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Dançarinas de strip tease entregam comida sem camisa para poder manter renda em época de coronavírus

Lucky Devil Lounge lançou 'Boober Eats', serviço de delivery, para manter renda dos funcionários na quarentena

EJ Dickson ; Rolling Stone EUA Publicado em 25/03/2020, às 07h00

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Kiki LeMiau e Brody Grodie, entregadoras do Boober Eats (Foto: Christine Dong para Rolling Stone EUA)
Kiki LeMiau e Brody Grodie, entregadoras do Boober Eats (Foto: Christine Dong para Rolling Stone EUA)

Quando o medo da pandemia de COVID-19 começou, Brodie Grody, stripper em Portland, Oregon, EUA, viu sua renda diminuir pela metade. “As pessoas estavam com medo do coronavírus” disse para Rolling Stone EUA. “Saíam menos. Compravam menos lap dances e não ficavam perto do palco, estava preocupados em chegar perto demais da gente.”

Então, a governadora Kate Brown anunciou, na última semana, o fechamento de todos os restaurantes e bares em Oregon, o ganha-pão já fraco de Grody foi “completamente apagado. Precisamos agir e nos apressar.”

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Shon Boulden, dono do Lucky Devil Lounge e chefe de Grody, encontrou a solução. Seguindo a orientação do governo, publicou no Twitter que, embora o restaurante esteja fechado, trabalhavam numa maneira de manter os funcionários trabalhando. Brincou, disse que criaria um serviço no qual as dançarinas entregariam comida sem blusa. Os clientes começaram a perguntar se entregava no bairro deles; “Fiquei bem ‘meu Deus, isso pode funcionar de verdade,” disse. 

Desse tweet, Boober Eats nasceu. Por uma taxa de entrega de US$ 30 (dividida entre os funcionários) os clientes podem pedir hambúrguer e batatas fritas (ou salada, bife, diversos pratos) como delivery, e duas dançarinas aparecem, acompanhadas de um motorista/segurança. Com máscaras, luvas e álcool em gel, entregam a comida na porta, na distância de um metro estabelecida pelas autoridades. 

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Embora o plano inicial fosse entregar a comida topless, “em certo ponto percebemos não ser uma boa ideia mandar as meninas peladas para casa de pessoas aleatórias,” explicou Boulden. Criaram uma versão mais leve: com adesivos nos mamilos, as mulheres entregam a comida, tiram o suéter e “dançam por aí” como quiserem.

Tipicamente, dançarinas eróticas são classificadas como prestadoras de serviço, por isso não têm licenças de doença e outros benefícios comuns ao ambiente de trabalho. Por isso, com o fechamento dos clubes, essas mulheres ficaram sem renda alguma. “Tenho medo do que virá nas próximas semanas, porque mesmo com pessoas nos apoiando de longe… A que ponto eles terão dinheiro para pagar strippers se não puderem trabalhar?”, escreveu uma profissional no Reddit. Algumas abriram crowdfundings para poderem se sustentar, outras vendem conteúdo online.

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Boober Eats não é a solução perfeita. Grody consegue só 25% do normal, mas isso melhora a cada turno. Não é, também, livre de riscos: embora lavem as mãos e troquem de luva entre cada entrega, as dançarinas ainda precisam dividir o carro com outras duas pessoas. Como resultado, algumas funcionárias, principalmente grupo de risco, optaram pela auto-quarentena ao invés de ir a deliveries (“nenhuma delas falou comigo. Se fizerem, vou fazer de tudo para conseguir o que cada uma precisa,” disse Boulden, quando questionado se ajuda essas pessoas).

Existe, também, o risco onipresente dos clientes tentarem passar dos limites, embora isso tenha outro significado na era do coronavírus. Na maioria das vezes, ainda bem, clientes mantêm distância. A exceção foi uma mulher bêbada que quis abraçar Grody: “O segurança lidou bem com isso.”

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Mesmo assim, em uma era em que pequenas empresas precisam desesperadamente de dinheiro, muitos lugares como Lucky Devil Lounge precisam mudar o modelo de negócios para salvar os estabelecimentos. “Tento empregar meus funcionários de maneiras diferentes para podermos ficar de portas abertas,” conclui Boulden.