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Dan Auerbach relata momentos de pânico em Paris: “Ouvimos os tiros e nos jogamos no chão”

O integrante do Black Keys se apresentava em um local próximo ao Bataclan na noite dos ataques

Rolling Stone EUA Publicado em 16/11/2015, às 13h55 - Atualizado às 16h47

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Dan Auerbach, guitarrista e vocalista do Black Keys - Owen Sweeney/AP
Dan Auerbach, guitarrista e vocalista do Black Keys - Owen Sweeney/AP

Na noite do dia 13 de novembro, no mesmo horário no qual os terroristas do Estado Islâmico praticavam um massacre na casa de shows Bataclan, Dan Auerbach, do Black Keys, se apresentava em um outro teatro, localizado a menos de quatro quilômetros do palco do horror. O artista, que tocava com a banda The Arcs, havia terminado seu show quando recebeu as notícias sobre os atentados. “Nos jogamos no chão e ouvirmos os tiros”, conta Auerbach à Rolling Stone. “Tomamos o cuidado de trancar todas as portas. Nós ouvimos os helicópteros que sobrevoavam o local e os carros da polícia que passam por perto”.

Artistas prestam homenagens as famílias e as vítimas dos ataques terroristas em Paris .

A história do artista não é diferente das de tantas outras pessoas que estavam em Paris: um misto de medo e sentimento de que aquilo não poderia ser real. Era um cenário de horror de um filme de Hollywood. Em entrevista à Rolling Stone, o vocalista falou sobre a experiência:

Eagles of Death Metal volta aos Estados Unidos após atentado durante show da banda em Paris.

“Saímos do palco do Le Trianon na noite de sexta e as notícias começaram a surgir. Ouvimos sirenes, mas não sabíamos o que acontecia. As pessoas começaram a nos dizer que houve um tiroteio. Então soube que havia acontecido uma explosão no show do Eagles of Death Metal. Mandei uma mensagem para [o baterista] Josh Homme perguntando se estava tudo bem. Ele, que estava em Los Angeles, não tinha viajado para esta turnê. Então me respondeu: ‘Ainda bem, ouvi uma história horrível’.

Conheça a banda Eagles of Death Metal, que se apresentava em Paris quando ataque terrorista aconteceu.

Estávamos tocando em um teatro muito parecido com o Bataclan: com 1.500 lugares e 150 anos de idade, separados por menos de quatro quilômetros e ambos com uma banda norte-americana dentro. Eles trancaram o prédio. E ficamos lá por cerca de uma hora. Ouvimos dizer que havia um atirador em fuga. Sabíamos ainda que havia situações de reféns. Estávamos em uma varanda, com posição privilegiada, nos jogamos no chão e ouvimos os tiros. Tínhamos cuidado das portas, que estavam todas trancadas. Nós ouvimos os helicópteros que sobrevoavam o local e os carros da polícia que passam por perto.

Nosso agente de turnê decidiu que deveríamos sair de lá, mesmo que o presidente tivesse dito que as fronteiras estavam fechadas. Então entramos no ônibus e torcemos para que conseguíssemos chegar em Milão sem problemas. Vimos muitos carros policiais e ambulâncias. Havia muita gente na rua tentando entender o que havia acontecido. As pessoas pareciam incrédulas.

Nick Alexander, uma das vítimas, era o responsável pelos produtos de turnê. Trabalhamos com ele por anos. Ele era parte da nossa família e um dos caras que sempre encontrávamos quando vínhamos em turnê para a Europa. Ele sempre estava por perto, era um cara muito legal, com o corte de cabelo característico e um sorriso no rosto.

Quando o Black Keys está em turnê, temos o apoio de uma equipe de 30 pessoas e somos muito próximos dessas pessoas. Toda banda cria esse elo. É uma relação profunda pois você viaja com aquelas pessoas por muito tempo. Nick era um cara muito legal. Era um cara do rock and roll e vivia pra isso. Vender nossos produtos é um trabalho difícil. Ele era o primeiro a chegar e o último a ir embora. Por isso Nick trabalhava com muitos artistas.

O Black Keys tocou no Bataclan há quase cinco anos. Nick Movshon e Leon Michaels, do The Arcs, também estavam nesta turnê. É um lugar que já estive várias vezes e um lugar que eu estaria na sexta. Só quero ir para casa. Conheço pessoas que estavam no Bataclan. Conheço pessoas que estavam na dúvida sobre qual dos dois shows ver. Me sinto deslocado. Como se chama isso? Remorso dos sobreviventes? Por qual motivo o atentado aconteceu lá e não onde estávamos? Estou muito triste por todas essas pessoas. E penso nos nossos técnicos, que estariam vulneráveis. É muito amedrontador”.

Saiba mais sobre a tragédia em Paris:

O grupo jihadista Estado Islâmico divulgou neste sábado, 14, um comunicado no qual reivindica a autoria dos atentados em série que atingiram Paris, a capital da França, na noite de sexta, 13, deixando 129 mortos e ferindo mais de 352 pessoas. Este já é considerado o segundo maior ataque terrorista contra civis na história da Europa. As informações são de agências internacionais como CNN e AP.

No texto, enviado ao jornal Le Monde, o Estado Islâmico afirma que "os ataques são apenas o começo da tempestade". Veja a nota abaixo:

"Oito irmãos carregando coletes suicidas e armas automáticas alvejaram áreas no coração da capital francesa que foram especificadamente escolhidas antes: o Stade de France durante uma partida contra a Alemanha na qual François Hollande estaria presente; o Bataclan, onde centenas de idólatras estariam juntos em uma festa da perversidade; além de outros alvos no 10º, no 11º e no 18º arrondissements. A França e todos aqueles que seguem seu caminho devem saber que permanecem o principal alvo do Estado Islâmico. Alá lançou o terror contra seu coração. Paris é a capital da abominação e da perversão. Paris tremeu sob os pés dos terroristas. Este não é nada mais do que o começo de uma tempestade e uma advertência para aqueles que queiram meditar e tirar suas conclusões".

O comunicado, que tem um tom ameaçador, veio à tona alguns minutos após o presidente da França, François Hollande, afirmar que o grupo é o culpado pelos ataques. "É um ato de guerra que foi cometido por um exército terrorista, um exército jihadista contra a França. É um ato de guerra que foi preparado, organizado e planejado no exterior, com cumplicidade de dentro da França."

François Hollande prometeu, em comunicado à nação, uma resposta "rápida e implacável" aos atos de terror e decretou três dias de luto nacional.

Este foi um de uma série de casos de terror registrados na mesma noite na capital francesa. Durante partida amistosa entre França e Alemanha, no Stade de France, barulhos de explosões fizeram com que o presidente nacional François Hollande fosse retirado às pressas do local. Atentados também teriam ocorrido nas proximidades do estádio, na periferia da cidade, e em dois restaurantes na região da casa de shows.

Hollande, que prometeu reagir ao ataque "sem piedade", deu uma declaração anunciando que o país está em estado de emergência pela primeira vez depois de dez anos – da última vez, por conta de distúrbios em bairros do subúrbio de Paris - e que as fronteiras foram temporariamente fechadas. A prefeitura de Paris aconselhou as pessoas a não saírem de casa. A Folha de S.Paulo publicou informações do Itamaraty de que dois brasileiros estariam entre os feridos. “Consternada pela barbárie terrorista, expresso meu repúdio à violência e manifesto minha solidariedade ao povo e ao governo francês”, escreveu pelo Twitter a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

“A França é nossa mais antiga aliada. O povo francês manteve-se ombro a ombro com os Estados Unidos inúmeras vezes. Queremos deixar bem claro que permanecemos com eles na luta contra o terrorismo e o extremismo”, disse Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.

O Eagles Of Death Metal está escalado para se apresentar na próxima edição do Lollapalooza, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, dia 12 de março de 2016.