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Como os comerciais da Apple mudaram a carreira de músicos

Ter canções sonorizando as propagandas da Apple aumentou as vendas de diversos artistas menos conhecidos

Dan Hyman Publicado em 07/10/2011, às 19h53 - Atualizado às 20h50

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iPod - AP
iPod - AP

Com o iPod e a loja iTunes – ambas as quais permitem que os usuários descubram e consumam música como nunca antes – Steve Jobs e sua empresa deu aos músicos um caminho simples e direto até os ouvidos do público. Mas os comerciais da Apple para esses novos produtos também encorajaram um senso de “escavação musical” semelhante. Enquanto faixas de atrações de encher o estádio, como U2, Coldplay e Paul McCartney, foram utilizadas nos comerciais, propagandas com músicas animadas, de artistas menos conhecidos, se tornaram uma característica da marca – e o público respondeu a isso.

"É o tipo de exposição que você, literalmente, não consegue pagar nos dias de hoje”, diz o vocalista do Submarines Blake Hazard. Em 2008, a música Hazard e de seu colega de banda, John Dragonetti, "You Me and the Bourgeoisie" apareceu em um comercial de iPhone. Depois, "as portas começaram a se abrir”, Hazard diz. "Começamos a sentir como se fizéssemos parte da cultura popular. Foi incrivelmente surreal. O cantor britânico Jof Owen, cujo duo indie pop Boy Least Likely To criou a música "Stringing Up Conkers", serviu de trilha para a propaganda do iPhone 3GS, este ano, tem um sentimento parecido. "Nunca achei que seria uma música que mudaria minha vida" Owen diz. "Tenho que ser grato à Apple por isso.”

Para músicos, o impacto de aparecer em um comercial da Apple se revelou diferente em cada caso. O cantor e compositor Matt Costa, cuja balada "Mr. Pitiful" foi usada em 2009 na propaganda do iPhone, e cuja arte de capa do álbum de 2005 Songs We Sing foi mostrado em outboors e na laterais de ônibus, passou por algo revelador e que se repetiu. “Eu estava comprando bebida ou usando o cartão de créditoe alguém dizia 'ah, Matt Costa. Ele não faz música, ou algo assim?’”, diz Costa, acrescentando que “quando o seu nome está em uma propaganda enorme da Apple, as pessoas começam a te reconhecer um pouco mais".

O renomado DJ Cut Chemist, conhecido tanto por seu trabalho solo, quanto por ser um ex-membro da trupe de rap Jurassic 5 e do coletivo latino Ozomatli, estava em uma turnê mundial quando sua faixa "The Audience is Listening Theme Song" começou a tocar bastante em um comercial do iPod Nano. Chemist, nascido Lucas MacFadden, viu o resultado imediatamente. “Conforme eu ia a diferentes lugares, via em Londres, depois no Japão”, ele diz. "Eu vejo o efeito disso até hoje.”

A Apple também mudou a forma como músicos – especialmente aqueles com uma mentalidade mais “faça você mesmo” – se sentem a respeito de combinar sua obra e uma das maiores corporações (ou, como costumam dizer “se vender”). O frontman do Wolfmother, Andrew Stockdale, acredita que isso é porque a Apple tornou a vida bem mais simples para aqueles que trabalham com a mesma coisa que ele. Ele diz que não consegue nem contar o número de demos que fez em seu iPhone, usando o gravador de voz. O guitarrista australiano havia pensado, anteriormente, em deixar a faixa "Love Train" de fora de seu disco homônimo – isso até que os executivos da Apple a ouviram e usaram para trilhar um comercial de iPod em 2006. Nem precisa dizer que o Wolfmother acabou incluindo a música no álbum.

Em retrospectiva, Stockdale não sente remorso algum de ter emprestado a canção de sua banda para uma propaganda da Apple. "Eu não acho que alguém pode se sentir superior ética ou moralmente e dizer que estar envolvido na publicidade da Apple é comercial demais”, ele diz, bastante enfaticamente. "Todos estão usando [produtos da Apple]."

Owen, do Boy Least Likely To, chega até a dizer que os produtos da Apple se tornaram "extensões naturais” de sua vida. "Há tanta humanidade neles”, diz. "Steve Jobs mudou a forma como fazemos e ouvimos música para sempre. Ele tornou tudo empolgante de novo."