Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Red Hot Chili Peppers fecha noite em mais uma edição do lendário festival Austin City Limits; veja como foi

Estivemos na capital hipster dos Estados Unidos para acompanhar o evento, que foi marcado por muitas medidas de segurança contra o terrorismo e ainda mais música boa

Renata Borges, de Austin Publicado em 17/10/2017, às 17h28 - Atualizado às 21h12

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Red Hot Chili Peppers, The Killers e The XX no Austin City Limits - Roger Ho/Rob Loud
Red Hot Chili Peppers, The Killers e The XX no Austin City Limits - Roger Ho/Rob Loud

Já é uma tradição para os fãs de música que conseguem viajar para acompanhar os grandes festivais. A fervilhante capital texana, Austin, um oásis de cultura hipster dentro de um dos estados mais conservadores dos Estados Unidos, recebe em outubro, mês em que ainda registra altíssimas temperaturas, o Austin City Limits (ACL).

Segundo os locais, os 33-graus-na-sombra são mais do que usuais na cidade, aliás, eles foram considerado até um sinal de que o "friozinho" pós-verão norte-americano está finalmente chegando à cidade. Passando frio ou calor, 75 mil pessoas foram ver os headliners Jay-Z, na sexta-feira, 13, Red Hot Chili Peppers, no sábado, 14, e The Killers, no domingo, 15, quando chegou ao fim o segundo fim de semana do ACL.

O festival completa 16 anos em 2017 e recebeu gigantes da música não só nos palcos, mas também no tradicional programa de televisão da rede pública PBS, que completou 43 edições -- foi o programa que deu origem ao evento ao vivo. O lendário Willie Nelson deu o pontapé inicial ao programa de TV, em 1974, quando se apresentou com a banda Asleep at the Wheel. Essa é uma memória que o ACL não deixa morrer: o rosto de Nelson estampa pôsteres gigantes que são vistos em muitos dos 8 palcos espalhados pelo Zilker Park, que recebe o festival até hoje.

Sexta, 13

Na sexta-feira 13, não teve gato preto ou qualquer outra superstição que pudesse atrapalhar o ACL.

Sob um sol escaldante, o Foster the People se apresentou no palco principal pontualmente às 18h15. Como esperado, hits do primeiro álbum, como “Don't Stop” e “Pumped Up Kicks”, empolgaram mais do que os do novo álbum, Sacred Heart Club. O vocalista Mark Foster não ficou de muita conversa: “Não vou ficar falando muito porque só temos 1 hora. Só quero ressaltar o que está escrito aqui”, e apontou para a camiseta que estava usando durante boa parte do show, que dizia "foda-se o racismo" (Fuck Racism). Horas depois, no mesmo palco, Jay-Z apoiou a mensagem de Foster contra o racismo. No show que encerrou a noite de sexta, 13, o rapper homenageou o cantor do Linkin Park Chester Bennington, que morreu em julho deste ano. "Converse com os seus amigos, você nunca sabe pelo que eles estão passando", disse Jay-Z antes de cantar a parceria dele com a banda Numb/Encore.

A alguns metros dali acontecia o show do The xx, que deixou bem claro o quão lisonjeada a banda estava diante daqueles que deram preferência a assisti-los, em vez de prestigiar o headliner Jay-Z. “Posso começar dizendo que eu reconheço que vocês poderiam estar vendo o Jay-Z, mas estão aqui? Então, muito obrigado!”, disse Oliver Sim, vocalista e baixista da banda. Nas notas baixas de algumas músicas, como "I Dare You", dava pra escutar as batidas de outro show ao fundo, mas nada que atrapalhasse quem estava curtindo o xx.

Entre tantos nomes, na sexta, 13, também tiveram espaço Ryan Adams e seus incríveis solos de gaita e Solange, que quase perdeu a vez. Atrasada 40 minutos, devido a acontecimentos inesperados durante a viagem a Austin, quase que não deu tempo. O público foi avisado do atraso por uma mensagem no telão do palco em que ela faria o show e muitos desistiram, mas os que ficaram e esperaram foram recompensados lindamente pela voz sempre estonteante da cantora.

Como em todo festival, os DJs também tiveram seu espaço. Quando Martin Garrix tocou, por exemplo, fez muita gente que estava ali por perto só de passagem desistir de continuar se dirigindo para os outros palcos e ficar curtindo as batidas de "In the Name of Love", entre outros sons eletrônicos.

Sábado, 14/10

Mais um dia quente, mas agora uma data de fim de semana, então o Zilker Park foi tomado por famílias inteiras, que chegaram cedo. Pais e filhos puderam aproveitar o Austin Kiddie Limits, espaço dedicado a crianças com oficinas e workshops que ensinavam a tocar instrumentos musicais, além contar com um palco de pequeno porte para shows curtos. Mas a estrutura do ACL é tranquila o suficiente para que os pais se animassem de levar as crianças para os palcos grandes também. Archibald Jones trouxe o pequeno Sebastian, de 6 meses, e ficou vendo bandas com ele até depois de anoitecer. O bebê, que assistiu ao primeiro show da vida com apenas 2 meses e meio, estava estreando em festivais. Pai e filho curtiram muito a performance de Chance the Rapper, que subiu ao palco alguns minutos atrasado e em cima de uma moto. O rapper de Chicago levantou o público, principalmente quando cantou "Juke Jam", parceria com Justin Bieber e Towkio.

Com tantos shows bons acontecendo ao mesmo tempo, as migrações eram constantes. Mas os fãs de Red Hot Chili Peppers já montavam acampamento desde quando Ice Cube tocou no palco principal, às 18h. O baixista Flea se disse honrado em se apresentar no mesmo palco em que o ator e rapper havia estado horas antes. Os californianos tocaram vários clássicos, como "Californication", "Give it Away" e "Can't Stop", e ainda fizeram cover de "Higher Ground", de Stevie Wonder. O guitarrista Josh Klinghoffer lembrou Tom Petty, que morreu há menos de 1 mês: "Sentimos muito a sua falta, Tom Petty".

Também no sábado, 14, os australianos do Rüfüs du Sol agitaram o palco Homeaway com suas batidas eletrônicas. No mesmo horário, a sueca Tove Lo se apresentou e causou alvoroço ao tirar o top durante a música "Habits (Stay High)", com a ideia de defender direitos iguais para homens e mulheres.

Domingo, 15/10

O dia, que ameaçava ser frio e cinza, acabou sendo o mais agradável (não tão quente) e com direito a um pôr do sol que fez os fãs de The Head and The Heart ficarem com inveja da banda. Isso porque a banda, que fez um show bem morno no fim da tarde, estava com a melhor visão do parque, bem em frente a um sol laranja, especial para encerrar o último dia de ACL. O ponto alto do show deles foi o cover "Don't Dream It's Over", da banda australiana Crowded House.

Os headliners do domingo, 15, eram Gorillaz e The Killers, mas foi surpreendente ver com quem ambas as bandas competiam: Silent Disco. A atração, que também existiu nos outros dias e no mesmo horário dos shows principais, das 20h às 22h, era uma tenda com 3 DJs e milhares de fones de ouvido. As pessoas já formavam fila antes das 20h, pegavam seus fones e pronto, cada um curtia sua própria vibe. O fone permitia trocar de "estação" e escolher entre os 3 sets, além de permitir regular o volume. O que se via era uma infinidade de crianças e adolescentes cantando e dançando músicas dos mais variados estilos e gostos: de "YMCA" a "Smells like Teen Spirit", de "Thriller" a "Don't Stop Believing". Os mais velhos, em geral, preferiram os shows de verdade. Como já era esperado, o hit que encerrou a última noite de ACL 2017 foi "Mr. Brightside", do the Killers, que fez um show sem grandes novidades.

Outros que atraíram multidões no domingo, 15, foram o duo Louis the Child, a banda Run the Jewels, que começou o show com "We Are the Champions", do Queen, e o australiano Vance Joy, que começou só com voz e violão e depois anunciou sua banda que se juntou a ele para a segunda parte do show.

Conexão ACL-Brasil

Das mais de 100 bandas que se apresentaram no ACL 2017, várias já estão confirmadas para apresentações no Brasil em 2018: The Killers, Red Hot Chili Peppers (que esteve mês passado no Rock in Rio), Chance the Rapper, Milky Chance, Royal Blood, Spoon, Alison Wonderland, Louis the Child e o tão esperado Gorillaz. A paulistana Ana Paula Santos, que quis aproveitar bem o feriado e convenceu duas amigas a irem para Austin curtir o festival, veio especialmente para ver o Killers: "Duas semanas depois que eu comprei o ingresso para o ACL, eles anunciaram que vão tocar no Brasil no ano que vem. Mas tudo certo, vou comprar pra esse também".

Além da Ana Paula e suas amigas, foram vistos alguns outros sinais de presença brasileira no evento. No primeiro dia, a bandeira do país foi vista circulando e no domingo, 15, havia um fã andando com a camiseta da seleção brasileira, mas era só um norte-americano apaixonado pelo nosso futebol. Comum a todos mesmo foi o prazer de curtir um dos maiores festivais de música dos Estados Unidos e poder ver de perto algumas das maiores bandas da atualidade na incrível capital do Texas.

Acesso, segurança e sabores de Austin

O festival é conhecido por ter um público fiel, que vai uma vez e aí quer voltar sempre. Mas quem é novato encontra em Austin a melhor estrutura que poderia esperar. Nas 3 entradas que davam acesso ao parque, os "ACL Experts" direcionavam o público para as filas corretas e respondiam a todas as dúvidas. Segurança era a prioridade do festival. Mensagens nos telões e nos alto faltantes das entradas ressaltavam procedimentos e precauções a todo momento (os Estados Unidos não brincam em serviço neste departamento e o trauma deixado pelo atentado recente em Las Vegas, também durante um festival de música, intensificaram o medo). As filas para a revista de bolsas e mochilas, que tinham tamanho limite, eram longas e demoradas, mas necessárias.

Uma vez lá dentro, era possível experimentar alguns sabores de Austin, uma conhecida capital gastronômica: o típico sorvete Amy’s, costelas com barbecue, comida mexicana, pizza e hambúrguer, entre muitos outros. Todos muito cheios, porém com serviço bem rápido. Lixeiras para comportar resíduos orgânicos e recicláveis estavam por toda parte e, ao final de cada dia, via-se o parque bastante limpo, especialmente se considerando que o local recebia um público de quase 100 mil pessoas.

Abaixo, assista a registros exclusivos das apresentações de Red Hot Chili Peppers, The Black Angels, Spoon, Royal Blood e Rüfüs Du Sol, captados pela Red Bull TV.

Red Hot Chili Peppers - "Dani California"

Red Hot Chili Peppers - "Aeroplane"

Rüfüs Du Sol - "Until the Sun Needs to Rise"

Royal Blood - "Little Monster"

Spoon - "Inside Out"

The Black Angels - "You on the Run"