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Exclusivo: Buffalo Springfield anuncia turnê com 30 shows na primavera

"Acho que vamos voltar a nos divertir como nos anos 60", diz Richie Furay

Por Andy Greene Publicado em 15/04/2012, às 13h02

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Sucesso nos anos 60, Buffalo Springfield retorna aos palcos com sua formação original - AP
Sucesso nos anos 60, Buffalo Springfield retorna aos palcos com sua formação original - AP

Sábado à noite, Buffalo Springfield vai amarrar sua reunião para sete shows encabeçando um line-up no Bonnaroo. De acordo com o cantor e guitarrista do grupo, Richie Furay, os fãs que não puderem vê-los agora terão outras chances ao longo do ano. "A ideia é fazer 30 shows nesta primavera [do hemisfério norte", conta à Rolling Stone.

"As Principais cidades em que tocaremos serão Nova York e Los Angeles. As outras eu não sei dizer agora - mas estamos quase confirmados no Red Rocks [anfiteatro em Denver, Colorado]".

A idéia é tocar em teatros maiores, ao contrário de arenas e anfiteatros. "Queremos manter tudo um pouco mais intimista", diz ele. "Em vez de ir e tocar em uma coisa enorme...tiveram pessoas da Flórida, Chicago e Texas perguntando para mim: 'ei, você vai vir pra cá?' Eu tenho de dizer que, com 30 shows, nós definitivamente iremos pra essas cidades".

Furay se tornou cristão na metade dos anos 70 e desde 1983 ele trabalha como pastor na Igreja de Cavalry em Broomfield, Colorado. "A igreja apoiou muito esta turnê", diz ele. "Tenho um pastor-assistente que está tomando conta aos domingos e temos um mestre de cerimônias, também. Está tudo nos conformes".

Horas antes de subir ao palco com o Buffalo Springfield no Anfiteatro Santa Bárbara Bowl, Furay deu uma entrevista à Rolling Stone para falar sobre a turnê.

Vamos começar do início. Onde você estava e o que estava fazendo há um ano, quando Neil Young te chamou pela primeira vez para falar sobre uma reunião do Buffalo Springfield?

Eu acho que estava no meu escritório em casa, provavelmente trabalhando em algo relacionado à Igreja. Isso não estava nos meus planos. Eu recebi uma ligação de Neil, então peguei o telefone e começamos a conversar. Ele disse que andara conversando com Stephen [Stills] e eles acharam que seria muito divertido tocar no show beneficente em Bridge School. Eles queriam saber se eu estava dentro. É meio engraçado, porque Neil disse 'sabe, nós não precisamos fazer isso agora se ainda é meio cedo. Podemos fazer no ano que vem ou no outro ano...' e eu pensando 'Neil, nós não temos mais 20 anos. É melhor fazer isso enquanto ainda podemos!'.

Acho que um dia depois nós todos nos telefonamos - Stephen, Neil e eu. Concordamos em tocar. Eu iria para Israel em algumas semanas, então logo depois que voltei eu tinha uns 4 dias de folga e fui para o noroeste da Califórnia. Meio que começamos a ensaiar a partir dali e deu nisso.

Quanto tempo depois dos shows em Bridge School vocês começaram a planejar mais shows neste ano?

Foi decidido entre o Dia de Ação de Graças e o Natal do ano passado. Eu não sei como tudo foi combinado. Nós três e nossos empresários concordaram em ir em frente e dar o próximo passo.

Creio que o Bonnaroo é o principal dos seis shows na Califórnia este mês.

Sem dúvida. Todos eles conduziram até lá. Começou em Oakland, que é um pouco mais obscura e fora do circuito. Então, fomos para Los Angeles e já havia mais tensão e publicidade ao nosso redor. Agora estamos em um espaço aberto menor. Isso nos deu um sentimento de ascensão no Bonnaroo.

Quantos dias vocês ensaiaram?

Uma semana inteira. Nossa vantagem é que já havíamos tocado em outubro, então já tínhamos pelo menos uma hora de música que já estava ensaiada. Partimos dali em diante. Uma das coisas mais puras em relação a isso é que nós mesmos estávamos fazendo isso. Não temos 10 músicos ou cantores. Temos cinco caras e o que você ouve é o que nós temos. Acho que é algo realmente único para o que estamos fazendo agora.

Voce irá cantar músicas que não canta há pelo menos 40 anos?

Ah, sim! Com a Richie Furay Band eu faço um conjunto de canções que eu cantei no primeiro álbum do Buffalo Springfield. Eu faço um medley de "Flying on the Ground Is Wrong", "Do I Have to Come Right Out and Say" e "Nowadays Clancy Can't Even Sing". Eu também toco uma versão de "Go and Say Goodbye" porque eu simplesmente amo aquela música. Então com estas 4 canções eu estava familiarizado, mas todo o resto são canções que eu não tocava havia 40 anos.

O que você sente quando está no palco com Neil e Stephen? Isso é algo que ninguém esperava que fosse acontecer novamente.

É demais. É isso que todo mundo está sentindo. Eu vi um cara esta manhã que disse que viria ao show hoje à noite. Ele disse "eu comprei ingressos 43 anos atrás em Nashville para ver vocês tocarem com os Beach Boys". Isso fazia um dia ou dois de quando Martin Luther King havia sido baleado e nós cancelamos o show. Ele disse "isso quer dizer eu estive esperando 43 anos pra ver essa banda tocar."

Eu estou tão acostumado a ver Neil como frontman. É legal vê-lo cantar harmonias ou somente tocar o piano. Ele normalmente não é apenas um contribuidor.

Neil deixou muito claro no primeiro show - e certamente foi compreensivo da nossa parte - que não seria Neil Young e Buffalo Springfield ou Stephen Stills e Buffalo Springfield. Esse é o Buffalo Springfield. Essa é a abordagem que vamos ter. É uma banda e todos cumprem seu papel. Joe [Vitale, baterista] e Rick [Rosas, baixista] têm o papel deles, também. Nos dividimos nas músicas e nos vocais principais. É uma verdadeira banda.

Não há agendas. Isso que é bem puro. Eu acho que passamos disso. Quero dizer, nós eramos moleques de 20 anos quando começamos. Estamos fazendo isso porque queremos fazer e é divertido e único e porque nós sabemos que há um monte de pessoas lá fora que, como eu, pensaram que isso nunca ia acontecer!

Esse deve ser o maior período de tempo que vocês ficaram juntos desde 1968.

É.

Como vocês estão lidando? É estranho, depois de todo esse tempo?

Não, não há nada estranho a respeito disso. Comecei a conversar com Neil a partir do momento que o vi no salão de ensaio, antes do show em Bridge School. Não houve nada que precisássemos fazer para ter nosso relacionamento antigo de volta. Nada mesmo. Então, Stephen chegou e foi a mesma coisa. Foi uma situação realmente dinâmica. Todo mundo estava sentindo a mesma coisa. Nós acabamos o show ontem à noite e Stephen tinha o maior sorriso em seu rosto. É assim que as coisas estão.

Eu acho que essa é a diversão que devíamos ter nos anos 60. Por causa das circunstâncias, simplesmente não aconteceu. Mas estamos nos divertindo agora. Tem energia em Neil. Tem energia em Stephen. Tem energia em mim. Eu me sinto jovem, cara.

Vocês estão todos ansiosos para tocar no Bonnaroo para algo como 80 mil pessoas?

Eu não. Sabe, às vezes é mais difícil tocar para 80 pessoas do que 80 mil. É assim que as coisas são. Shows intimistas podem ser muito mais intimidadores que tocar para um mar de gente.

Uma série de críticos chegou a comentar sobre como sua voz está surpreendentemente bem conservada. Você atribui isso aos seus genes, vida limpa ou apenas sorte?

Eu acho que é a bênção de Deus. Não tenho dúvida. Mas eu acho que estou cantando melhor que em 1967. Tenho mais confiança agora.

Vocês estão pensando em gravar os shows para um disco ao vivo ou um DVD?

Bem, nao teve nenhuma conversa concreta a respeito, mas sei que os shows estão sendo gravados. Cada um.

Você acha que o setlist vai mudar? Eu sei de fãs que querem ouvir "Expecting to Fly", "Flying on the Ground Is Wrong" e algumas outras.

Certamente não vai mudar antes do Bonnaroo, mas eu diria que quando estivermos tocando no inverno provavelmente vai ter mais cinco ou seis músicas. É provável que toquemos "Flying on the Ground Is Wrong", "Hung Upside Down" e "Down to the Wire". Estavámos até praticando a progressão de acordes dessa última, ontem.

Tenho certeza que é difícil responder isso agora, mas você acha que o Buffalo Springfield irá continuar depois dessa turnê?

Bem, eu não sei se posso dizer que o Buffalo Springfield é uma entidade que você pode apostar em que continuará. Quero dizer, pode haver coisas especiais que faremos - mas por enquanto vivemos um dia de cada vez. Nós todos temos carreiras diferentes e isso é o que estamos fazendo agora. O que é mais adorável para mim são as amizades. Quero dizer, é demais, cara.