Com produção de Dudu Borges, disco de Pedro Mariano explora misto de MPB, pop e samba - músico comentou processo em entrevista à Rolling Stone Brasil
Pedro Mariano lança Novo Capítulo nesta sexta, 20. Disco é o 12º trabalho de estúdio do músico e combina ritmos explorados ao longo da carreira, como MPB, pop e samba. Pandemia de covid-19 deixou marca no projeto, seja nas letras reflexivas - como no single "Bem Perto," ou nos desafios para gravação.
Dudu Borges - que trabalhou com grandes nomes do sertanejo, como Michel Teló e Luan Santana - assina a produção e composição de algumas faixas ao lado de Mariano. Segundo o cantor, atenção aos detalhes e tempo disponível pela reclusão foram essenciais para lapidar sonoridade do disco.
Filho de Elis Regina, Pedro também relembrou importância da mãe para aprender lições valiosas, como o foco no trabalho e respeito pela música de forma geral.
Confira entrevista exclusiva de Pedro Mariano sobre o disco Novo Capítulo à Rolling Stone Brasil:
Rolling Stone Brasil: “Bem Perto,” primeiro single do disco, fala sobre estar próximo. O distanciamento gerado pela pandemia influenciou seu processo criativo?
Pedro Mariano: Sem dúvida! A música foi composta, originalmente, em 2013 pelo Dan Torres e chegou em nossas mãos em 2020. Logo de cara o Dan me disse para ficar à vontade para "atualizar" a letra, por conta de a música ter sido escrita havia tanto tempo. Apesar da temática dela ter agradado de cara, o último trecho levava pra outro lugar, e o sentimento causado pela pandemia, de querer estar próximo de todos me fez querer mudar esse trecho e levar a música pra esse sentimento. E a leveza dela nos aproximou do clima "solar" do arranjo.
Quais foram os maiores desafios na composição do disco Novo Capítulo?
Acredito que a pandemia foi um dos maiores, sem dúvida. A incerteza de como o mundo estaria após essa loucura e a ausência de horizonte, sem um prazo foi angustiante. De certa forma isso também nos deu a chance de ir ao limite em todos os processos. A partir do momento que percebemos que não seria um cenário passageiro, esse tempo começou a contar a nosso favor. Aproveitamos todo o tempo que tivemos pra nos aprofundar em cada detalhe. Foi inédito pra mim, poder ter esse tempo todo pra executar cada fase.
Qual o sentimento ao lançar um projeto autoral pela primeira vez desde 2018?
Foi extremamente gratificante, principalmente olhando para o fato de ter me envolvido diretamente na composição de 6 das 11 músicas. Isso foi inédito, também. Devo isso ao Dudu Borges, que foi o maior incentivador e produziu o álbum de forma muito natural.
“Bem Perto” tem uma sonoridade repleta de elementos da MPB dos anos 2000. Artistas dessa geração foram inspirações para você?
Meu principal álbum foi lançado em 2000, Voz No Ouvido. Esse é, talvez, um dos maiores orgulhos que tenho: lançar um disco que é comentado até hoje e que é referência para tanta gente. Então me baseio muito nos meus trabalhos relevantes do meu passado.
Além disso, a faixa soa como um bom pop. Foi uma investida pensada no estilo ou ocorreu de forma natural?
Absolutamente natural. A vertente do pop é onde eu transito melhor, me sinto mais à vontade. Nasci no final da década de 70 e minha formação musical bebeu da fonte dos anos 80, onde o pop fez seu maior legado. Me considero pop, mas do meu jeito.
Quais artistas você ouviu durante a composição?
Estou sempre ouvindo algo, sempre tem algum som na minha cabeça, mas em nenhum momento isso se torna uma referência. O que mais gosto de fazer é ouvir o que a música tem pra nos dizer, e respeitar isso ao máximo. Depois sentamos e testamos caminhos.
Após tantos projetos, você considera a música de sua mãe, Elis Regina, uma influência durante a produção de um disco?
Ela sempre será um norte na minha vida pessoal e profissional. Represento um legado, acima de tudo. Manter o foco no trabalho, tratar a música com todo o respeito e me entregar da forma mais verdadeira são suas maiores influências.
Ouça Novo Capítulo:
