Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Em Frankenweenie, Tim Burton faz homenagem a clássicos do terror e a si mesmo

Filme mostra a forte relação entre um garoto solitário e seu cachorro, que ultrapassa as barreiras da vida e da morte

Pedro Antunes Publicado em 02/11/2012, às 13h14 - Atualizado às 14h07

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Frankenweenie - Divulgação
Frankenweenie - Divulgação

É possível sentir logo nas primeiras cenas que Frankenweenie, que estreia nesta sexta-feira, 2, não é um filme qualquer para o diretor Tim Burton. Nesta animação em preto e branco tudo cheira a saudosismo e inocência, como se o norte-americano estivesse diante de si mesmo, muitos anos mais novo. Aos 54 anos, Burton olha para sua infância com carinho e entrega uma produção de qualidade técnica e apelo emocional.

Leia textos das edições anteriores da Rolling Stone Brasil – na íntegra e gratuitamente!

Há um curioso encontro do novo com o velho na estética do filme: uma produção sem cores em stop motion (feita com bonecos em 24 quadros por segundo) versus a tecnologia 3D. Para evidenciar ainda mais a intenção de explorar este contraste, Burton inicia o filme com o garoto Victor, personagem principal, mostrando aos pais um filme terror filmado por ele mesmo com uma câmera Super 8. Os três usam os tradicionais (e incômodos) óculos do efeito de três dimensões.

Victor é o filho único e esquisitinho dos Frankenstein (uma referência clara ao cientista louco criador do monstro Frankenstein). O personagem é quase um retrato de Burton na infância, ainda sem amigos, com um gosto pelo sombrio, sobrenatural e, claro, pelo cinema. Ele vive em New Holland, mais um daqueles subúrbios que estamos acostumados a ver nos filmes do cineasta, com casas brancas, cercas baixas e uma vizinhança que debocha dos estereótipos norte-americanos.

Os personagens todos carregam aquela feiura fofa das animações de Burton, como já foi visto em O Estranho Mundo de Jack (1993) e A Noiva Cadáver (2005). São assim Edgar “E” Gore, um garoto que lembra o Corcunda de Notre Dame, do livro de Victor Hugo, de 1831, e Elsa Van Helsing, a vizinha com nome do caçador de vampiros de Drácula, entre os outros garotos da escola da cidade.

Mais inteligente e interessado em ciências do que a maioria da sua idade, Victor é isolado. Sparky, seu simpático bull terrier, é o mais próximo que ele possui de amigo – e também astro dos seus filmes caseiros. Os pais do garoto se preocupam com a esquisitice do garoto e insistem para que ele faça novos amigos.

Quando o cachorro morre em um acidente durante um jogo de beisebol, Victor faz jus ao seu sobrenome famoso e busca uma forma de recriar a vida no corpo do amigo canino. Ele, claro, consegue, mas seu segredo não fica guardado por muito tempo e logo todos os amiguinhos da escola querem reviver seus pets.

A cidade se torna um caos com as experiências mal-sucedidas que emulam monstros de filmes clássicos, como múmia, lobisomem, vampiros e até os gigantes lagartos do estilo do japonês Godzilla.

A trama é pouco surpreendente – assim como nos filmes de terror antigos –, mas envolve pela emoção que cada cena carrega, da comovente história de amizade entre um garoto deslocado e seu animal de estimação, em uma relação que rompe as barreiras da vida e da morte ao melhor estilo “burtoniano”.