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Dave Holland faz show irretocável em São Paulo

Embora sem baterista, quarteto do baixista conseguiu hipnotizar a plateia no Sesc Belenzinho

Antônio do Amaral Rocha Publicado em 30/11/2012, às 12h38 - Atualizado às 12h45

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O baixista Dave Holland em SP - Lao Cabrera/Divulgação
O baixista Dave Holland em SP - Lao Cabrera/Divulgação

O britânico Dave Holland, 66 anos, um dos baixistas acústicos mais aclamados em atividade, que já gravou com Miles Davis nos discos fundamentais do trompetista (In a Silent Way e Bitches Brew), voltou ao Brasil neste mês de novembro. A última vez que esteve por aqui foi em 2006. Nesta oportunidade, depois de uma participação no Festival Canoas Jazz do Mercosul, no dia 25 deste mês, foi a vez de São Paulo recebê-lo para dois shows dirigidos a um público relativamente pequeno no Sesc Belenzinho. Poderia ter acontecido em um lugar maior, visto que os ingressos estavam esgotados já há duas semanas. No show do dia 27, terça-feira, causou estranheza a ausência da bateria no palco. Afinal, estava anunciada a presença do quinteto, mas o que se viu foi um quarteto formado por Dave Holland no baixo acústico, Chris Potter nos saxofones (tenor e soprano), Robin Eubanks no trombone e Steve Nelson no vibrafone e xilofone.

Depois do segundo tema ("Ario"), Holland fez as apresentações, declarou estar muito feliz em tocar no Brasil, se desculpando por não falar português. E pôde esclarecer a transformação do quinteto em quarteto e a ausência do baterista Nate Smith, que não pôde viajar por problemas com o visto para trabalho. Dave prometeu que mesmo com a ausência do baterista, eles iriam tentar fazer o melhor show e que se sentiam livres e à vontade para se adaptar às circunstâncias. E foi o que se viu.

O quarteto estava entrosado, afinal está junto há 15 anos, e os temas sem solos exagerados foram sendo destilados com uma maestria incomum por todos eles. Impressionantes as performances do trombonista Eubanks e do saxofonista Potter que, quase sempre, pareciam tocar mais notas do que é possível caber em uma partitura. Uma sequência de sopros de tirar o fôlego. Talvez quem menos tenha caído no gosto do pequeno público atento seja Nelson, que se revezava no xilofone e no vibrafone. Ele parecia um pouco distante, mas no momento em que predominou seu solo, também mostrou a que veio.

Merece um destaque especial a presença e a liderança de Holland, por vezes tocando o seu contrabaixo com a ajuda do arco. A performance vai muito além do que se costuma esperar do instrumento. Além das marcações rítmicas, é também um impressionante instrumento solo. Holland introduzia o tema, aparentemente livre (mas só aparentemente), e os outros davam a contribuição na execução, somando os instrumentos e criando uma massa sonora digna dos melhores momentos do jazz. Depois de quase duas horas de show, parece que a bateria de Smith acabou não fazendo falta. Mas se como quarteto o show teve excelência, dá para imaginar o que seria como quinteto.

Veja o set list da apresentação abaixo:

“The Balance”

“Ario”

“Jumpin’ in”

“Souls Habor”

“African Lullaby”

“Amator Silenti”

“Pass it On”

Bis

“Conference of the Birds”