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Como Born This Way, de Lady Gaga, ajudou vozes LGBTQ+ no processo de aceitação? [ENTREVISTA]

No aniversário de 10 anos de Born This Way, Gloria Groove, Urias, Lia Clark e Assucena Assucena comentam o impacto da obra de Lady Gaga em suas vidas

Marina Sakai (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 23/05/2021, às 12h00

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Lady Gaga na premiere de Nasce Uma Estrela (2018) (Foto: Neilson Barnard / Getty Images)
Lady Gaga na premiere de Nasce Uma Estrela (2018) (Foto: Neilson Barnard / Getty Images)

“Eu sou bonita como sou, nasci desse jeito.” Para Assucena Assucena, do trio de MPB As Baías, frases como essas são muito representativas da última década. Muito disso pode ser creditado à Lady Gaga e ao disco Born This Way (2011), o qual completa 10 anos neste domingo, 23 de maio. O trabalho foi um marco para os jovens da época — e mais ainda para a comunidade LGBTQ+ do mundo todo.

A situação das pessoas LGBTQ+ no Brasil é bastante complicada. A homofobia e a transfobia foram criminalizadas apenas em junho de 2019. Apesar disso, uma pessoa da comunidade é agredida a cada hora, como revelaram dados abrangendo de 2015 a 2017, de uma pesquisa do Sistema Único de Saúde (SUS). 

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"Não se esconda atrás de arrependimentos / Apenas ame a si mesma e você estará bem / Estou no caminho certo, querido / Nasci assim." Este é o refrão da música homônima ao disco. Letras como estas serviram de escudo para as inseguranças da comunidade. Nas palavras de Assucena, é um manifesto de questionamento ao padrão de beleza e à normatividade, a “dissolução desses valores.”

A drag queenGloria Groove compartilha o sentimento. Antes de se tornar uma das maiores vozes do rap brasileiro — dona de hits como “Coisa Boa” e “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim,” com Manu Gavassi —, Daniel Garcia era um little monster. Tinha 16 anos quando foi ao Estádio do Morumbi, em São Paulo, e sentiu a emoção de estar na presença de Gaga. A Born This Way Ball foi a primeira (e única) vez que a Mother Monster veio ao Brasil.

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Garcia acompanhava Gaga desde o primeiro disco, The Fame Monster (2008), como contou à Rolling Stone Brasil. “Lembro de chorar assistindo-a anunciar o nome do disco [Born This Way] e cantando um trecho da música no MTV Movie Awards.” Naquele momento, sentiu-se abraçado e incluído, esse era o poder da mensagem.

Para Gloria Groove, a energia “roqueira-motociclista-cristã-glam,” a irreverência, ousadia e força da cantora são completamente fascinantes. Também descreveu a época como a era de ouro de Gaga: “Este será para sempre um dos grandes discos que marcaram a minha vida.”

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Outra cantora, compositora e drag queen,Lia Clark contou sobre estar na fila do show e o sentimento de comunidade entre os fãs. "Os little monsters todos fantasiados, de salto alto, perucas e garras para cima," lembrou Clark. Mas, além de tudo, a obra a fez entender como pertencia ao mundo. “Não somos minoria, lotamos um estádio para ver essa mulher.”

Clark também ressaltou a importância de como “Born This Way” foi uma das primeiras músicas a falar de pessoas trans abertamente no pop — "Não importa se você é gay, hétero ou bi / Lésbica, transgênero / Estou no caminho certo, querido / Eu nasci para sobreviver". “Foi completamente libertador, um marco para toda a geração, fico muito feliz de ter feito parte e visto tudo ao vivo.”

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Urias — dos hits “Diaba” e “Ouro,” com Pabllo Vittar — revelou como a influência de Gaga em sua vida foi além de Born This Way. A Mother Monster lhe apresentou novos jeitos de fazer música e Urias começou, inclusive, a escutar bandas de heavy metal indicadas pela ídola. No dia do lançamento do disco, compartilhou fones de ouvido com o vizinho e “se arrepiaram com os gritos da Gaga em ‘Bloody Mary.’ Mudou a minha vida.”

Born This Way estreou no primeiro lugar do Billboard 200, e vendeu mais de um milhão de cópias na primeira semana. Essa era a diferença. Uma artista chegou ao topo das paradas celebrando a diversidade e propagando mensagens de aceitação, e essas palavras chegaram às rádios e ao consumo popular. Até Elton John definiu o disco como “o novo hino gay,” na época de lançamento.

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Como disse Assucena, “as questões LGBTQ+ tomaram os assuntos das mesas de bar, a transgeneridade começou a ser discutida a todo o vapor.” Foi um disco, acima de tudo, sobre empoderamento.

E não parou por aí. Em 2012, Lady Gaga lançou a Fundação Born This Way, em parceria com a mãe, Cynthia Germanotta. É uma organização sem fins lucrativos com intuito de promover discussões sobre saúde mental e fornecer serviços e recursos para ajudar jovens com transtornos de saúde mental.

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Assista ao clipe de “Born This Way:”


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