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"Não havia como prever minha vida”, diz Steven Van Zandt, da E Street Band

Guitarrista do grupo de Bruce Springsteen fala sobre a evolução da banda, do que aprendeu com o falecido James Gandolfini e da série Lilyhammer

STEVE BALTIN Publicado em 20/10/2013, às 10h35

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E divide o palco com a talentosa E Street Band, em São Paulo. - Roberto Larroude
E divide o palco com a talentosa E Street Band, em São Paulo. - Roberto Larroude

A Rolling Stone EUA conversou com Steven Van Zandt a respeito de seu papel no retorno do grupo Rascals, e o apresentador de rádio, ator e guitarrista da E Street Band tinha muito mais a dizer. Aqui, Van Zandt falou sobre os planos da E Street, a amizade de 50 anos com Bruce Springsteen e

sobre como aprendeu a atuar com o falecido ator James Gandolfini.

O que a sua versão adolescente teria dito se soubesse que um dia você iria contribuir para o retorno da sua banda favorita?

Não havia como você projetar o futuro e ver minha vida. Viver de música já teria sido inconcebível, na verdade. Foi um tiro no escuro acima de tudo. DJ, jornalista, músico, produtor – qualquer uma dessas coisas já teria sido um milagre. Ter feito todas essas coisas é muito bacana, faz valer ouvir aquele rádio embaixo das cobertas, a leitura de todas aquelas revistas da época, idas aos shows, fins de semana no Greenwich Village para ver o que seria legal em Nova Jersey no ano seguinte. Não ligava pra nada exceto Rock N Roll. Então é bacana que vire algo que te sustente. O fato de eu poder mostrar um pouco de gratidão e agradecer pessoas como os Rascals e agradecer meus heróis tocando suas músicas no meu programa de rádio... Quem iria acreditar que eu seria a única pessoa a tocar esses grupos na rádio em 2013 [no SiriusXM's Little Steven's Underground Garage]? Isso é um bônus.

Você tem planos de lançar mais músicas solo?

Não. No momento, minha criatividade musical tem se concentrado na produção da trilha no meu programa de TV norueguês, Lilyhammer. Eu já escrevi a música tema na primeira temporada, mas este ano estou fazendo a trilha toda. Então tem sido muito divertido, algo que eu nunca tinha feito. Mas não tenho nenhum plano de sair em turnê sozinho.

Você teria esperanças de ver o Bruce fazer um show assim?

Esse é o tipo de coisa que poderia ser criada simultaneamente. Não é preciso substituir a performance de uma banda já existente e, claro, a banda existente não precisa estar no show. No nosso caso, com o show Once Upon a Dream do Rascals, eles vão continuar fazendo assim pelo tempo que desejarem. E, eventualmente, vou reescrever e substituí-los por atores, transformando em um show estilo Jersey Boys. Que poderia ser feito com as músicas de Bruce, The Who, Brian Wilson ou Crosby, Stills, Nash e Young – qualquer pessoa, na verdade. Em outras palavras, criar o show, ter as bandas tocando pelo tempo que quiserem, então filmá-los contando suas histórias, mas substituí-los no palco. Então, seria algo como a história de Bruce ou a história da E Street Band, ou as duas poderiam ser contadas e criadas enquanto a banda continua se apresentando separadamente.

No momento, é difícil de imaginar mais alguma evolução do que estávamos fazendo como E Street Band, desde que criamos esse lance de Orquestra E Street, que é tão variada, tão compreensível e tão flexível. É uma criação incrível da qual estou orgulhoso. Nós nos reinventamos completamente porque precisávamos – perdemos Clarence [Clemons, saxofonista da E Street Band, que morreu em 2011], precisávamos fazer algo radical. Então nos reinventamos completamente e falamos, “Vamos fazer um resumo de tudo”. Então, se Bruce sente vontade de tocar uma música sozinho, 17 pessoas saem do palco. Se ele quiser fazer algo grande, 17 pessoas entram no palco e tocam algo grande. Eu não poderia me imaginar numa situação melhor com a E Street Band no momento. De algum jeito, é meio que definitivo e meio difícil de imaginar para aonde iríamos depois disso.

É um entidade, mas as músicas de Bruce estarem sendo convertidas em teatro é algo esperando para acontecer. Ele é um dos compositores mais teatrais e cinematográficos da história. Se eu parar para pensar nisso, conseguiria criar cinco shows diferentes das músicas dele, tirando sua biografia. Então penso que em algum momento alguém irá criar eventos teatrais com as músicas de Bruce, sem dúvida.

Isso gera mais duas perguntas: se você gostaria fazer isso você mesmo, e se você acredita que Bruce permitiria que a música dele fosse usada para isso?

Eu me sinto orgulhoso e honrado de fazer qualquer coisa envolvendo o Bruce. Ele é meu melhor amigo há quase 50 anos, e ter um melhor amigo que continua a expandir os limites do que pode ser feito artisticamente e que continua a ser tão vital e inflexível com os próprios padrões tem sido emocionante de se assistir tão de perto. Se eu puder ajudá-lo de alguma maneira, ficarei feliz e orgulhoso de fazê-lo. Gostaria de me dividir em quatro, cinco pessoas, porque estaria fazendo isso em tempo integral para os meus 10 grupos favoritos, incluindo ele, só para estabelecer essa mistura. Minha esposa sempre esteve no teatro e para mim, isso é algo muito novo. Eu só comecei a ver isso este ano, sentado na plateia. Isso pegou na minha casa, o lance do teatro – tem algo de extraordinário nisso.

Alguma novidade sobre músicas novas da E Street Band ou datas para a turnê norte-americana?

Iremos para a Austrália em fevereiro, isso é tudo o que sei. Até onde eu sei, fevereiro será o fim da turnê Wrecking Ball, que começou há dois anos. Honestamente, eu sou o último cara a descobrir o que está acontecendo. Os fãs vão saber o que vai acontecer antes de mim – eles sempre sabem. Então é melhor você entrar no mundo do Twitter pra conseguir informações sobre o mundo da E Street.

Quais músicas você gostaria de ver sendo tocadas por essa nova "orquestra", como você diz?

Tem uma série de possibilidades. Primeiro de tudo, mal encostamos em um dos nossos lançamentos mais recentes, o álbum The Promise. Chamar essas músicas de restos é errado e injusto. É um álbum legítimo e um dos quatro melhores, junto com o segundo disco do Tracks. É, com certeza, um dos meus álbuns favoritos que já fizemos e do qual Bruce participou. Mal encostamos nele durante toda a turnê, o que é vergonhoso, porque tínhamos muitas coisas a fazer. Mas como banda, quem sabe? Talvez Bruce, em algum momento, vai escrever um disco para essa orquestra de 17 membros em particular, o que ele não fez porque ela ainda não existia quando ele estava escrevendo as últimas coisas. A banda se juntou depois que o último álbum foi feito, então ele precisa criar algo para essa formação em específico. Mas ele me deixa no escuro, e como todo mundo, fico ansioso esperando para ver o que ele vai fazer em seguida. É sempre uma surpresa, é sempre interessante e é sempre de alto nível. E você não pode pedir mais nada de uma pessoa, pode?

Existe alguma área sobre qual você esteja aprendendo mais?

Estar nesse mundo da TV é ainda muito recente para mim. Passei 10 anos em Sopranos, mas esse lance de atuar ainda é muito novo para mim. Ainda estou aprendendo e aprenderei para sempre. Tinha uma grande sorte de ter Jimmy Gandolfini como mentor e David Chase como padrinho, dois dos caras mais talentosos da história da televisão. Então, ainda é recente. Lilyhammer foi o segundo show de que eu participei na vida. Entre o mundo da TV e do teatro, tem muita coisa para explorar.