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Ex-My Chemical Romance em São Paulo: Frank Iero libera seus demônios e critica o rock mainstream [ENTREVISTA]

Guitarrista chega com o som punk do Future Violents, sua terceira banda desde o fim do MCR

Yolanda Reis Publicado em 27/04/2019, às 11h00

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Frank Iero (Foto: Mitchell Wojcik)
Frank Iero (Foto: Mitchell Wojcik)

Frank Iero volta ao Brasil para apresentação única em São Paulo, neste domingo, 28. Sua última visita foi em 2008, durante a turnê do My Chemical Romance, banda na qual foi guitarrista e consagrou-se como músico.

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O MCR acabou em 2013, e desde então o músico se dedicou a projetos solos. Foram três discos e três bandas diferentes: Frnkiero and the Cellabration, com o álbum Stomachaches, Frank Iero and the Patience, apresentando Parachutes, e agora, chega ao país com o novo projeto, Frank Iero and the Future Violents, que está a poucos dias de lançar Barriers, seu álbum de estreia. 

Toda essa mudança não é à toa. “Eu realmente gosto do período de ‘lua de mel’ de começar uma banda. Sabe, escolher os músicos com quem você quer tocar, como vai ser o som, a estética, e todas essas coisas. Dessa maneira, posso fazer isso todas as vezes [que lançar um disco]. Eu sinto que se trocar os músicos, e cada álbum for algo novo, e a banda for diferente, então eu também preciso de um nome novo. Mas coloco meu nome da frente para tentar evitar confusão”, explicou Iero em entrevista para a Rolling Stone Brasil.

Sua nova mudança veio com o Frank Iero and the Future Violents e Barries, disco com estreia prevista para dia 31 de maio. O som é diferente dos trabalhos anteriores: mais melancólico. O primeiro single, “Young and Doomed”, chegou há cerca de um mês para definir o tom do novo álbum. Iero optou por um hardcore punk no som e nas letras. Canta sobre desespero.

Na música, descreve-se como “classicamente triste e inclinado à loucura”. É quase um resumo de tudo o que mostrou em seus quase 20 anos de carreira musical. Durante esse tempo, Iero lançou mais de uma dúzia de discos sob quase uma dezena de projetos diferentes. Mas todos eles tinham em comum o som puxado para o HC, o punk, e as letras falando sobre a desolação. Mesmo assim, consegue diferenciar cada trabalho e dar uma cara única.

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Frank Iero and the Violents reúne músicas das bandas Frnkiero and the cellabration e de Frank Iero and the Patience.

Leia a entrevista completa com o músico:

Você teve três projetos diferentes com três nomes diferentes desde o fim de My Chemical Romance. Por quê?

Eu realmente gosto do período de “lua de mel” de começar uma banda. Sabe, escolher os músicos com quem você quer tocar, como vai ser o som, a estética, e todas essas coisas. Então assim, posso fazer isso todas as vezes [que lançar um disco]. Eu sinto que se trocar os músicos, e cada álbum fosse algo novo, e a banda fosse diferente, então eu também preciso de um nome novo. Mas coloco meu nome da frente para tentar evitar confusão.

Quando eu comecei a fazer esses projetos solo, eu não pensava muito em como seguir esse caminho. Nunca foi meu desejo original, não queria ter a sensação que usei o My Chemical Romance como um trampolim para a carreira solo. Quando eu vi que estava seguindo esse caminho, percebi que eu poderia fazer o que eu quisesse e [fazer] qualquer coisa que fizesse meu esforço valer à pena.

“Young and Doomed” tem uma letra bem pesada, e este estilo hardcore punk. O que isso nos diz sobre seu novo disco, Barriers? O que podemos esperar?

Acho que esta é a beleza de toda esta aventura solo. Cada disco tem um som completamente diferente. Vocês podem esperar pelo inesperado.

Young and Doomed” foi uma boa primeira impressão. Porque eu realmente penso que, quando você escreve um disco, tem pelo menos uma ou duas músicas que são quase como um mapa para indicar as direções de onde você vai. E quando o álbum é lançado, tem pelo menos uma ou duas músicas que são um mapa para mostrar onde você esteve. Eu acredito que a música foi uma continuação da celebração da nossa desordem. A ideia de que não importa pelo que passemos, algumas coisas são características herdadas.

Esses sentimentos de ansiedade e depressão, e vícios, são coisas que existem em você, mesmo se você cresceu em uma boa casa nos subúrbios.. Essas coisas ficam na sua cabeça.  A ideia é perceber que suas falhas na verdade não são falhas, e sim aspectos que fazem de nós pessoas únicas. Ninguém é problemático exatamente da mesma maneira, e por isso eu acho que as pessoas são tão intrigantes e bonitas, porque não somos perfeitos.  Ninguém é. Cada um tem tem algo único que faz de nós um indivíduo, e devemos nos orgulhar disso.

A turnê de Barries começou em março, depois de um ano longe dos palcos. Como foi tocar diante de uma plateia de novo?

Foi extremamente assustador. Essa foi a primeira vez que fiquei tão longe dos palcos desde que comecei minha carreira. Eu fiz meu primeiro show aos 13 anos de idade, e saí em tour aos 17. Então desde os 13, 14 anos, nunca fiquei tanto tempo sem tocar.

Se algo definiu você por tanto tempo, e você para de fazer, fica o sentimento de ‘quem eu sou?’ Eu comecei a entrar na vida real, ficar em casa e com a família, e pensei ‘talvez eu não precise [fazer shows] tanto quanto pensei’.

Mas ai comecei um novo disco, e marcar datas de apresentação, e soube que precisava disso de novo. E aí veio outro medo: ‘meu deus, será que ainda sei fazer isso?’ Me sinto como uma pessoa completamente diferente, mas mergulhei nisso bem rápido. Agora, estou aproveitando bastante.

Você acabou de chegar na América do Sul e já tocou no Peru e no Chile. A última vez que veio ao Brasil foi em 2008, com o My Chemical Romance. Quais são suas expectativas para o show em São Paulo?

Cara, tudo mudou desde 2008. Eu fui pro Brasil com o My Chem’ e toquei só um show, e aí minha avó teve um derrame. Ele ficou bem mal e teve que ir pro hospital, e eu voltei pra casa e não fiz o resto da turnê. Minha avó acabou falecendo.

Eu não lembro muito [da época] porque foi uma reviravolta na minha vida pessoal, mas é uma turnê que eu sempre quis fazer, e foi algo que foi tirado de mim, e eu esperava poder voltar desde então. Demorou 11 anos, então eu estou muito ansioso para fazer esse show. Eu sinto como se fosse uma história de superação.

Já faz quase 20 anos que você começou sua carreira com o Pencey Prep [tocando punk]. Desde então, e até hoje, você toca hardcore. Tem gente que diz que o estilo não é mais relevante. O que acha disso?

[Entre risos] Isso é ridículo. O rock n’ roll é completamente relevante. Acho que o que temos é um terrorismo da indústria musical, do tipo ‘ah não, o rock não está indo tão bem quanto o pop, então não saiam do mainstream, não façam nada diferente, porque se não funcionar estamos ferrados’, e isso é a decisão errada.

O rock n’ roll foi feito para ser perigoso, para ir além, e temos só um monte de rock mainstream que não está fazendo isso. O que precisamos fazer é olhar para frente. Tem tantas bandas novas que desafiam os limites e estão fazendo coisas incríveis; se você ama rock, provavelmente sabe disso.

Mas sei lá, relevância e venda de álbuns nunca significaram nada para mim. Só faço o que amo.

FRANK IERO AND THE FUTURE VIOLENTS EM SÃO PAULO

Data: 28 de abril de 2019
Horário: 18 horas
Local: Fabrique Club
Endereço: Rua Barra Funda, 1071 (Barra Funda - SP)
Censura: 16 anos
Ingresso: R$ 130,00 (2º lote - Pista promocional/meia entrada/estudante). Compras online aqui. Ponto de venda físico é a Loja 255 na Galeria do Rock. 

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