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Agnes Nunes reflete sobre importância da música: 'Fiquei forte, amadureci de forma bizarra' [ENTREVISTA]

Em um papo com a Rolling Stone, Agnes Nunes relembrou primeiros passos da carreira, dificuldades da vida que transforma em músicas e mais

Redação Publicado em 22/10/2021, às 11h50

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Agnes Nunes (Foto:Reprodução/Instagram)
Agnes Nunes (Foto:Reprodução/Instagram)

Agnes Nunes foi a convidada da semana no canal de YouTube da Rolling Stone Brasil. Em entrevista com Ademir Correa, a cantora e compositora falou sobre os primeiros passos na carreira, crescimento pessoal e profissional pela internet, obstáculos da vida e como transforma as paixões e dificuldades em música.

Com os primeiros singles lançados em 2019, como "Segredo" e "100 por Hora," Nunes começou a chamar atenção com músicas lançadas no canal de YouTube dela, quando tinha 12 anos, após ganhar um teclado da mãe, quem notou o interesse da filha por música quando a via tocando piano imaginário no karaokê da casa delas. Na época, as duas moravam em Sousa, Paraíba.

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No entanto, quando ganhou o instrumento, a cantora não gostara muito da ideia, porque queria um celular na época. "Mal sabia eu como esse teclado se tornaria meu melhor amigo, e sempre será. Tudo que eu sei tocar, aprendo sozinha," afirmou. "Na época, não tínhamos muita condição, minha mãe tinha nem tempo. Chegava da escola e ia direto para o teclado, e às vezes até esquecia de fazer as lições da escola."

Como Agnes Nunes explicou na conversa com a Rolling Stone, a mãe sempre a encorajava a "usar meu cabelo black." Porém, ficava arrasada quando ouvia comentários racistas nas ruas: "Eu ia a pé para a escola e ouvia de tudo. As pessoas gritavam como iam raspar meu cabelo, para ver se nascia um bom, chamavam-me de tição, perguntavam se escondi ago dentro do meu cabelo. Coisas horríveis que uma criança negra, mulher, de 12 anos pode escutar."

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"Chegava em casa totalmente devastada. Muitas das vezes minha mãe não estava em casa. Ela sempre trabalhou muito porque é uma mãe solteira, como uma realidade de muitas," continuou. "Trabalhava bastante, aí quando eu chegava em casa, ela não estava. Ficava muito sozinha, mas achei companhia na música, sempre foi minha companheira em todos meus momentos."

Para lidar com o preconceito e a tristeza, Agnes Nunes ligava o karaokê na versão piano, e fingia tocar o instrumento. Além disso, durante a infância e começo de adolescência, a cantora aprendeu "a ter a música como trilha sonora da minha vida, porque em casa sempre teve música para comer, estudar, brincar. Tudo sempre foi regado de música." Ou seja, ela sempre teve ligação forte com essa arte.

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Após ganhar o teclado, Nunes começou a compor para começar a se amar: "Aprendi amor-próprio com o tempo. Fiquei muito forte, amadureci de uma forma bizarra. Imagina naquela época, tinha 12 anos e escutava coisas horríveis na rua. Quando chegava na escola, escutava mais coisas horríveis das crianças, as quais reproduziam comportamento de casa, dos pais."

"Fui aprendendo a me amar, na época não entendia a maldade no mundo, não entendia o motivo daquilo acontecer, 'por que eu?' Olho para trás e, talvez, se não tivesse passado por todos esses momentos doloridos e horríveis, não teria força para passar para outras meninas e meninos [por meio da música]. Considero-me uma pessoa tão forte, fico orgulhosa," adicionou.

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Na entrevista, Agnes Nunes também falou sobre processo de composição, conversa com Liniker sobre fazer música e planejamento do lançamento do primeiro disco de estúdio dela, o qual conta com os singles "Última Dança," "Cabelo Bagunçado" e "Vish" - todos disponíveis nas plataformas de streaming. Abaixo, veja a conversa na íntegra dividida em duas partes: