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Cannes 2013: elenco é o trunfo de Stephen Frears em Muhammad Ali's Greatest Fight

O filme produzido para a TV pela HBO acerta ao não ter ninguém escalado para o papel do maior lutador de todos os tempos

Maria Fernanda Menezes, de Cannes Publicado em 23/05/2013, às 09h16 - Atualizado às 13h39

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Muhammad Ali's Greatest Fight - Divulgação
Muhammad Ali's Greatest Fight - Divulgação

Em um dos capítulos mais notórios da história norte-americana e mundial, Cassius Clay, o maior de todos os lutadores no boxe, se converteu ao islamismo, adotou o nome Muhammad Ali e se negou a ir à Guerra do Vietnã, desertando dos Estados Unidos em rede nacional de TV e alegando motivos religiosos para isso.

Em uma sessão especial em Cannes, Muhammad Ali's Greatest Fight, dirigido por Stephen Frears (A Rainha, Alta Fidelidade) e produzido pela HBO (que também tem na conta o provável último filme de Steven Soderbergh, Behind the Candelabra, em competição no festival) ofereceu bem mais do que a média da categoria "telefilme" apresenta. Ele mostrou aos espectadores os bastidores da Suprema Corte da Justiça norte-americana e os fatos que sucederam a revogação do título mundial de Ali, em 1967, acompanhada pela cassação de sua licença para lutar, pagamento de multa e condenação a cinco anos de prisão.

Frears foca a ação nos dias em que o processo de Ali reaparece para votação na Suprema Corte, após um hiato de quatro anos durante o qual o lutador perdeu quase todo o dinheiro, mas manteve o respeito e carisma ao tentar convencer de todas as formas a opinião pública de que estava certo em sua decisão. Essa é a pauta de discussão entre os nove juízes da Casa, interpretados por atores em grande forma – entre eles Frank Langella, Christopher Plummer, Danny Glover e Barry Levinson.

Com roteiro de Shawn Slovo, o filme está sob o arco das questões políticas da época, como as polêmicas com Nixon, a luta contra o racismo e as passeatas contra a guerra. Kevin Kennedy (Benjamin Walker, de Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros) é o assistente recém-contratado do juiz Harlan (Plummer), e centro da trama. É com ele que o espectador passeia pelas salas de carvalho escuro do Palácio da Justiça e passa a entender as confabulações, lobbies e estudos que um processo nesse estágio envolve.

Curiosamente, Muhammad Ali aparece somente em imagens de arquivo – decisão bastante certa – para pontuar da melhor forma o sentimento que defendia. Um sentimento que deu tanto trabalho à Corte para fazer justiça a ele, que foi imbatível como herói de gerações e uma das figuras mais ímpares de nosso tempo.