Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Dinosaur Jr. repete fórmula de sucesso em disco mais pop e alegre da carreira - e a 'culpa' é de Kurt Vile [ENTREVISTA]

'Sweep It Into Space' apresenta o bom e velho Dinosaur Jr., mas com uma atmosfera iluminada inserida por Kurt Vile, coprodutor do álbum

Itaici Brunetti Publicado em 27/05/2021, às 16h38 - Atualizado às 16h58

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Dinosaur Jr. (Foto: divugação)
Dinosaur Jr. (Foto: divugação)

O Dinosaur Jr. faz parte do seleto grupo de artistas que conseguiu criar a própria identidade musical. Assim como Bob Dylan, AC/DC, Ramones ou Motörhead, o ouvinte reconhece instantaneamente que o trio formado por J. Mascis, Lou Barlow e Murph está tocando logo no primeiro riff de guitarra ou verso de cada canção. 

Em Sweep It Into Space, novo álbum e 11º de estúdio do Dinosaur Jr., a experiência não é diferente. A sonoridade preenchida com guitarras altas e distorcidas, solos quilométricos, baixo pulsante, bateria marcante e vocal tímido está lá. No entanto, as faixas do disco apresentam um novo tempero: uma atmosfera mais iluminada do que o usual. 

"É um disco mais pop", afirma o baterista Murph em entrevista à Rolling Stone Brasil. "Muito disso tem a ver com o trabalho que Kurt Vile [músico ecoprodutor do álbum] fez conosco. Nunca tínhamos trabalhado com ele em estúdio e ele nos fez tocar com uma nova energia", continuou.

"Kurt parece ser super sério, mas é um cara que vive fazendo piadas e brincadeiras o tempo todo. Ele trouxe essa energia para o álbum, por isso que é mais alegre e iluminado do que os nossos trabalhos anteriores," acrescenta Murph

+++LEIA MAIS: Bebê da capa de Nevermind está ressentido porque todos ficaram ricos, menos ele

Com 12 faixas, Sweep It Into Space começou a ser produzido e gravado no final de 2019, antes do início da pandemia do coronavírus em março de 2020. Porém, quando a Covid-19 abateu o mundo e obrigou as pessoas a ficarem dentro de suas respectivas casas, o trabalho teve que ser continuado de acordo com a nova realidade. 

"Nós gravamos todas as baterias e os baixos primeiro, antes do início da pandemia, e depois J. Mascis colocou as guitarras e os vocais durante o lockdown no estúdio que ele tem em casa", contou Murph. "Quando tudo estava fechado - e olha que ficamos fechados por muito tempo, aproveitamos esse tempo sem turnês para trabalhar nas músicas novas." completou. 

"Mas foi bastante estranho trabalharmos desse modo à distância. Agora, estamos nos sentindo melhor porque, além de estarmos lançando o álbum, os estabelecimentos estão começando a reabrir e sentimos que a vida está voltando ao normal por aqui," diz o baterista em tom meio animado.

"Temos química"

Com 37 anos de carreira, e, ao lado de Pearl Jam, Alice In Chains, Pixies e alguns outros nomes da década de 1990, o Dinosaur Jr. é um dos poucos grupos sobreviventes da safra pré-grunge - e também da safra grunge - que resistiram ao tempo.

No início dos anos noventa, o trio excursionou com Nirvana, Sonic Youth, Babes In Toyland e ajudou a moldar a sonoridade de garagem que conquistou o mainstream. A banda também é responsável por um dos registros em vídeo mais empolgantes da época ao tocar a clássica "Freak Scene" para uma multidão no documentário 1991: The Year of Punk Broke (1992). 

Sobre a sonoridade criada, Murph explica: "J. Mascis é quem dá a direção. Ele é 'a cara' da banda pelo jeito que toca, e também pelo jeito que nós três tocamos juntos. Quando J. Mascis compõe as músicas, ele pensa no modo em que eu e Lou Barlow [baixista] vamos tocar. Nós três funcionamos muito bem quando ligamos os nossos instrumentos juntos. Temos a química." 

+++LEIA MAIS: Como foi a última ligação entre Kurt Cobain e Pat Smear, do Nirvana?

Experimentações

Embora Sweep It Into Space possua uma sonoridade "mais pop", segundo afirmou Murph, experimentações demais não fazem parte do mundo musical do Dinosaur Jr.

"J. Mascis até experimenta em alguns solos de guitarra, usa pedais diferentes, mas não somos o tipo de banda que experimenta, pois não há razão", afirma Murph e complementa: "Eu gosto de experimentos como os que o Radiohead faz, por exemplo, mas por que o AC/DC ou o Black Sabbath mexeriam em seus sons? É isso o que fazemos. É o nosso jeito."

Pós-pandemia

Com o plano de vacinação contra Covid-19 sendo realizado com rapidez nos Estados Unidos, o Dinosaur Jr. já está planejando os passos que serão dados nos próximos meses: uma turnê de 24 shows na América do Norte durante o segundo semestre foi agendada. 

"Nós temos uma enorme turnê para fazer em setembro, outubro e novembro desse ano. Eu realmente espero que consigamos fazê-la", diz Murph esperançoso, que já esteve no Brasil tocando com o Dinosaur Jr. e com o Lemonheads (banda do vocalista Evan Dando). 

"Fui ao Brasil com o Lemonheads e depois com o Dinosaur Jr. Me diverti muito nas vezes em que estive no país e não vejo a hora de retornar. Mas temos que esperar as coisas voltarem ao normal para podermos tocar aí novamente, e não sabemos quando será. Talvez em março de 2022, quem sabe", finaliza. 

Capa de Sweep It Into Space


+++ MV BILL | MELHORES DE TODOS OS TEMPOS EM 1 MINUTO | ROLLING STONE BRASIL