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Conheça Juan Wauters, uruguaio que declara amor à vida simples e ao “clássico” no disco Who Me?

Ouça o segundo álbum do músico, lançado nesta terça, 12, pela Balaclava Records

Lucas Brêda Publicado em 12/05/2015, às 20h39 - Atualizado às 21h16

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Capa de <i>Who, Me?</i>, segundo disco do uruguaio Juan Wauters - Reprodução
Capa de <i>Who, Me?</i>, segundo disco do uruguaio Juan Wauters - Reprodução

“A taça do mundo é nossa...”, cantarola o músico uruguaio Juan Wauters, se esforçando para resgatar na memória as referências que tem da música brasileira. “Quer saber? Eles [Toquinho e Vinicius de Moraes] foram à Argentina e começaram o show com essa música!”

Veja as capas das 100 primeiras edições publicadas pela Rolling Stone Brasil.

Atualmente morador da cosmopolita Nova York, o simpático Juan Wauters lança o segundo álbum da carreira, Who Me? – que sai no Brasil pela Balaclava Records –, nesta terça, 12, exalando nostalgia. Mas ele explica melhor: “Gosto do clássico. De coisas que são clássicas, que podem durar para sempre.”

“Os Beatles são clássicos”, teoriza ele, falando ao telefone de Montreal, no Canadá, onde fez um show surpresa na noite anterior. “Acho que não sou uma pessoa nostálgica por gostar dos Beatles, que aconteceram 50 anos atrás. Gosto deles porque o que eles fizeram vai durar para sempre, sabe? Não gosto de coisas velhas. Gosto de coisas clássicas.”

Wauters, entretanto, admite, citando a mudança da América do Sul para os Estados Unidos: “Mas eu tenho essa sensação nostálgica de ter sido uma pessoa diferente antes. E sinto essa confusão em relação a quem sou eu hoje em dia, porque eu era uma pessoa em uma época, e depois passei a ser outra, em um lugar diferente.”

Esta dualidade é apresentada logo de cara, nas duas primeiras faixas de Who Me?, “En Mi” e “Todo Terminó”, cantadas em espanhol e inglês, respectivamente. Ao longo do disco, o uruguaio volta a cantar em espanhol (como em “Así No Más”), mas prefere manter o inglês quase sempre. “Não penso muito nisso, toco violão o dia todo. Mas canto a maioria das vezes em inglês porque sou um músico em Nova York e quero que as pessoas entendam o que estou falando.”

Mas ao contrário do que se poderia imaginar, a “confusão” pessoal de Wauters não é a razão para o título do álbum. “Quando estou tocando, todo mundo é igual, e todo mundo demanda a mesma atenção. Estou em cima do palco e as pessoas estão separadas. E como se eu dissesse: ‘O que? Vocês estão falando sobre mim?’, ‘Vocês querem que eu cante?’, Sei, lá, é estranho.”

Apesar de difícil de entender, Who Me? ganha mais sentido acompanhado por sua capa (acima), cuja foto traz o músico em pé, em cima de um carro, durante uma tarde ensolarada no Queens, com uma expressão que parece perguntar, exatamente: “Quem, eu?”

“Nós estávamos parando o trânsito, sabe?”, conta. “Achei que ia ser legal, sei lá. Fui lá com um amigo, paramos o carro e todo mundo ficava: ‘Ei, o que está acontecendo?’”. “Foi assim, subi em cima do carro e tiramos a foto”, acrescenta, com uma pausa. “É por isso que estou desconfortável [na foto]. Todos aqueles carros tentando passar e gritando coisas para mim... as pessoas ficam muito verbais com esse tipo de coisa [risos].”

Ver Wauters tentando parar o trânsito nova-iorquino só facilita a compreender Who Me?, em que o uruguaio parece querer brecar um mundo cada vez mais efêmero e congestionado de informações requerendo atenção “como um bom filme” (“Like a movie that is good, you require my attention”, canta ele de maneira errante em “I'm All Wrong”).

Um atestado de amor à vida simples, o segundo disco de Juan Wauters traz elementos de Velvet Underground (especialmente The Velvet Underground, de 1969, e Loaded, 1970) com passagens que chegam a lembrar dos momentos menos tristes do Eels.

O violão de náilon é o núcleo das canções, que são decoradas ora por piano, ora por bateria e arranjos de cordas, com um baixo quase sempre presente. Todos os instrumentos foram gravados por Wauters, durante duas semanas, no Future Apple Tree, em Rock Island, Illinois.

“Tudo que eu escrevo vem de experiências da minha vida”, assume o cantor e compositor, confirmando o caráter autobiográfico de sua obra. “Faço música como uma maneira de me expressar e eu faço isso todo dia. Então, sim, tudo que eu canto tem a ver comigo e com meus amigos.”

Wauters se prepara para fazer turnê na América do Norte durante os próximos meses e acena para uma vinda ao Brasil. “Esperamos tocar na América do Sul”, diz, elegendo o mês de agosto como o mais viável. “Brasil, Uruguai, Argentina e Chile, com sorte. E depois Europa.”

Ouça Who Me?, segundo álbum de Juan Wauters.