Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Com Wagner Moura, Praia do Futuro expõe relações humanas em uma história de reinvenção

Stella Rodrigues Publicado em 14/05/2014, às 08h34 - Atualizado às 11h47

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
<b>Humanos</b> Clemens Schick, Wagner Moura e Jesuíta Barbosa: homens em conflito
 - alexandre ermel/divulgação
<b>Humanos</b> Clemens Schick, Wagner Moura e Jesuíta Barbosa: homens em conflito - alexandre ermel/divulgação

Karim Aïnouz (O Céu de Suely, O Abismo Prateado) passou os últimos anos explorando a alma feminina em sua filmografia. Agora, consagrado como um dos cineastas mais sensíveis da atualidade, ele se propõe a fazer um “melodrama masculino” em Praia do Futuro, que estreia no começo de maio. O salva-vidas Donato (Wagner Moura), apelidado carinhosamente de Aquaman pelo irmãozinho Ayrton (Savio Ygor Ramos/Jesuíta Barbosa) finalmente perde para o mar quando tenta resgatar dois turistas alemães. Somente Konrad (Clemens Schick) sobrevive e, em seguida, os dois começam um relacionamento que resulta no protagonista trocando, sem olhar para trás, a praia cearense que dá nome ao longa por uma gélida Berlim.

Galeria: dez papeis de Wagner Moura no cinema.

Após uma atuação tocante, Moura se incomoda com uma frequente análise rasa que coloca o filme na caixinha da “história de amor gay”. Em três atos, Praia do Futuro toca profundamente em questões de identidade, escapismo e reinvenção. “Não é filme de casalzinho”, define. Ou, como diria o Aïnouz, “o exílio do personagem tem a ver com o fato de ele ser homossexual, mas não é só isso”.

Entrevista: Wagner Moura aproveita a estreia internacional em Elysium para explorar novas experiências artísticas.

“Karim gosta de falar que é um filme sobre coragem, mas pra falar disso precisa falar de medo”, explica Moura. “O Donato, especificamente, foi muito covarde, teve que apagar o passado e as relações todas, rompeu com a família.” Para ele, pode-se resumir o filme como uma história sobre “a possibilidade que existe de você se reinventar longe do olhar do outro, do qual somos um pouco reféns”.

Ganância, amizade e a busca pelo ouro moldam o novo filme de Heitor Dhalia, Serra Pelada, com Wagner Moura no elenco.

Um filme muito mais de ações e sequências longas de imagens do que de diálogos, Praia do Futuro trouxe um novo conjunto de desafios a Wagner Moura. Mas as dificuldades nada têm a ver com as tão comentadas cenas de nudez e sexo. “Donato é um personagem muito complexo, silencioso. Fiquei muito tempo empacado tentando entender o que ele fez”, diz o ator, se referindo ao fato de o personagem abandonar o irmão. “Cheguei a uma conclusão bonita: não existe uma explicação, e só um personagem complexo traz isso.”

“É um filme muito político”, diz Wagner Moura sobre a estreia internacional em Elysium.

Um destaque de Praia do Futuro é a presença da música “Heroes”, de David Bowie, nos créditos de encerramento. A quantidade de relações poéticas e literais que se pode fazer da história de Donato com a canção faz dela tanto a escolha mais óbvia quanto a única possível para encerrar a história. “A música me foi muito útil para encontrar o tom do filme. É melancólica, mas rock and roll”, explica Moura. “O problema é que não funcionava em nenhuma cena, parecia videoclipe”, complementa Aïnouz. “Na cena final ficou literal demais, mas queria que as pessoas saíssem dali com ela na cabeça. Foi uma loucura colocar só nos créditos, porque foi caro!”