa Marta (RJ) e a trajetória do traficante Marcinho VP. “Acho um absurdo que a gente pare na proibição”, ele comenta a atual legislação sobre drogas no Brasil. “Ninguém ganha com isso. Tínhamos que pensar. O quê? Eu não sei.” Ele abaixa a cabeça e continua mostrando cartas.

“Me frustra muito, muito não ter tempo”, ele reflete sobre a morte e as limitações da vida – algo, aliás, que faz desde criança. “É uma coisa que me angustiava e me angustia até hoje. Quando perco um tio querido: perdi dois no ano passado. Caramba... E pessoas muito bacanas que têm câncer com 19 anos! Caramba...”, Caco parece imaginar a cena que acabou de descrever. “Eu tenho medo de câncer. Porque o câncer pode abreviar essa história. Eu me cuido muito, objetivamente, pensando nisso.” Vale lembrar que o repórter viu a morte de perto inúmeras vezes. A primeira lembrança é a de dissecar uma velhinha na aula de anatomia na faculdade. Como jornalista, a “estreia” foi em Porto Alegre: “Um tiroteio. Presídio. Vários tentando fugir e foram fuzilados na fuga. Vi tanto isso já... Putz”.

A redação está quieta, esvaziada, e o repórter veterano continua olhando fascinado para as cartas que recebe. Talvez esteja aí o porquê de Caco Barcellos ser considerado um dos grandes jornalistas do país. Ele sempre gostou de ouvir e contar histórias. E isso lhe basta. “Eu parava nos loucos, no centro de Porto Alegre, mendigo doidão, e ficava grudado nos caras, ouvindo”, ele relembra. “Chegava em casa e escrevia, escrevia. Uma mistura do que eu via com outras coisas. E isso tem a ver com o que faço hoje, né? Eu percebia que eu ficava assim, como uma paixão, apaixonado por uma mulher maravilhosa. Era apaixonado por um mendigo, pela história do mendigo. Aquilo me emocionava tanto quanto uma paixão amorosa. E escrevia e chorava... E ficava com uma felicidade incrível escrevendo.”

Antes de encerrar o expediente, ele circula, ainda animado, pelo escritório vazio. Sete bilhões de pessoas no mundo? Sete bilhões de histórias? No fundo, Caco Barcellos gostaria de dar conta de todas elas. “Para mim, é uma coisa maravilhosa”, diz. “Se pudesse repetir, repetiria 50 mil vezes. Isso também tem a ver com a morte... Vou lamentar muito perder a chance de ouvir essas histórias.” E então, ele fecha a porta.