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Elton John critica a Rússia: “uma homofobia cruel foi legitimada”

O cantor escreveu uma minuciosa condenação da legislação do país

Rolling Stone EUA Publicado em 23/01/2014, às 11h11 - Atualizado às 11h28

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Galeria: Elton John - Reprodução / Facebook oficial
Galeria: Elton John - Reprodução / Facebook oficial

Elton John classificou as novas lei anti-gay da Rússia como “desumanas” e “isolantes” quando ele se apresentou em Moscou e Kazan em dezembro, e agora que ele está de volta da turnê, ele escreveu uma condenação minuciosa sobre a legislação no site dele. John ficou ainda mais indignado com as recentes declarações do Presidente Putin que ligavam a homossexualidade à pedofilia. “Uma homofobia cruel foi legitimada”, escreveu, “por essa legislação que deu cobertura para extremistas abusarem dos direitos humanos básicos das pessoas.” Leia as afirmações dele na íntegra abaixo:

Entrevista RS: em conversa reveladora, o músico fala sobre ser pai, discute o preconceito e recorda as décadas de 70 e 80.

Estou profundamente grato pelo apoio do povo russo que me recebeu e me aceitou no país desde a minha primeira visita em 1979.

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Na minha última visita, em dezembro de 2013, eu me perguntei se a nova legislação banindo “propaganda homossexual” poderia ter mudado aquilo. Não tinha. Eu ainda senti o mesmo calor e recepção do meu público que eu senti em todas as vezes que estive na Rússia.

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Nesta viagem, me encontrei com membros da comunidade LGBT em Moscou. Mesmo tendo sido recebido como um estrangeiro gay assumido, eu queria entender de verdade, em primeira mão, como a legislação tinha afetado a comunidade LGBT russa. O que eu ouvi reforçou todas as histórias da mídia que tem circulado desde que o projeto de lei de propaganda se tornou uma lei federal: uma homofobia cruel tinha sido legitimada por esta legislação e dado cobertura para extremistas abusarem dos direitos humanos básicos das pessoas.

As pessoas que eu conheci em Moscou – homens e mulheres gays de 20, 30 e 40 anos – me contaram histórias sobre ameaças que receberam de grupos vigilantes que iriam ‘curá-los’ da homossexualidade os encharcando com urina e batendo neles. Um jovem foi perseguido fora de uma boate gay por uma pessoa se passando por taxista que tentou estrangulá-lo com uma corda de guitarra porque ele era um “sodomita”. Todo mundo compartilhou histórias de abuso físico e verbal – no trabalho, em bares e restaurantes ou na rua – desde que a legislação entrou em vigor em junho do ano passado. E parte do trabalho vital de fornecer prevenção contra o HIV para a comunidade gay foi classificado como “propaganda homossexual” e fechado.

Ficou muito claro para mim que, apesar de estrangeiros como eu que estão visitando a Rússia não serem afetados por essa nova lei (e o Presidente Putin recentemente confirmou isso), é uma história muito diferente para aqueles que vivem dentro do país. Como Maria Maksakova disse aos colegas do Parlamento russo no mês passado: “Nós estamos vendo consequências extremamente negativas por causa desta lei, com o aumento de crimes de ódio”.

O Presidente Putin afirma que essa não era a intenção, mas, sem dúvida, foi o efeito que essa lei teve, promovendo mal entendidos e ignorância. Em particular, é muito decepcionante que a lei ligue explicitamente a homossexualidade à pedofilia, algo que inúmeros estudos já mostraram estar errado.

As pessoas que conheci em Moscou eram decentes, gentis, homens e mulheres patriotas que não tinham intenção de forçar a sexualidade deles em ninguém. Qualquer que seja a intenção das leis de propaganda homossexual e pedófila da Rússia, está muito claro de acordo com a minha experiência pessoal que está se provando profundamente perigosa para a comunidade LGBT e que está segregando profundamente a sociedade russa. Eu gostaria de ter a oportunidade de apresentar o Presidente Putin a alguns russos que merecem ser ouvidos, e que merecem ser tratados e recebidos no próprio país com o mesmo respeito e calor que eu recebi na minha última visita."