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Foo Fighters: Fã paraguaio relata última semana de Taylor Hawkins no país

Intérprete (e fã) acompanhou o Foo Fighters durante última semana de vida do baterista Taylor Hawkins: "Sem saber, eu cliquei um dos últimos momentos felizes de toda a banda"

Redação Publicado em 09/04/2022, às 18h49 - Atualizado em 11/04/2022, às 10h19

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Foo Fighters e o intérprete Lucas Ovelar (ao centro) (Foto: Reprodução/Acervo pessoal)
Foo Fighters e o intérprete Lucas Ovelar (ao centro) (Foto: Reprodução/Acervo pessoal)

Um novo relato sobre os últimos dias de Taylor Hawkins apareceu, dessa vez de um professor paraguaio. Lucas Ovelar foi guia turístico e intérprete do Foo Fighters durante sua passagem pelo país nos dias 21 e 22 de março - poucos dias antes da morte de Hawkins, dia 25.

"A semana do dia 21 de março foi provavelmente a mais louca de toda a minha vida", começa o relato do intérprete. Fã da banda desde os 13 anos, ele foi escolhido para acompanhar o Foo Fighters durante sua passagem pelo país, quando os músicos tocariam no Asunsionico, o maior festival do país.

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Lucas acompanhou o Foo Fighters desde a chegada até a partida do país - o show, infelizmente, acabou sendo cancelado devido a uma tempestade, a mesma que causou um raio na aeronave de Miley Cyrus. Antes do embarque, o intérprete pediu uma foto com o grupo completo. "Sem saber, eu cliquei um dos últimos momentos felizes de toda a banda", diz o relato.

Foo Fighters e o intérprete Lucas Ovelar (centro) (Reprodução/Acervo pessoal)
Foo Fighters e o intérprete Lucas Ovelar (centro) (Reprodução/Acervo pessoal)

O Foo Fighters partiria para a Colômbia no dia 23 de março. Dia 25, o grupo tocaria no Festival Estéreo Picnic, em Bogotá, mas o show foi cancelado após a morte repentina do baterista Taylor Hawkins em seu quarto de hotel no dia 25.

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Confira abaixo o relato traduzido de Lucas Ovelar. No Consequence of Sound, o texto original e mais fotos:

"Olá, meu nome é Lucas. Eu sou professor no Paraguai, América do Sul, e a semana do dia 21 de março foi provavelmente a mais louca de toda a minha vida. Começou na segunda-feira, quando o Foo Fighters, minha banda favorita em todo o mundo, pousou em meu país pela primeira vez. 'The wheels were down', diria.

Imagine minha animação quando descobri que os poderosos Foo Fighters, a banda que foi trilha da minha vida desde minha adolescência, finalmente estava vindo ao meu país, a minha cidade natal. Para mim, era como se o Papa viesse à cidade.

Sou fã do Foo Fighters desde que eu tinha 13 anos de idade e toda minha adolescência foi consumida pela banda. Tanto que eu e minha namorada Ailyn os seguimos onde quer que eles tocassem na América do Sul, viajando para países próximos como Argentina e Brasil. A paixão que compartilhamos pelos Foo Fighters fortalece nossa união. Nossas viagens nos levaram a lugares tão inesperados quanto Colômbia e Chile, na América do Sul, e tão distantes quanto Espanha, Bélgica e França, na Europa.

As pessoas podem achar que somos loucos, mas o Foo Fighters traz apenas alegria e animação para nossas vidas. Tudo isso mudou com a pandemia, é claro; das coisas que mais sentimos falta, ver a banda tocando ao vivo estava no topo de nossa lista.

Após ser contratado por produtores locais para acompanhar a banda como intérprete e guia, eu cheguei ao hotel do Foo Fighters em Assunção, Paraguai, em 21 de março. Quando eles chegaram, cada membro da banda me cumprimentou, começando pelas backing vocals: Barbara, Samantha e Laura. Então o agente do grupo, seguido pela equipe e, finalmente, a banda: Rami, Pat, Chris, Nate, Dave e Taylor.

Taylor Hawkins e Lucas Ovelar (Reprodução/Acervo Pessoal)
Taylor Hawkins e Lucas Ovelar (Reprodução/Acervo Pessoal)

Naquela noite eles queriam experimentar a carne paraguaia, então fomos ao melhor restaurante na cidade. Eles gostaram da comuda e estavam super animados, falantes e muito fáceis de lidar. Era óbvio o quanto eles estavam ansiosos por tocar no dia seguinte. Eles foram para a cama aquela noite esperando apresentar-se no festivai no dia seguinte - mas ninguém poderia imaginar o que o destino preparara para nós.

Na terça-feira, o Foo Fighters seriam os headliners do festival mais importante do país, o Asunsionico. Devido à pandemia, o Paraguai não sediara um show grande desde 2019 e estávamos todos exalando ansiedade. A banda também estava pronta para tomar o palco como uma tempestade.

Infelizmente, a tempestade foi literal aquele dia. Enquanto o Foo Fighters se preparava para dirigir-se ao local da apresentação, um temporal alagou as ruas, deixando toda a cidade sobre a água. (Foi o mesmo temporal que causou o raio no avião de Miley Cyrus.) Por questões de segurança, o festival foi cancelado.

Naquela tarde, fãs do Foo Fighters se reuniram em frente ao hotel da banda e começaram a chamar seu nome. Entre os presentes estava a pequena Emma Sofía, que trouxera seu kit de bateria e começara a tocar músicas do Foo Fighters no meio da rua.

EM minutos, Taylor em pessoa estava do lado de fora do hotel, cumprimentando e primetendo voltar ao Paraguai quanto antes possível. Ele posou para fotos (incluindo com a pequena Emma), e então voltou a seu quarto.

No dia seguinte, o Foo Fighters embarcaria para a Colômbia para apresentar-se no Festival Estéreo Picnic, em Bogotá. Ainda chateados com a chuva da noite anterior, a banda estava visivelmente animada em continuar a turnê latino americana. Taylor, em particular, falava alegremente com o colega Pat Smear sobre a colaboração recente do Foo Fighters com Perry Farrell.

Minutos antes de seu embarque, os pedi uma fotografia e eles alegremente concordaram. Sem saber, eu cliquei um dos últimos momentos felizes de toda a banda.

Dois dias depois, em 25 de março, as más notícias chegaram: Taylor Hawlinks falecera em seu quarto de hotel em Bogotá. Eu fiquei em choque, devastado. Ainda estou.

Nos dizem para "nunca conhecer os ídolos", pois eles podem nos decepcionar. Isso não se aplicou a Tayklor Hawkins. Muito antes de conhecê-lo, eles teve um impacto monumental em minha vida. Ele foi a prova de que você pode ser um baterista f*da, um ótimo frontman, um ser humano incrível e tudo isso sendo humilde ao mesmo tempo. Ele é a razão pela qual eu comecei a tocar bateria em primeiro lugar, e me ensinou a apreciar outros ídolos do rock, como Roger Taylor, John "Bonzo" Bonham e Neil Peart. Todas estas qualidades e mais estavam aparente quando eu vivi uma experiência surreal, um conto de fadas rock'n'roll por dois dias ao lado de Hawkins e do Foo Fighters.

Como canta Dave Grohl, "it's time like these you learn to live again/ It’s times like these you give and give again/ It’s times like these you learn to love again/ It’s times like these time and time again.” Espero que a banda e que os outros fãs possam encontrar paz em seus corações nesses tempos unfortunos. Eu te amo, Oliver Taylor Hawkins, e sempre vou sentir falta de sua alma gentil."

Você pode seguir Lucas no Twitter em @lovelar23.