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Pais de Criolo falam sobre a formação do rapper: "O sucesso é mérito dele"

A Rolling Stone Brasil conversou com os progenitores do artista paulistano durante show no Rio de Janeiro

Lucas Borges Publicado em 03/05/2015, às 10h08 - Atualizado em 04/05/2015, às 14h40

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Maria e Willi Vilani - Lucas Borges
Maria e Willi Vilani - Lucas Borges

O show acontecia havia mais de uma hora quando Criolo, atração especial daquela noite ao lado da incomum parceira Ivete Sangalo, tirou a atenção do palco para uma mesa no meio da plateia. No mar de celebridades globais, atletas e jornalistas em trajes de gala, a senhora de vestidinho florido e o homem de bata hippie e cabeleira black power grisalha despertavam curiosidade.

Conforme se descobriria a seguir, o casal homenageado pelo rapper com um bonito discurso eram os pais dele, trazidos do Grajaú, zona sul de São Paulo, à Glória, zona sul do Rio de Janeiro, como convidados especiais do espetáculo musical.

"Vacilaram em não chamar Ed Motta e em não me chamar", diz filho de Tim Maia sobre parceria de Ivete Sangalo e Criolo.

À medida do possível, interrompidos aqui e ali pelo som das canções de Tim Maia (aquele era o primeiro show de projeto da Nivea em homenagem ao Rei do soul brasileiro), Cleon Gomes e Maria Vilani atenderam pacientemente a reportagem da Rolling Stone Brasil para falar sobre as raízes de Criolo.

Criolo é coadjuvante em parceria com Ivete Sangalo para homenagear Tim Maia.

Muito mais a professora de filosofia Maria, a quem logo o pai, metalúrgico de formação, passou a palavra.

Leia a entrevista:

O quão grande é o privilégio de ver o filho do senhor sendo escalado para homenagear Tim Maia?

Cleon Gomes: É uma emoção muito forte, vai além das minhas expectativas. Para mim é um privilégio incomum. Mas a razão maior do sucesso do meu filho não sou eu, é a mãe dele.

Musicalmente falando?

Cleon Gomes: De tudo.

Por que é a senhora a razão maior desse sucesso?

Maria Vilani: Eu acredito que meu filho trouxe esse talento inato e ele aperfeiçoou ao longo da vida, acreditou nele, o que é mais importante. Embora o mundo inteiro nos diga “não”, nós devemos ser conscientes daquilo que temos e somos, acreditarmos em nós e lutarmos. Vencer todas as barreiras do mundo para resolver as nossas questões, realizar nosso sonho. Então, se eu sou responsável, sou responsável nesse sentido, de dizer, ‘Creia em você, vá em frente, lute pelos seus sonhos’”.

Você ainda não entendeu a mensagem de Cores & Valores? A detenção de Mano Brown é o exemplo perfeito.

Faz tempo que o senhor adotou esse estilo?

Cleon Gomes: Sempre tive esse estilo de usar cabelo black power e roupas assim.

E o estilo musical, o Criolo adotou de berço?

Maria Vilani: Nós sempre gostamos muito de música. Ouvíamos tudo que fosse possível ouvir em vinil, na vitrola pequenininha. Eu fazia todos os afazeres da casa ouvindo música e o Criolo gostava disso, cantava junto. Acredito que o meio, o contexto, contribuiu. Mas isso é uma coisa dele.

Quantos filhos vocês têm, eles também trabalham com música?

Maria Vilani: Temos mais quatro filhos. Profissionalmente, só ele trabalha com música.

E vocês organizavam um sarau no Grajaú, em São Paulo, certo?

Maria Vilani: O sarau no Grajaú continua e todos os meus filhos compõem. Tenho dois professores em casa, um de língua portuguesa e outro de língua inglesa.

A erudição na língua é de família, então?

Maria Vilani: Foi uma luta dele também porque ele buscou. Ele buscou o conhecimento. Sempre acho que o meio é muito importante, mas se a pessoa não tiver esse talento em potência...Acredito que vai desenvolver aquilo que a pessoa tem. Acredito que todo esse talento se deve a ele mesmo. A obstinação dele, a força de vontade de estar sempre querendo burilar, sempre achando que pode melhorar. O mérito é só dele.

Aonde o Criolo pode chegar como artista?

Maria Vilani: Ele vai cumprir a missão dele, vai levar a mensagem dele de acordo com a vontade de Deus.

Cleon Gomes: Consciente do seu ‘Eu’, que é a razão maior.