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Clássicos das rádios, Hall e Oates fazem primeiro show no Brasil: "Vamos mostrar mais do que só os hits"

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, John Oates reflete sobre a carreira ao lado de Daryl Hall, 40 milhões de discos vendidos, sucesso radiofônico e memória afetiva dos fãs

Pedro Antunes Publicado em 09/06/2019, às 18h00

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Daryl Hall e John Oates (Foto: Stuart Berg / Divulgação)
Daryl Hall e John Oates (Foto: Stuart Berg / Divulgação)

John Oates sabe: de algumas canções não há como fugir. "You Make My Dreams", "I Can't Go for That (No Can Do)", "Maneater" e "Rich Girls" são algumas delas. Ele carrega, ao lado de Daryl Hall, o peso de 40 milhões de discos vendidos e passaram a ser a trilha sonora da memória afetiva de pessoas ao redor do mundo.

Como seguir uma carreira e satisfazer a criatividade artística ao mesmo tempo, quando atingiu tanto sucesso nas rádios ao longo dos anos?

É essa e outras questões que o senhor Oates se dispõe a responder para a Rolling Stone Brasil quando atende à ligação em sua casa, em Nashville, nos Estados Unidos. Estrelas de um movimento que unia o rock ao R&B e o soul, em um movimento musical definido como de blue-eyed soul (algo como "soul de olhos azuis", em contraposição à origem do gênero), Hall & Oates estiveram em alta rotação nas rádios desde os anos 1980.

Hoje, contudo, em vez do horário nobre, são mais tocados nas programações da madrugada, em programas de nostalgia ou românticos.

Ter uma estética sonora tão característica de uma geração é uma bênção e uma maldição. Serão eternamente lembrados por seus sucessos, mas talvez não obtenham o mesmo sucesso com as novas criações dentro do mundo da música moderna.

Oates está satisfeito com a forma como sua dupla com Daryl Hall sobrevive atualmente. Cada um tem seus projetos próprios e, ano após ano, se encontram para alguns shows (fazem juntos de 30 a 40 apresentações por ano).

Nesta terça-feira, 11, Hall & Oates se apresentam pela primeira vez no Brasil. Será um show único por aqui, realizado em São Paulo, no Espaço das Américas. O preço dos ingressos varia de R$ 115 (referente a meia entrada na pista) a R$ 420 (pista premium e mezanino). Para comprar, clique aqui

"Vamos mostrar mais do que só os hits", adianta Oates. Confira, a seguir, a entrevista com o artista de 71 anos: 

Rolling Stone Brasil: Senhor Oates, bom dia. Posso perguntar de onde está falando?
John Oates: Estou em Nashville, no Tennessee. Venho para cá desde os anos 1990 e passei a viver aqui desde os anos 2000.

RS: É interessante pensar que apesar da história longa de vocês, Hall & Oates ainda experimentam novidades. Nesse caso, vão fazer os primeiros shows na América do Sul, inclusive no Brasil.
JO: É um pouco difícil de acreditar que nunca tocamos aí. É meio maluco até. Não sei dizer porque isso não aconteceu antes, mas estou realmente ansioso para fazer isso pela primeira vez.

RS: Suponho que isso dê um sentimento de novidade para vocês. Estou certo?
JO: Fazemos turnês há muito tempo, são longas jornadas, e não existem mais tantos lugares nos quais não tocamos. É incrível ir para um lugar pela primeira vez. Você não sabe o que esperar, pode experienciar uma nova cultura, novas pessoas e faz novos amigos. Viver a vida é isso. Estou realmente ansioso.

RS: Procurei pelos roteiros dos shows mais recentes de vocês e eles parecem bastante consistentes, criado para evitar que as pessoas se desapontem porque não ouviram suas músicas favoritas.
JO: Vamos tocar aí um set bastante similar ao que já fazemos. Tivemos grandes discos, muitos hits, e muito dos nossos fãs nos conhecem pelos maiores sucessos, então tocamos essas canções que os fãs querem ouvir, mas também surpresas e outras músicas menos conhecidas dos nossos discos, músicas que talvez até fossem mais conhecidas se não fossem os hits e que gostamos de tocá-las ao vivo. Quero que as pessoas entendam que somos mais do que só os grandes sucessos.

RS: E o que alimenta vocês criativamente nessa fase atual do Hall & Oates?
JO: Nós não estamos juntos o tempo todo. Fazemos outras coisas sozinhos. E quando nos juntamos, sempre tudo parece fresco e inédito. Eu, por exemplo, estou produzindo dois artistas diferentes, estou escrevendo músicas com outras pessoas.

RS: Mas como isso funciona no palco?
JO: Não cansamos dos hits porque a gente os reinventa. Fazemos de forma diferente. As músicas não soam exatamente iguais, criamos uma forma de fazer as canções antigas soarem mais novas e excitantes. O público vai reconhecê-las, porque ainda é familiar, mas não é a mesma coisa do que as pessoas ouvem nos discos.

RS: As pessoas criaram memórias e histórias das vidas delas acompanhadas das suas músicas. Você sente, no palco, o compromisso com as histórias dessas pessoas?
JO: Isso é muito importante para nós. Cada canção é percebida de forma diferente entre as pessoas. O que nós tentamos fazer é tocá-las da melhor forma possível para dar essa experiência às pessoas. Não tocamos porque nos sentimos obrigados a isso, nós somos orgulhosos da nossa história e da nossa colaboração.

RS: Deve ser interessante ser trilha sonora da vida de tanta gente.
JO: Ao longo dos anos recebemos muitas cartas das pessoas que diziam que nossa música ajudou a mudar a vida delas, que as acompanhou em um momento de tristeza, depressão, outras coisas ruins. Sabe, histórias de pessoas que perderam alguém querido e nós estivemos lá, com a nossa música, ajudando eles. Quando se é um compositor, ser capaz de tocar alguém de forma tão profunda é o maior objetivo.

RS: Li uma entrevista de 1985, na Rolling Stone norte-americana, na qual vocês foram chamados de "o maior duo da música pop". Consegue lembrar de como foi esse momento da vida de vocês?
JO: Eu realmente acho que estar naquela posição não afetou a gente. É claro, é ótimo ouvir isso, mas não é algo que importa para mim ou para Daryl. Quero dizer, é claro que é ótimo saber que as pessoas gostam de você e ganhar prêmios. É muito melhor ouvir alguém elogiando você do que falando coisas negativas, né? (Risos)

RS: Permita-me perguntar sobre sua carreira solo rapidamente: ouvi seu último disco, chamado Arkansas (2018), e ele me pareceu uma viagem pela sua herança musical. Como esse disco aconteceu, o que levou você por esse caminho e prestar uma homenagem à música que cirou quem você é hoje?
JO: São músicas dentro de um gênero que eu tocava antes de conhecer Daryl Hall. Era algo que eu fazia antes de tudo. Ao morar em Nashville e estar cercado dessas pessoas com as mesmas raízes musicais fez com que eu voltasse a redescobrir um formato de música que sempre foi muito importante para mim.

RS: Mas é interessante mostrar para quem conhece o seu trabalho ao lado de Daryl Hall quais são suas influências e de onde vem a sua sonoriade.
JO: Sim. O que eu faço com Daryl foi algo que criamos juntos. Combinamos as minhas influências e as deles e criamos algo completamente novo. Quando estou sozinho em Nashville, eu não preciso fazer qualquer coisa que soe como Hall and Oates. Então, tudo isso gira em torno de eu me descobrir, explorar novas possibilidades. Quando volto a tocar com Daryl, também fico animado, mas é importante fazer outras coisas também.

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