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Bring Me The Horizon não é mais heavy metal e é preciso aceitar isso

Grupo inglês transformou seu som em algo eletrônico e pop e, embora os fãs radicais torçam o nariz, encontraram o topo

Yolanda Reis Publicado em 29/03/2019, às 14h06

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Banda Bring Me The Horizon (Foto: Divulgação)
Banda Bring Me The Horizon (Foto: Divulgação)

“Tenho medo que você não me ame mais porque um cara no Instagram, usando uma camiseta do Black Dahlia disse ‘isso não é heavy metal”, escreveu Oliver Sykes em “Heavy Metal”. A faixa é a 12ª de amo(escrito em português, mesmo, em letras minúsculas), novo disco de estúdio do Bring Me The Horizon, de janeiro de 2019.

E, de fato, muita gente deixou de amar a banda nos últimos tempos. Porque o Bring Me The Horizon que elas conheciam não é mais aquele. Não, eles não são mais um grupo de heavy metal. É eletrônico, é melodioso, é pop. Não metal. Mas, calma, está tudo bem.

Faz um tempinho que a banda dava indícios de que esse seria o caminho a ser tomado. Nesse percurso, se afastaram do estilo pesadão e caminharam em direção a um ambiente sonoro mais mainstream e radiofônico. Em That's The Spirit, de 2015, por exemplo, Sykes já não gritava tanto quanto era ouvido em Count Your Blessing, primeiro álbum do BMTH, que o consagrou como metal.

Mesmo ali, naquele disco de 2015, alguns fãs mais antigos já demonstravam desconforto com as opções estéticas dos ingleses.

É claro, o desagrado com That's The Spiritnão foi nada se comparado com a revolta causada por amo. Para muitos, as batidas à la Bjork do novo disco foram a gota d’água. O estilo passou bem longe do peso do heavy metal dos primeiros anos da banda e da pegada roqueira do álbum de 2015.

Comamo, os músicos surpreenderam ao apostar nas batidas descaradamente eletrônicas. “Implementamos novos elementos em nosso som. Dessa vez, trabalhamos mais com as melodias, usamos batidas eletrônicas, sintetizadores e efeitos. Essa evolução tem a ver com o caminho que estávamos seguido. Quem nos acompanha já esperava por isso”, disse Matt Nicholls, baterista da banda, à Rolling Stone Brasil.

Para Sykes e companhia, contudo, a mudança faz sentido e tem relação com a evolução dos rapazes. “Essa mudança não foi uma coisa intencional, sabe? Não sentamos todos em uma mesa na sala do estúdio e falamos: ‘Ok, agora vamos fazer um álbum diferente’. Foi uma evolução natural do que vínhamos fazendo. É um reflexo de nossas influências. Do que ouvimos”, explicou o baterista.

“Nós escrevemos [Count Your Blessings] aos 18 anos, e as pessoas mudam. Temos orgulho da música e da nossa história, mas não queremos fazer o mesmo tipo de som. Nós simplesmente somos outras pessoas agora. Não colocamos fronteiras no que queremos fazer. Não fomos feitos para um tipo de música, não somos caras do rock, ou caras do metal. Gostamos do que gostamos”, acrescentou Nicholls ao Omelete.

Durante os 13 anos de existência da banda, os integrantes mudaram e evoluíram. Vieram os casamentos, o crescimento, os gostos diferentes. “Nós queríamos ser uma banda de metal, por isso escrevíamos aquelas músicas. Mas, quando crescemos, começamos a experimentar outras influências que tínhamos”, disse o baterista ao WikiMetal.

As novas vivências dos integrantes se refletiram nos novos trabalhos, como costuma acontecer. As músicas que Oliver escreveu para amoforam feitas por um cara de 30 e poucos anos que já é casado, não um adolescente revoltado com os pais. Para ele, nada foi mais verdadeiro no momento do que escrever sobre sua esposa, Alissa Salls.

Na onda da fase apaixonada, o letrista escreveu "Mother Tongue", primeiro single do álbum. A música fala sobre amor. É uma declaração melosa e melódica. E uma prévia da mudança que viria.

"Provavelmente é a música mais explosiva, mais direta sobre amor que já escrevemos. Foi uma das mais fáceis de escrever porque era sobre algo positivo. É sobre quando eu conheci minha esposa, e ela é do Brasil. E fala sobre essas experiências que não saem da minha cabeça. Então, realmente, foi uma das mais fáceis de criar", explicou o vocalista para o Beats 1 DJ.

Mas na verdade, longe de ser negativa, a mudança de estilos pode vir a ser um grande avanço para a banda. Para começar, amo foi o único álbum que trouxe o Bring Me The Horizon para o topo das paradas do Reino Unido. Isso se deve muito ao fato de que, misturando estilos, misturam-se fãs. O BMTH foi capaz de criar uma base maior ao agradar mais de um tipo de ouvido. E as vendas decolaram com isso.

Além disso, novas oportunidades surgiram a partir de amo. A banda, conhecida pelo heavy metal, vem ao Brasil para tocar no Lollapalooza de 2019. E, convenhamos, não há lá muitas bandas tocando o estilo no Lolla. “Esse tipo de coisa é o que te faz permanecer jovem. Fazer coisas novas, é isso que nos mantem relevante”, disse Matt sobre tocar para plateias diferentes das que estão acostumadas, novamente para o Omelete.

Bring Me The Horizon não é mais metal e criou um encontro interessante com o eletrônico, incluindo arranjos curiosos nas guitarras e na voz do último projeto. Eles estão felizes com o que estão tocando. A banda não quer, e não vai, fazer heavy metal.  "Não fazemos um álbum preocupados com o que as pessoas vão pensar. Não é a nossa razão”, concluiu o baterista à Rolling Stone Brasil.