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Conheça Sofi Tukker, duo de eletrônica gringo que faz poesia brasileira em diversos ritmos [ENTREVISTA]

Responsáveis pelo Sofi Tukker, Tucker Halpern e Sophie Hawley-Weld lançaram o disco Wet Tennis como forma de escapismo da pandemia de covid-19

Tucker Halpern e Sophie Hawley-Weld formam Sofi Tukker (Foto: Elizabeth Miranda)
Tucker Halpern e Sophie Hawley-Weld formam Sofi Tukker (Foto: Elizabeth Miranda)

Sofi Tukker é um dos nomes da eletrônica mais interessantes da atualidade. Além de emplacar diversos hits e fazer um som único, com mistura de diversos gêneros musicais, o estadunidense Tucker Halpern e alemã Sophie Hawley-Weld fazem canções em português brasileiro. E as faixas na nossa língua conseguem ter sucesso pelo mundo: “Drinkee” conta com mais de 100 milhões de reproduções no Spotify.

Cada um do duo trilhou caminhos diferentes até se conhecer em 2014, durante uma apresentação na faculdade. Halpern deixara as quadras de basquete devido a uma doença no sistema imunológico, enquanto Hawley-Weld, quem morou no Rio de Janeiro por seis meses, investiu na paixão por música e estudava no ensino superior.

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Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Sofi Tukker contou sobre o início da carreira, motivo de cantar em português e o disco Wet Tennis, lançado em 29 de abril de 2022. A paixão pelo Brasil, contou Sophie, veio desde a infância, quando ouvia músicas do país - e se apaixonava cada vez mais. Os artistas brasileiros favoritos do duo vão desde novos nomes, como Vintage Culture, aos veteranos João Gilberto, Caetano Veloso, Vanessa da Mata, Maria Bethânia e Elis Regina.

“Depois, fui para escolas internacionais, continuei me dando muito bem com os brasileiros e eles me mostravam mais músicas,” afirmou a cantora. “Então, eu cantava em português, mas não fazia ideia do que dizia. Pensei: ‘Beleza, eu deveria aprender português.’ Pelo menos eu sei o que canto o tempo todo. Estudei música brasileira na faculdade. É a língua mais perfeita para música.”

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Em 2018, lançaram o primeiro disco de estúdio, intitulado Treehouse, e representou um ótimo início para a dupla. Em 2020, começaram a trabalhar no sucesso, mas a pandemia veio e atrasou os planos. Assim nasceu Wet Tennis, o qual traz um tema tropical para escapar da realidade sombria que a crise sanitária mundial trouxe.

A ideia para o álbum veio de forma natural, explicou Tucker Halpern, porque os dois faziam música não apenas para tocar ao vivo, mas para “curtir dentro de casa.” Algo que ajudou foi o fato dos dois terem uma ótima relação e morarem na mesma casa, na Flórida, Estados Unidos.

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Veja, abaixo, a entrevista completa da Rolling Stone Brasil com Sofi Tukker:

Tucker Halpern e Sophie Hawley-Weld formam Sofi Tukker (Foto: Elizabeth Miranda)
Tucker Halpern e Sophie Hawley-Weld formam Sofi Tukker (Foto: Elizabeth Miranda)

Rolling Stone Brasil: A música de vocês é bastante diferenciada, com diversas influências. Gostaria de saber se essa era uma proposta de vocês desde o início. E também fale um pouco sobre a origem do duo.
Tucker Halpern: Na verdade, essa era realmente a ideia original. Somos tão diferentes: Sophie tocava música acústica de bossa nova e jazz. Eu era um DJ de house music. Como nossas influências são tão diferentes e o que estávamos fazendo era tão diferente, a junção de diferentes gêneros e linguagens foi realmente a origem de toda a ideia.
Então, eu me sinto muito orgulhoso de como isso ainda seja o Sophie Tucker você conhece, porque sempre nos apegamos a isso.

Rolling Stone Brasil: Como funciona o processo criativo de vocês? Especialmente nas músicas em português.
Sophie Hawley-Weld: Com as [músicas] em português, geralmente é uma colaboração com o poeta brasileiro Chacal, um bom amigo e colaborador de longa data. Geralmente, como em Wet Tennis, por exemplo, há uma música chamada “Kakee.” Mandei uma mensagem para ele tipo: “Nós realmente precisamos escrever uma música sobre caquis. É minha fruta favorita. Ele disse: 'Beleza, pode deixar.”
Às vezes é assim, às vezes uso um poema que ele já escreveu. Em outras vezes é ainda mais colaborativo, e amo muito o som do português. É realmente minha língua favorita. E é tão divertido poder continuar minha relação com o Brasil e com o idioma, principalmente através de Sofi Tukker.

Rolling Stone Brasil: Como seus fãs fora do Brasil reagem às músicas em português?
Tucker Halpern: É uma das coisas mais legais. Nos primeiros países, tivemos muito sucesso com nossa primeira música “Drinkee,” toda em português. [Os principais] foram Itália e Turquia, dois lugares nos quais a língua principal não é o português brasileiro. Sempre foi algo que foi muito legal para vermos como a linguagem não importa necessariamente. É uma língua tão bonita. Isso soa tão bem na música.

Rolling Stone Brasil: Sophie, o que te fez querer cantar músicas em português, visto que nenhum dos dois são do Brasil?
Sophie Hawley-Weld: Para mim, eu realmente me apaixonei pela música brasileira quando criança, e por toda minha vida ouvi música brasileira. Depois, fui para escolas internacionais e continuei me dando muito bem com os brasileiros e eles me mostravam mais música. Eu cantava em português, mas não fazia ideia do que dizia. Pensei: ‘Beleza, eu deveria aprender português.’ Pelo menos eu sei o que canto o tempo todo.
Após aprender português, apaixonei-me cada vez mais. Aí morei no Brasil, no Rio, e me apaixonei ainda mais. Estudei música brasileira na faculdade. É a língua mais perfeita para música.
E sou tão apaixonada pela cultura. Sinto-me tão alinhada e conectada com a resiliência e com o Brasil em geral que parecia muito natural. Como se eu tivesse uma alma brasileira.

Rolling Stone Brasil: Como foi fazer o álbum? Visto que o processo passou pelos momentos antes e depois do isolamento social.
Sophie Hawley-Weld: Apesar dos pesares, foi ótimo. Foi tudo, eram tantas coisas diferentes. Estávamos em humores e lugares tão diferentes, enquanto o mundo estava distante ao longo de toda a experiência. O fato realmente legal nisso é como muitas das músicas que escrevemos simplesmente se manifestaram.
Não víamos pessoas há centenas de dias e estávamos apenas sonhando com um mundo no qual não estávamos necessariamente vivendo. Queria estar em Nova York. Em uma das músicas de Wet Tennis, falamos sobre um verão em Nova York que teríamos [mas foi cancelado pela pandemia]. Agora, realmente podemos ter um verão em Nova York, assim como essas coisas com as quais estávamos sonhando e escrevendo.

Rolling Stone Brasil: Quais foram os impactos trazidos pela pandemia? Como vocês contornaram esse problema?
Tucker Halpern: Uma coisa que mudou na música foi como não estávamos apenas fazendo música para turnê. Não sabíamos se poderíamos fazer shows novamente. Então, apenas fazíamos música com o propósito de curtir e ouvir em casa. Talvez algo não precise ser tão enérgico, pode ser um pouco mais vibrante ou algo assim.
Nosso relacionamento sempre evoluiu e temos sorte de morarmos juntos. Então conseguimos criar, crescer e evoluir de maneiras diferentes ao longo de toda a pandemia juntos, como banda e amigos. Como nós tocamos músicas todos os dias em transmissão ao vivo no Twitch e Instagram, criamos uma comunidade incrível ao nosso redor. Ficamos surpresos.

Rolling Stone Brasil: Fala um pouco mais sobre o conceito por trás de Wet Tennis, quais são seus significados?
Sophie Hawley-Weld: Wet Tennis é a sigla de “when everyone tries to evolve, nothing negative is safe” (“quando todos tentam evoluir, nada de negativo fica seguro,” na tradução livre). Isso é realmente inspirado pelos nossos fãs fiéis e essa comunidade que realmente escolheu permanecer positiva durante esse período.
Queríamos que o álbum dissesse isso, mas também não queríamos ser pregadores sobre isso. Também queríamos como tivesse essa camada de luz divertida.

Rolling Stone Brasil: Agora com as vacinas, como está a volta de vocês aos shows?
Tucker Halpern: Bem, é muito doido. Estamos prestes a entrar em turnê desde o início da pandemia. É emocionante, mas diferente. Você sabe, precisamos ter muito cuidado porque se algum de nós pegar covid-19, muitos shows são cancelados - além de muitas consequências.

Rolling Stone Brasil: Quais seus planos para o futuro? O que podemos esperar de Sofi Tukker?
Sophie Hawley-Weld: Por enquanto, ainda estamos no mundo de Wet Tennis. Acabamos de lançá-lo e estamos prestes a fazer a turnê mundial. Estamos sempre fazendo música, mas estamos realmente focados neste mundo que apenas nasceu agora. Então, estamos muito animados para fazer uma turnê pelo mundo agora.