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Tomorrowland 2015: DJ Marky critica monopólio de gêneros musicais no Brasil

Artista será uma das atrações desta sexta-feira, 1°, no festival de música eletrônica

Lucas Borges Publicado em 30/04/2015, às 16h02 - Atualizado às 20h10

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O DJ paulistano  - Reprodução
O DJ paulistano - Reprodução

“Você vai sair em São Paulo hoje, em um sábado à noite, e não tem um clube que toque drum’n bass, hip-hop bacana, reggae, soul e isso a gente tinha tudo antes”. A queixa é de um enorme entendido no assunto, o DJ Marky, paulistano de nascimento e cidadão do mundo graças ao sucesso conquistado internacionalmente.

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Marky está no Brasil para se apresentar no conceituado Tomorrowland, inédito no país, mas não para ele, que já foi atração do megafestival em seis oportunidades, no exterior. Antes de tocar nesta sexta-feira, 1°, na estrutura montada em Itu, interior de São Paulo, o artista conversou com a Rolling Stone Brasil e criticou a cena musical da terra natal.

Assista ao trailer da primeira edição do Tomorrowland no Brasil.

“É legal estar no mainstream, mas acho muito perigoso. A queda é brusca. Tem muita gente achando que é superstar, só que no Brasil as coisas mudam muito rápido. Tem uma superoverdose de um estilo musical e quando isso morre, todo mundo vai migrar para o sertanejo, para o pagode, para outro no estilo”, afirma.

Marky se refere, especialmente, ao atual fenômeno da EDM (eletronic dance music), sentido por aqui no início deste ano, no Lollapalooza. Durante a festa, DJ Skrillex e Calvin Harris, representantes do EDM, estiveram entre as atrações mais comentadas pelo público.

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“Quando consegui descobrir breakbeat hardcore e jungle, que no final das contas virou drum’n bass, as pessoas tinham um tipo de preconceito porque achavam barulhento. E hoje eu vejo que EDM é 30 vezes mais barulhento. É engraçado. Não acho que é um fenômeno incrível porque não é uma música que me agrada. Para mim não tem nenhuma novidade isso. É um estilo de música completamente feito por marketing. Muitos dos artistas nem fazem as músicas, eles utilizam ghost producers. Não é minha praia, mas tem espaço para todo mundo”.

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“O problema é que muita gente tira o Brasil como exemplo de tudo e não é assim. Jazz não está no mainstream como estava em 1950 ou 1960, mas só por isso o jazz morreu? Eu toco drum’n bass nos melhores festivais do mundo, minha agenda fora é uma loucura. O problema do Brasil é que o país é muito levado pelo estilo do momento. É deep house, aí vem a próxima coisa etc. E quando o estilo fica estável, morre”, comenta o DJ, que começou a ganhar notoriedade fazendo som na Inglaterra, na década de 1990.

Marky acredita que festivais como o Tomorrowland podem ajudar a democratizar a cena musical nacional. “Está faltando isso, festival para todo mundo, todos os estilos de música. Esse é o sucesso do Tomorrowland na Bélgica (país de origem da festa)”.