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A divindade musical de Whitney Houston

A cantora conseguia transformar a música em uma força irrefreável com apenas uma única sílaba

James Sullivan Publicado em 12/02/2012, às 23h08 - Atualizado em 13/02/2012, às 10h59

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A cantora em show durante o American Music Awards, em Los Angeles, no dia 22 de novembro de 2009

 - AP
A cantora em show durante o American Music Awards, em Los Angeles, no dia 22 de novembro de 2009 - AP

Uma palavra. Perto do fim de “The Greatest Love of All”, o terceiro single seguido de Whitney Houston no número um da Billboard, a cantora, então com 22 anos, transformava o tom da música do docemente exaltado para o completamente irrefreável. "No matter what they take from me, they can't take away myy! dig-ni-ty" (“Não importa o que eles levam de mim, eles não podem levar miiinha! dig-ni-da-de”), ela trovejava na segunda parte do verso, destilando todo aquele grande legado de gospel e soul vindo de sua talentosa família (a mãe Cissy Houston, as primas Dionne e Dee Dee Warwick, a madrinha Aretha Franklin) em uma única sílaba.

A coautora da música, Linda Creed, escreveu a música sobre a luta dela contra o câncer de mama. Depois de viver com a doença por uma década, ela morreu aos 36 anos, em abril de 1986, um mês antes de a versão de Whitney chegar ao topo das paradas. Whitney estava apenas começando. Levando à perfeição um tipo de soul-pop oitentista – teclados e ritmos de smooth-jazz, grandes orquestrações –, ela era a estrela mais brilhante em uma era marcada por superestrelas.

Whitney Houston: relembre a carreira da diva do soul em fotos.

Embora tenha tido uma das vozes mais surpreendentes e confiantes vozes que o pop ouviu, ela lidou com críticas de que seu estilo era “retocado”. “Você não é negra o suficiente para eles”, ela explicou a Katie Couric em uma entrevista de 1996. “Você não é R&B o suficiente. Você é muito pop. O público branco a tirou deles.” Mas a voz de Whitney não era apaziguadora, e o fato de que ela não levava cada verso ao limite significava que cada uma de suas músicas tinha uma assinatura – às vezes tão fugaz quanto aquele “my dignity” –, quando ela levava a música para o reino da possessão divina. Quando ela cantava, ela sabia precisamente o que estava fazendo, sempre.

Ela bateu a marca na emocionante “All at Once”, quando ela levava o verso "I looked around and found that you were with another love" (“eu olhei em volta e descobri que você estava com outro amor”) a notas cada vez mais altas, como um balão de ar quente em direção ao alto. Ela fez o mesmo em "All the Man That I Need", quando a voz dela chegava ao ponto de uma agitação de parar o coração na última palavra do verso "He gives me more love than I've ever seen" (“ele me dá mais amor do que já vi”). Ela fez o patriotismo parecer a melhor alegria do mundo com sua versão resplandecente de “The Star-Spangled Banner”, o hino dos Estados Unidos. E a nota sustenida que é o centro da versão dela para “I Will Always Love You”, de Dolly Parton, leva a música do ponto de uma memória desagradável ao ponto da própria força da existência.

Whitney Houston vivia o momento. Tristemente, isso acabou a levando ao vício, e à devastação de sua voz. Mas se a música gospel foi criada para expressar momentos de pura comunhão com a verdade mais profunda de cada um, então Whitney Houston foi, sem dúvidas, uma enviada dos céus.