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Apenas com canções da carreira solo, Thurston Moore faz show marcado pelo experimentalismo e distorção

Vocalista do Sonic Youth se apresentou em São Paulo nesta quinta, 12, com abertura de Kurt Vile and the Violators

Bruno Raphael Publicado em 13/04/2012, às 10h04 - Atualizado às 12h59

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Sem Kim Gordon ou Lee Ranaldo, Thurston Moore fez sua segunda apresentação solo no Brasil sem muitas surpresas. Passavam das 22h quando o músico Kurt Vile subiu ao palco com a banda dele, a Violators, para abrir o show do ex-vocalista do Sonic Youth. Ainda havia filas do lado de fora para compra de ingresso no Cine Joia, que recebeu um bom público na noite desta quinta, 12, mas que só viria a encher o local momentos antes da atração principal.

Em apresentação de pouco mais de 50 minutos, Vile mostrou ser um tímido guitar hero pós-grunge. O repertório, baseado majoritariamente em Smoke Ring for My Halo (2011), tem algumas mudanças ao vivo, como a interação, em "Society Is My Friend", entre três guitarras presentes no palco (em um grupo que dispensa o uso de baixo).

No início do show, a acústica do Joia não favoreceu a bateria e o vocal de Vile que, durante canções como "Jesus Fever" e "On Tour", teve suas (boas) letras tornadas ininteligíveis para o público. A partir de "Ghost Town", o som melhorou nitidamente e ótimos momentos voz e violão, como "Peeping Tomboy" e "Runner Ups", que estão em uma linha de influência entre Neil Young e Bruce Springsteen, dois ídolos do cantor de 32 anos.

Com 25 minutos de atraso, Moore subiu ao palco sem criar suspense, levando consigo uma série de papeis que colocou próximos ao microfone. Muito aplaudido, agradeceu e iniciou com "Orchard Street", música de seu disco solo mais recente, Demolished Thoughts (2011). Ao contrário do que se poderia esperar, a apresentação não se ateve ao clima etéreo de violões e violinos do disco, reproduzidos ao vivo por Samara Lubelski. Ao final da música, Moore entrou na tradicional onda de distorção e microfonia, ou seja, a mise-en-scène que sempre caracterizou parte dos shows do Sonic Youth. A cada violão esfregado contra um amplificador nas jams que encerravam cada música, o público se animava e aplaudia a performance.

Mas foi ao pegar a guitarra e deixar de lado seu último disco que o show registrou seus melhores momentos. "Essa música é sobre fumar maconha, ouvir discos de jazz e se apaixonar pela garota da contracapa", disse ele com um sorriso irônico, antes de apresentar "Never Day" em uma versão mais pesada do que a original. Viriam ainda "Mina Loy" e a inédita "Groovie & Linda", antes de uma boa versão de "It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It)", dos Rolling Stones, a única cantada por quase todos os presentes. Thurston se retirou após "Circulation" e empunhou novamente a guitarra para um bis com "See-Through Playmate" e "Pretty Bad", ambas extraídas de seu primeiro álbum solo dele, Psychic Hearts (1995).

Aplaudido ao sair do palco, Thurston mostrou que sua faceta independente não é tão animada quanto a que tinha em sua antiga banda, mas talvez isso seja necessário para sair do lugar comum em que o Sonic Youth se encontrava com seus últimos anos.