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Iggy Pop critica a indústria musical: "Por que eu não simplesmente morro agora?"

O cantor esteve em Cannes para promover o documentário sobre a história do The Stooges e falou ainda sobre estar livre das drogas

Rolling Stone EUA Publicado em 21/05/2016, às 10h23 - Atualizado às 10h38

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Iggy Pop em foto de Bob Wolfenson - Reprodução/Instagram
Iggy Pop em foto de Bob Wolfenson - Reprodução/Instagram

Iggy Pop esteve em Cannes esta semana para divulgar Gimme Danger, um documentário dirigido por Jim Jarmusch que reconta a turbulenta trajetória do The Stooges. Em uma coletiva de imprensa, além de falar sobre o filme, o músico opinou a respeito da indústria musical nos dias de hoje, drogas e as preocupações dele em relação à sociedade em geral.

“Na minha vida eu já vi rios e lagos ficarem tão poluídos a ponto de você não conseguir beber, e aí você não consegue consumir a água que sai da torneira e acaba tendo que comprar água. Tudo se transformou em uma operação comercial. Seria ótimo se todo mundo conseguisse se acalmar um pouco. Existe um nível de estimulação hoje em dia que é muito intenso”, disse o cantor.

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Pop, que recentemente se uniu a Josh Homme, frontman do Queens of the Stone Age, para gravar o disco Post Pop Depression, também falou sobre como a indústria musical tem impactado a música nos dias de hoje. “A era digital transformou a arrecadação de dinheiro em algo extremamente eficiente. Quando começamos a banda, não conhecíamos o processo de divulgação de um disco. Agora é só apertar um botão que você fica rico no mesmo instante”, disse o autor de The Idiot.

O cantor se mostrou um grande entusiasta da saudosa tecnologia analógica, igualando-a ao ato de “misturar um amplificador à alma de uma pessoa”. Ele ainda declarou que a música digital atrapalha a habilidade natural que a música tem de transmitir o tipo de emoção crua pela qual ele ficou conhecido em trabalhos como Fun House (1970), Raw Power (1973) e o álbum The Stooges (1969), disco de estreia do grupo de Detroit. "É tipo: 'por que eu não simplesmente morro agora?'".

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Não é a primeira vez que o músico e o diretor Jim Jarmusch trabalham juntos. Os dois já haviam colaborado no filme cult Sobre Café e Cigarros (2003) e em Homem Morto (1995), no qual Pop atua ao lado de Tom Waits. Já Gimme Danger – primeira experiência de Jarmusch com o gênero documentário – conta com um acervo inédito de vídeos e imagens da banda que definiu o movimento punk. O filme também mostra Pop nos longínquos anos mais selvagens dele, em que as apresentações do grupo eram regadas a LSD e anfetaminas. Durante a coletiva, o cantor confessou: “Eu não uso mais drogas. Todo mundo deveria parar de se drogar. Para mim, a melhor coisa é beber um bom vinho (mas fumar maconha é ok para a maioria das pessoas).”

Nos últimos anos, Pop viu a morte de muitos amigos próximos e colaboradores, como foi o caso de Ron Asheton, guitarrista do Stooges, Lou Reed, Steve Mackay (que tocou saxofone em alguns trabalhos do Stooges) e David Bowie. Iggy Pop se mostrou admirado pelo fato de ainda estar vivo. “Por algum motivo, eu fui capaz de me regenerar de tudo o que eu já usei na vida”, ele disse. “Tudo que fiz foi dar uma maneirada e ir dormir cedo.”