Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

A explosiva Madonna: é planejado, mas empolga

Madonna entrega o primeiro show paulistano da Sticky and Sweet, só mais um entre os quase 60 da turnê

Por Guilherme Ravache Publicado em 19/12/2008, às 09h02

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Madonna no primeiro show da turnê <i>Sticky & Sweet</i> em São Paulo (quinta-feira, 18 de dezembro de 2008) - Marcelo Rossi/Divulgação
Madonna no primeiro show da turnê <i>Sticky & Sweet</i> em São Paulo (quinta-feira, 18 de dezembro de 2008) - Marcelo Rossi/Divulgação

As vaias na platéia começam a se intensificar. Quase duas horas de atraso. No Estádio do Morumbi, na primeira apresentação da turnê "Sticky & Sweet" em São Paulo, 67 mil pessoas esperam Madonna aparecer. De repente, as luzes se apagam. "Tic-tac, tic-tac" murmuram as cantoras de apoio. É a senha. A platéia vibra, telões se acendem em cores brilhantes acompanhados por raios de luz. Agora o barulho das caixas de som é tão alto que faz o corpo tremer. Não restam dúvidas, Madonna está no palco.

Mas se há alguns anos ela era uma explosão fora de controle - a garota rejeitada, provocadora que disparava contra a Igreja Católica, lançava modas e simulava orgias no palco, hoje ela lembra mais uma daquelas explosões controladas para derrubar prédios. Tudo segue um plano, com pequenas cargas detonadas em pontos estratégicos e de forma coordenada para que se atinja o resultado esperado com segurança e menor esforço.

Às 21h55, ouvem-se os primeiros acordes de "Candy Shop", música que abre o show. "Olá, San Paolo", diz a cantora com seu sotaque carregado. A platéia vibra. A Rainha do Pop tem os súditos aos pés. E ela é protocolar. O público parece aos poucos se desapontar. Mas na quarta música, quando a antiga "Vogue" começa a tocar, a platéia se anima novamente. Madonna mostra o que tem de melhor: coreografias irretocáveis. Do ponto de vista do espetáculo, a cena é impecável.

A segunda parte do show começa com "Into the Groove". Vestida com um shortinho vermelho, a cantora faz pole dancing, pula corda (de salto alto) e corre por todos os cantos do palco puxando seus dançarinos. E canta. Ela já foi erótica, agora é aeróbica. Difícil não assistir às cenas com um sorriso no rosto. No palco está uma senhora de 50 anos que, instantes depois, simula uma masturbação com a guitarra enquanto toca "Borderline". Em "She's Not Me", faz uma ode a si mesma cercada por quatro dançarinas vestidas com roupas que representavam fases de Madonna. Uma delas, a noiva de "Like a Virgin", é beijada na boca pela cantora, que (meio sem prática) apalpa a bunda da dançarina e rouba a peruca de cachos loiros. Tudo ensaiado e repetido nos shows anteriores, mas funciona. O público adora.

Os intervalos são o ponto fraco. Enquanto Madonna troca de figurino e recupera o fôlego, os minutos parecem intermináveis. Na primeira pausa, uma luta de box entre dois dançarinos. Ocupar o espaço da Rainha do Pop é uma tarefa ingrata, mas o que dizer de dois dançarinos com quimonos japoneses andando como gueixas pelo palco?

Na terceira fase, o show entra em sua etapa mais teatral. Madonna surge coberta por um manto preto, em cima de um piano que gira no palco enquanto um anão toca o instrumento. Ela canta "Devil Wouldn`t Recognize You", deixando à mostra crucifixos e um colar rosa. O piano e o anão desaparecem para dar lugar a uma salada mista cultural. Danças flamencas, tango, e músicas ciganas ganham o palco.

E Madonna já não está protocolar, é simpática. "Brasil, eu te amo", diz em português. "Vocês estão se divertindo? Quero que cantem a próxima música comigo", diz em inglês antes de iniciar "Miles Away", puxando um coro de palmas. Ao ouvir o público gritar "I love you" ela responde: "I love you too". E quando "Isla Bonita" começa, o show ganha nova vida.

No momento "interativo" da apresentação Madonna pede a um fã que escolha uma música (também repetição do que acontece em outros shows). "O que você quer ouvir?", pergunta a cantora. Márcio, responde o fã. "Matcho?", pergunta a cantora confusa. No final, a pedido de Márcio Costa Velho, de 26 anos, ela cantou "Like a Virgin". Errou a letra e se justificou: "Sempre esqueço as letras das músicas velhas". Ãrrã.

Repetindo o que fez no Rio de Janeiro, vestida com a camisa 10 da seleção brasileira de futebol, Madonna encerrou o show com as músicas "Hung Up" e "Give It 2 Me". Na última, desceu na platéia da área vip e cercada por seguranças ofereceu o microfone ao público. De volta ao palco, a cantora encerrou a apresentação rolando pelo chão com seus dançarinos. Ofegante, suada e exausta, Madonna disse: "Thank you San Paolo". O telão volta a brilhar. Nele se lê: "Game over".