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Beatles Para as Novas Gerações

Game que homenageia a banda é experiência psicodélica feita para velhos e novos fãs

Por Pablo Miyazawa, de Los Angeles Publicado em 05/06/2009, às 17h53

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Estande do game <i>The Beatles: Rock Band</i> imitava a entrada dos estúdio Abbey Road, em Londres - Pablo Miyazawa
Estande do game <i>The Beatles: Rock Band</i> imitava a entrada dos estúdio Abbey Road, em Londres - Pablo Miyazawa

Nenhum game fez mais barulho e repercutiu tanto na E3, feira de games que terminou ontem em Los Angeles, do que The Beatles: Rock Band. O cartão de visitas não poderia ser mais arrojado: a presença de Paul McCartney, Ringo Starr, Yoko Ono (viúva de John Lennon), Olivia e Dhani Harrison (viúva e filho de George Harrison) na apresentação oficial do game, na segunda, 1 (saiba mais aqui).

Durante os três dias de E3, o estande dedicado ao jogo era um dos mais concorridos - as filas para as apresentações permaneciam inalteradas ao longo do dia. A vista, pelo menos, era interessante: uma réplica da fachada do estúdio londrino Abbey Road, onde os Beatles gravaram a maioria de seu repertório fonográfico. Lá dentro, os visitantes eram premiados com uma demonstração do game dada pelos produtores: seis pessoas posicionadas em um palco decorado com instrumentos iguais aos eternizados por Paul, John, Ringo e George, equipadas com os famigerados joysticks em forma de guitarra, baixo e bateria. Três dos integrantes da banda ficavam responsáveis somente pelos vocais. Com essa formação, o "Beatles cover" tocou "I Feel Fine", "Taxman" e "Octopus's Garden". Entre uma faixa e outra, a equipe entrava em detalhes sobre as várias variantes do jogo, que sai em 9 de setembro para os consoles Xbox 360, PlayStation 3 e Wii. O pacote completo acompanha um microfone, um joystick-bateria (réplica da Ludwig de Ringo) e um joystick-baixo (igual ao Hofner de Paul). No total, serão 45 músicas disponíveis (apenas 10 foram reveladas no evento), com a possibilidade futura de comprar as faixas dos discos completos da banda, via download, para utilizar no game. Confira abaixo:

Após a demonstração, era possível testar o jogo propriamente dito, em palcos equipados com consoles e telas de LCD. O estilo é idêntico ao dos games Rock Band anteriores - cada participante é o responsável por tocar seu instrumento de acordo com notas coloridas que surgem na tela. O jogo traz suporte para apenas uma guitarra por partida - ou seja, aquele que fizer o papel do vocalista não toca nenhum outro instrumento. Os outros vocais são responsáveis pelas harmonias complicadas que caracterizam o estilo beatle - aliás, é a primeira vez que um game do gênero possibilita três vozes simultâneas. Assista ao trailer oficial aqui.

Em produção desde meados de 2008, The Beatles: Rock Band pode ser considerado um dos mais bem guardados segredos da indústria de entretenimento. A criação se desenrola nos estúdios da Harmonix, em Cambridge (Massachussets), envolvendo mais de 300 pessoas e com a supervisão dos beatles sobreviventes, Yoko e Olivia. Dhani Harrison também fez o papel de consultor criativo, testando versões prévias dos games e dando feedback. Para manter a fidelidade ao material original, a empresa passou por um processo de imersão avançada: "Assistimos ao Anthology muitas vezes, um capítulo por dia, vimos todos os filmes e trabalhamos direto com a Apple Corps pra ter acesso a todos os arquivos", contou Josh Randall, diretor criativo da Harmonix, que se assume "mais beatlemaníaco" do que nunca, mesmo após mais de um ano mergulhado na história visual e sonora do quarteto de Liverpool. "Eu quase chorei quando vi Paul e Ringo no backstage [da apresentação], tipo, 'tem uma coisa no meu olho'. Aquele foi um momento mágico."

O game faz um passeio pela curta porém intensa carreira dos Beatles, dos shows no Cavern Club, em Liverpool, ao último registro ao vivo, no topo do prédio da Apple, em Londres, em 1969. Randall relembra que, dada a inexistência de imagens que retratem o grupo tocando em shows a partir de 1966 (ano em que desistiram de fazer turnês), a Harmonix se viu obrigada a criar do zero imagens - as chamadas "dream sequences" - que retratassem os músicos tocando certas músicas fora do ambiente de um palco. O resultado são cenas de alto conteúdo psicodélico, carregadas de cores e surrealismo ("I Am The Walrus" simula uma viagem de ácido; "Octopus's Garden" mostra Ringo cantando e tocando bateria no fundo do mar). "Jogamos essas músicas com amigos em 'clima de balada', e o resultado foi bem... interessante", ele desconversou. "As pessoas até perguntam se a gente estava chapado quando criou essas cenas, mas não fizemos nada, era o meio de um dia de trabalho! No máximo, estávamos chapados de cafeína!"