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Entrevista: Jack Johnson ficava nervoso “a ponto de desmaiar” antes de subir ao palco

Músico havaiano relembra o começo da carreira e comenta a fama de “cara mais tranquilo da música pop”

Bruna Veloso Publicado em 07/03/2014, às 15h55 - Atualizado em 11/03/2014, às 12h23

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Jack Johnson - Emmett Malloy/Divulgação
Jack Johnson - Emmett Malloy/Divulgação

Atualizado em 10/3, às 12h02.

Jack Johnson volta na semana que vem ao Brasil (veja detalhes abaixo) com a turnê do disco From Here to Now to You (2013), que alcançou o topo das paradas norte-americanas no ano passado. Por telefone, direto de sua casa em Oahu, no Havaí, o cantor eloquente e de fala sossegada conversou com a Rolling Stone Brasil sobre o lado pessoal do álbum, o nervoso antes de subir ao palco no começo da carreira e a parceria com o brasileiro Mario Caldato Jr.

Você diria que From Me to Now to You é o seu álbum mais pessoal?

Para ser honesto, é sempre difícil dizer. Eu não discordaria de uma pessoa que me dissesse isso. Todas as minhas músicas sempre foram bem pessoais. É que esse é mais sobre ser pai, fazer parte de uma família, ou sobre a dinâmica de se fazer parte de uma família, então talvez pareça ser o mais pessoal. É um equilíbrio quando faço as músicas: elas vêm de experiências reais, mas ao mesmo tempo tento torná-las amplas o suficiente para que qualquer um possa se relacionar.

Vídeo: Jack Johnson grava o clipe de "Shot Reverse Shot" com câmera de celular

Existe a preocupação de não abrir mão da privacidade nas letras?

Sim, eu definitivamente me preocupo com isso. A essa altura, eu sempre ouço a música antes de lançar e me pergunto: “Tem algo aqui que dá alguma informação particular sobre minha família ou sobre meus filhos, ou algo assim?” São experiências que qualquer pai poderia ter. A última coisa que eu quero é fazer algo parecido com um reality show de TV, que é basicamente sensacionalismo. Eu sinto que não dou nenhuma informação que torne a vida dos meus filhos menos privada.

O produtor brasileiro Mario Caldato Jr. já trabalha com você há algum tempo. Como é tê-lo no estúdio?

É ótimo, ele é um grande amigo. Adoro conversar com ele sobre música, gostamos de colocar bons discos para tocar e escutar juntos. Acho que ele me vê pelo que sou, e ouve a minha música pelo que ela é. Às vezes, você conversa com produtores e eles têm uma ideia de como eles podem te mudar para meio que deixar a marca deles. Acho que Mario sempre quis que eu fosse o mais natural possível.

E já teve alguma experiência com um produtor desse tipo, que tenta mudar o trabalho do artista?

Nunca trabalhei com nenhum desses. Certamente muita gente diria que eu deveria tentar novos produtores. Só trabalhei de verdade com dois: um é o J.P. Plunier e o outro é o Mario. Quando a gente grava, é meio que uma extensão da nossa vida habitual. Não nos isolamos em um estúdio, como algumas bandas fazem. De certa maneira, nos isolamos da indústria musical por estarmos no Havaí. Temos nosso estúdio aqui, na minha garagem, então, por esse lado, é uma forma de desconexão, mas ao mesmo tempo nossas famílias e filhos estão sempre presentes. Nunca quis desistir da minha vida nesses períodos de gravação.

Você não parece tirar muita inspiração da tristeza...

Acho que escrevi muitas músicas tristes.

Mas nos seus discos, no conjunto, o que parece é que você nunca deixa a tristeza te abater.

Acho que você está certa nesse sentido. Meu objetivo com a música sempre foi fazer as pessoas se sentirem melhor. Eu não gostaria de deixar as pessoas abatidas com o som que faço. Mesmo quando é uma música sobre perda… No último disco [To the Sea, 2010], havia canções sobre o fato de eu ter perdido meu pai. Percebi que, enquanto passava por esse processo de perda, estava ouvindo muitas músicas que me ajudavam e me lembravam que outras pessoas também passam pela mesma coisa. Tem isso de ver o lado positivo, mesmo quando é uma música triste.

Te rotulam como um dos caras mais pacíficos da música. Você nunca perde a cabeça?

Sim, perco, como todo mundo. É engraçado, você não tem como escolher a projeção que vão fazer de você no mundo lá fora. Começa a acontecer e é engraçado assistir. Eu diria que é uma visão acurada, me considero uma pessoa bem tranquila, mas ao mesmo tempo é fácil para os jornalistas criarem um título que começa a se perpetuar. Vira uma bola de neve. Só que você pode acabar virando um personagem de si mesmo, se começar a acreditar na projeção que fazem de você. O segredo é não ler nada que sai na imprensa, porque se você lê algo bom, isso aumenta o seu ego e faz você pensar que é melhor do que realmente é. E se você lê uma coisa ruim, isso te quebra e leva embora sua confiança. Claro que quando uma resenha sai em um veículo grande, como a Rolling Stone… E eu não estou tentando só soltar o nome aqui [risos]. Mas quando sai uma resenha em um veículo assim, não tem como evitar, porque seus amigos vão ler e te contar. Algumas você não vai conseguir evitar. O segredo é não ficar procurando coisas sobre si mesmo.

Há algum tipo de ritual que sua banda segue antes de subir ao palco?

Não um ritual. A gente não faz mais passagem de som, só nas primeiras datas da turnê. Em vez de fazer a passagem de som, temos uma salinha com bateria, guitarra, etc, e nos reunimos para tocar. Fazemos uma jam, algo diferente antes de cada show. E é isso.

E ainda rola alguma ansiedade antes de enfrentar um grande público?

Não muito. Eu costumava ficar nervoso a ponto de achar que ia desmaiar quando estava fazendo shows de abertura, porque você percebe que as pessoas estão lá para ver a banda que vai tocar depois de você. Você sempre se pergunta como aquele público vai reagir a músicas que eles nunca ouviram antes. Ainda fico muito nervoso antes de aparecer na TV e coisas assim, quando há câmeras apontando para mim. Mas agora, nos shows, me dei conta de que hojte todas aquelas pessoas estão lá para ouvir as músicas que elas já conhecem. Eu percebi que a gente só tem de ir lá e se divertir. Em algum momento, me dei conta disso – no momento que você se liga que aquilo não é um teste, é fácil se divertir. E se a gente está se divertindo, o público se diverte também.

É difícil deixar o Havaí para sair em turnê?

Sim e não. Se as ondas estiverem perfeitas no dia que eu estiver indo viajar, aí é difícil. Mas assim que eu deixar de ver isso [as ondas perfeitas], fico bem. Fico um pouco amuado no primeiro dia, minha esposa percebe que fico frustrado. Mas gosto de ver outras partes do mundo. Voltando àquele lance da projeção: a projeção do Havaí é às vezes mais idealística do que o lugar é de fato. Como eu nasci e cresci aqui, é lindo, mas ao mesmo tempo eu sei de cada coisa que acontece, dos problemas, do trabalho que a gente faz para tentar proteger as ilhas. Às vezes é bom se afastar e ver novos lugares.

Rio de Janeiro

Quinta, dia 13 de março

Local: HSBC Arena - Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 3401 - Barra da Tijuca

Ingressos: entre R$ 120 e R$ 420

Onde comprar: no site a partir do dia 3 de fevereiro.

São Paulo

Sexta, dia 14 de março

Local: Espaço das Américas - Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda

Ingressos: entre R$ 110 e R$ 380

Onde comprar: no site a partir do dia 4 de fevereiro.

Florianópolis

Sábado, dia 15 de março

Local: Devassa On Stage - Rodovia Maurício Sirotsky Sobrinho, 2.500 km 1,5 - Jurerê Internacional

Ingressos: entre R$ 80 e R$ 140

Onde comprar: no site, a partir do dia 28 de janeiro.