“PRECISAMOS DISSO”

O forte apelo de Sean Lennon relacionado aos Beatles e gerações futuras

Também músico, filho de John Lennon e Yoko Ono fez discurso breve, mas tocante, ao receber Grammy em nome da banda de seu pai

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 04/02/2025, às 11h45
Sean Lennon no Grammy 2025 - Foto: Amy Sussman / Getty Images
Sean Lennon no Grammy 2025 - Foto: Amy Sussman / Getty Images

Pela primeira vez desde 1997, os Beatles venceram um Grammy com material inédito. Na categoria Melhor Performance de Rock em 2025, Now and Then” — citada como a canção final do grupo — superou The Black Keys (“Beautiful People (Stay High)”), Green Day (“The American Dream Is Killing Me”), Idles (“Gift Horse”), Pearl Jam (“Dark Matter”) e St. Vincent (“Broken Man”).

A faixa também estava listada na disputa por Gravação do Ano (Record of the Year), colocando o Fab Four no páreo por uma das categorias principais do evento pela primeira vez desde 1971. Todavia, foi derrotada por “Not Like Us”, de Kendrick Lamar, em uma movimentação já aguardada nas previsões.

Paul McCartney e Ringo Starr, remanescentes do grupo inglês, não estiveram presentes na cerimônia de premiação, realizada no último domingo (2) em Los Angeles, nos Estados Unidos. Coube a Sean Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono, receber o troféu.

Também músico, Sean aproveitou a ocasião para fazer um discurso entusiasmado sobre os Beatles, em especial a respeito do legado futuro do grupo, encerrado em 1970. O artista de 49 anos destacou a importância de se continuar a mostrar a obra do Fab Four aos mais jovens.

Inicialmente, ele afirmou:

“Bem, já que ninguém vai aparecer para receber esse prêmio, pensei em vir e receber. Eu realmente não esperava receber um prêmio em nome da banda do meu pai, os Beatles. Mas é realmente incrível se você parar para pensar nisso: Os Beatles fizeram um trabalho incrível. Eles ainda estão na cultura e nas pessoas e ainda ouvem as músicas. E, na minha opinião, é a melhor banda de todos os tempos.”

Em seguida, um apelo para o público atual do grupo, visando a perpetuação da obra construída por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr:

“Toquem a música dos Beatles para seus filhos. Sinto que o mundo não pode se dar ao luxo de esquecer pessoas como os Beatles. Precisamos dessa música no mundo. Precisamos de paz e amor. E precisamos da magia dos anos 1960 para permanecermos vivos.”

Legado dos Beatles

Nos últimos anos, iniciativas diversas visaram a manutenção do legado dos Beatles. Álbuns como Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), The Beatles / White Album (1968), Abbey Road (1969) e Let It Be (1970) foram relançados, com direito a incluir novas mixagens e material inédito. Em 2021, a série documental The Beatles: Get Back chegou ao Disney+ e renovou o debate em torno da banda ao expandir os registros do filme The Beatles: Let It Be (1970). Já neste ano, a mesma plataforma disponibilizou Beatles ’64, a respeito do ano em que o quarteto estourou de vez nos Estados Unidos.

Beatles em 1964 - Foto: Fox Photos / Getty Images
Beatles em 1964 - Foto: Fox Photos / Getty Images

A mesma tecnologia que ajudou a melhorar antigas gravações usadas em The Beatles: Get Back serviu para auxiliar a realização de “Now and Then”. O cineasta Peter Jackson, responsável pela série documental, conseguiu extrair um registro vocal de John Lennon de uma fita e aprimorar a qualidade, pois o material apresentava ruído.

A composição inicial de “Now and Then” é de John Lennon e datada de 1977, quando a banda já não existia mais. Na década de 1990, os remanescentes Paul McCartney, George Harrison (falecido em 2001) e Ringo Starr tentaram desenvolvê-la junto de outras canções para o projeto Anthology, junto de “Free as a Bird” e “Real Love”. Estas duas foram finalizadas, mas por questões técnicas ligadas à qualidade sonora da gravação, a faixa conhecida apenas em 2023 foi deixada de lado.

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