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A Orquestra de Joysticks

Mescla bizarra de jogos eletrônicos e música clássica, Video Games Live encerra turnê brasileira em show nesta quarta, 7, em São Paulo

Por Pablo Miyazawa Publicado em 06/10/2009, às 13h47

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O músico norte-americano Tommy Tallarico pode não ser tão conhecido quanto seu primo Steven, mas ele faz o que pode. Enquanto o parente mais famoso é a voz e a cara do Aerosmith há mais de 35 anos, Tommy resolveu investir a veia musical familiar em trilhas sonoras para jogos eletrônicos. Há alguns anos, após construir certa reputação na indústria de games, ele colocou em prática a ideia de misturar, em um único palco, suas duas paixões - a música clássica e os games. Nascia o Video Games Live , espetáculo que pode ser descrito como uma fusão inesperada entre trilhas de jogos e a sonoridade de uma orquestra sinfônica.

É este caráter esdrúxulo e inusitado que permeia o espetáculo que passa pelo quarto ano consecutivo no Brasil. "Gosto de descrever como uma combinação do poder e a emoção de uma orquestra com a energia e a excitação de um show de rock, adicionado a isso a interatividade, o visual de última geração, a tecnologia e a diversão que os games oferecem", explica Tallarico, misto de mentor, mestre de cerimônias do evento e militante da causa musical nas mídias interativas. Ao longo da semana, a turnê do Video Games Live passou por Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e se encerra nesta quarta, 7, em São Paulo, em um concerto no HSBC Brasil. "Melhoramos a qualidade e a tecnologia do show e refinamos o repertório, de modo a dar aos brasileiros exatamente o que eles vêm nos pedindo nesses anos", promete o host.

O que diferencia os shows dos anos anteriores deste apresentado agora?

Acho que o público já sabe o que esperar a esta altura. Eles sabem que tudo bem bater palmas e gritar durante a apresentação, mesmo que seja um espetáculo com uma orquestra sinfônica. Nós mesmos encorajamos as pessoas a se divertirem - não queremos que achem que só porque tem uma orquestra no palco é preciso ficar em silêncio.

Você vê os games como Guitar Hero e Rock Band como uma boa maneira de as pessoas prestarem atenção à música enquanto jogam? Ou acha que esses jogos causam uma impressão errada sobre o real propósito da música nos games?

Acho que são algo muito positivo, e o fantástico aumento de vendas de instrumentos musicais nos últimos dois anos são prova disso. Centenas de pessoas falam comigo após os shows e me dizem que, por causa de Guitar Hero e Rock Band, eles saíram e compraram uma guitarra ou um baixo para aprender as músicas pra valer. O Video Games Live também tem esse efeito nas pessoas. Recebemos quilos de e-mails após os espetáculos, de pais dizendo que seus filhos foram aos nossos shows e no dia seguinte pediram para fazer aulas de violino, porque queriam tocar as músicas de Halo e Final Fantasy. A música é poderosa, os videogames também. Juntos, estão causando um impacto cultural nas vidas de milhões.

E essa controvérsia sobre o Kurt Cobain em Guitar Hero 5?

Ambos os lados possuem opiniões legítimas. Apesar de ser fácil para o lado do artista reclamar que aquilo não é algo que Kurt teria aprovado, a realidade é que milhões de pessoas (e muitos jovens que nem eram exatamente fãs de Kurt) agora serão expostos a sua música e ao seu legado graças à natureza interativa do game. Então, consigo ver razão para os dois lados. Dito isso, preste atenção a quantos discos dos Beatles e do Van Halen serão vendidos daqui até o final do ano. Muito disso pode ser creditado a Rock Band e a Guitar Hero. A realidade é que a indústria dos games está ajudando a recuperar e salvar alguns segmentos da indústria musical... e a indústria musical está bem consciente disso. Eu mesmo venho tentando dizer isso a eles há duas décadas! [Risos]

Você é primo do Steven Tyler, do Aerosmith. O que ele achou da participação virtual dele no game Guitar Hero: Aerosmith? Ele gostou?

Ah, sim. Diferente da Courtney Love... ele adorou! [Risos] Ele me contou que, no início, a fabricante do game pretendia chamar outras pessoas para fazer as capturas de imagens para o jogo. Assim que Steven ouviu isso, falou: "Eu tenho interpretado o Steven Tyler a minha vida toda e ninguém faz isso melhor do que eu!". Então ele e a banda participaram eles mesmos das sessões de captura de imagem. Os personagens que você vê tocando no game são realmente ele e a banda fazendo o que fazem de melhor. O Aerosmith sempre esteve na crista da onda de coisas como essas, então fiquei bem feliz em ser o cara com quem a Activision conversou inicialmente para criar o primeiro Guitar Hero focado em uma banda.

Ainda há espaço no mercado para mais grandes games como The Beatles: Rock Band? Ou você acha que o gênero já chegou no limite?

Acho que há espaço ainda. Ainda precisamos do Led Zeppelin, do Pink Floyd etc. Mas a indústria precisa ter cuidado de não massacrar um único estilo. Vamos expandir a coisa além do rock. Você vê que algumas empresas já estão fazendo jogos como DJ Hero. Vamos fazer o Piano Hero também! Vamos colocar estilos como blues, clássico e jazz nessa mistura. Vamos fazer toda uma geração que talvez nunca se importou com games finalmente pegar um joystick. Eu sei que se existisse um game sobre o Elvis Presley dos anos 50, meu pai e minha mãe seriam os primeiros da fila a comprar! A Nintendo tem provado nos últimos anos, com o Wii, que muita gente está afim de jogar. Vamos tentar seguir essa mesma mentalidade nos games musicais também. Vamos expandir para música clássica ou outros instrumentos, como violinos, teclados, [instrumentos de] sopro etc. Acho que haverá muita gente interessada se você fornecer exatamente o que elas querem e gostam.

Video Games Live

São Paulo, 7 de outubro, às 20h30

Abertura:Banda Mega Driver

HSBC Brasil - Rua Bragança Paulista, 1281, Chácara Santo Antonio

R$ 80 (pista)

Informações: 11 4003-1212