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Festival GRLS: Com o pop explosivo de Little Mix e Kylie Minogue, evento reúne gerações e celebra a diversidade

Com música e representatividade, o evento realizou dois dias de shows e palestras para comemorar o dia das mulheres

Julia Harumi Morita | @the_harumi Publicado em 08/03/2020, às 22h04

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Kylie Minogue (Foto:Reprodução / Instagram)
Kylie Minogue (Foto:Reprodução / Instagram)

O Festival GRLS reuniu uma multidão para celebrar a representatividade feminina e LGBTQ+ por meio da música no Memorial da América Latina, em São Paulo, no final de semana do dia da mulher.

+++ LEIA MAIS: Por que o Festival GRLS, inteiro formado por mulheres, é tão importante para o mercado brasileiro?

Idealizado, organizado e protagonizado apenas por mulheres e não-binários, o evento autoproclamado como “um festival de inspiração, reflexão, ação e transformação” trouxe a inclusão com os mais diversos gêneros musicais e gerações, desde o pop disco music de Kylie Minogue - popular entre pessoas na faixa dos 30 anos para cima - até o pop radiofônico de Little Mix - fenômeno musical entre os late millennials e a geraçāo Z. 

Além da música e do entretenimento, o evento inspirado pela luta feminista também realizou palestras e debates sobre a participação e a imagem da mulher na sociedade, desde o mercado de trabalho até as redes sociais. 

A Rolling Stone Brasil esteve presente no evento e separou os momentos mais impactantes de cada show do festival. Confira:

O fôlego e a resistência de Linn da Quebrada

Com fôlego, autoconfiança e resistência, Linn da Quebrada inaugurou o palco do Festival GRLS e apresentou os hits provocativos do disco Pajubá, lançado em 2017, como “Submissa do 7° Dia” e “Bixa Preta". 

"Enviadescer", a primeira canção apresentada, mostrou como seria o clima de todo o show: uma plateia ainda tímida e um pouco desgastada pela tarde de verão ensolarada, mas que fazia questão de aplaudir e estalar os dedos no ar ao final de cada performance.

Ao lado da banda de apoio e a cantora Jup do Bairro, como backing vocal, a cantora trans demonstrou a "Necomancia" e mergulhou pintos de borracha em um líquido branco para em seguida lambê-los, chupá-los e mordê-los. Em outro momento, a performer Natasha Princess subiu no palco para agitar o público e bater cabelo ao som de "Coytada".

Linn encerrou a apresentação com uma mensagem de militância e disse: "Nós somos a Linn da Quebrada. Linn da Quebrada é um movimento, que movimenta e movimenta e movimenta".


Gaby Amarantos e o empoderamento da mulher nortista 

“A xana que habita em mim saúda a xana que habita em vocês. Foi assim que Gaby Amarantosdeu início à apresentação no palco no primeiro dia do festival, que contou  com inúmeras outras frases de empoderamento.

A cantora fez os mais desinibidos caírem nas coreografias com um setlist eclético, que contou com os hits da carreira “Ex Mai Love” e “Treme”, sucessos do funks dos anos 2000, como “Atoladinha” - que tiveram as letras originais transformadas em hinos feministas - e clássicos do axé, como “Faraó” e “Preta”.

Gaby ainda trouxe mulheres indígenas de Tapajó para dançarem carimbó ao som de “Xirley”. A cantora de tecnobrega também reservou um momento do show para as bailarinas realizarem uma performance de dança contemporânea e disse: “Eu sabia da ausência de mulheres negras no público, porque elas são a base [...] Hoje elas estão aqui em cima do palco”.


O carisma e funk carioca de Ludmilla

A funkeira carioca substituiu a rapper norte-americana Tierra Whack, que informou o cancelamento da apresentação nesta sexta-feira, 6, devido a uma “decisão pessoal”. Contudo, Ludmilla não deixou nada a desejar na substituição de última hora.

Com uma banda de apoio de alto nível, a cantora embalou hit atrás de hit, de “Fala Mal de Mim” até “Verdinha”, e em nenhum momento deixou a energia cair entre o público. O carisma de Ludmilla também foi um dos diferenciais da apresentação. A artista mostrava naturalidade em fazer piadas, encantar o público com um beijo na namorada, Brunna, além de parar o show antes mesmo de terminar a primeira música para socorrer um fã com mal-estar na plateia.


A pista de dança de Kylie Minogue 

Kylie Minogue foi a escolhida para encerrar a primeira noite do Festival GRLS.  Com 15 minutos de antecedência, a cantora australiana subiu no palco e transformou a plateia em uma pista de dança com os hits “Love at First Sight”, “Get Outta My Way”, “Slow”, e, claro, o sucesso dos anos 2000 “Can’t Get You Out Of My Head”.

Para o Brasil, a cantora trouxe uma estrutura suntuosa, equipe e dançarinos similares ao do show realizado no Glastonbury, em 2019. A apresentação no célebre festival britânico contou com 3,2 milhões de espectadores e se tornou o show mais assistido da história do evento.

Apesar de ser a segunda apresentação da cantora no país, homenagens e mensagens de agradecimento à multidão brasileira não faltaram. "Tentei me preparar para essa noite, mas não é uma tarefa fácil, porque vocês são incríveis. Faz muito tempo que eu vim [para o Brasil] e sempre quis voltar", disse a artista emocionada. 

E a prova do amor de Kylie estava na roupa, um blazer branco com pedras brilhantes que formavam a palavra “Brasil”, e três músicas extras no setlist. Mesmo após encerrar o show pela segunda vez, a artista prolongou a despedida dos fãs e encarou o público sem palavras enquanto a banda se retirava do palco.


Poesia e teatralidade

A banda Mulamba conquistou rapidamente o público no segundo dia do festival. O show da banda curitibana começou com canções românticas - que combinaram, sem querer, com a tarde chuvosa de São Paulo. 

Poucas músicas depois, até os fãs fiéis de Little Mix, que já guardavam lugar na grade da pista, entraram no clima trágico e denunciante das músicas "Vila Vintém", "P.U.T.A" e "Mulamba".

Vestidas de vermelho e cinza, a banda encarnou a raiva das mulheres silenciadas e prestou homenagem às figuras históricas, como Dandara dos Santos. Já na última canção, "Espia Escuta", uma mulher trans foi convidada a subir no palco e dançar com as artistas. No fim, a plateia já pulava junto e dizia o nome da banda em coro.


A sutileza e promessa de Mc Tha

Promessa do funk e da MPB, Mc Tha expôs a singeleza da energia criativa e religiosa concentrada no interior do corpo, um tanto quanto tímido, dela. O show da cantora contou com os sucessos do disco Rito de Passá, "Abram os caminhos",  "Coração Vagabundo" e "Comigo Ninguém Pode", e interpretações de "Preciso Me Encontrar" e " Jorge da Capadocia".

Após a  performance de "Maria Bonita", a artista se manifestou sobre o dia das mulheres e relembrou a importância da cancageira para a luta feminista. "Desejo nesse dia 8 de março que as mulheres aqui e no mundo não aceitem menos do que merecem [...] Hoje, 8 de março, seria também aniversário de Maria Bonita", disse a cantora com a voz levemente trêmula.


A diva do pop brasileiro

Com voz, atitude, figurino, bailarinos e banda - que conta com trombone, trompete e saxofone - dignos de uma diva pop, IZA fez a plateia dançar no meio da chuva com "Ginga", "Briza" e o hit de estreia "Pesadão".

Apesar do repertório autoral pequeno, a cantora ganhou o público com a simpatia e os covers de "Whats My Name", de Rihanna, e "Saideira", do Skank.


O pop explosivo de Little Mix 

Os gritos jovens e ansiosos dos espectadores ao menor sinal de movimentação no palco mostraram que os fãs do Little Mix estavam prontos para cantarem as músicas o mais alto possível na primeira vinda do grupo ao país.

E o quarteto britânico, que, nesta apresentação contava apenas com três das integrantes devido o cancelamento da vinda de Perrie Edwards, também estava pronto para conquistar os fãs com vídeos, frases, coreografias e canções de empoderamento.

Como sucessoras da pista de dança de Kylie Minogue, o Little Mix agitou a multidão com um pop explosivo e hits da carreira, como "Women Like Me", "Bounce Back", "Black Magic" e "Wings".

As artistas ainda se declaram para a plateia brasileira com leques estampados com a badeira do Brasil, uma performance surpresa de funk e a exibição da bandeira do país mesclada com a bandeira LGBTQ+ no telão.

Se por um lado o público do Festival GRLS aparentou ser composto principalmente por homens, a causa feminista não deixou de ser celebrada e aplaudida durante as performances do line-up composto apenas por artistas mulheres. No fim, o evento foi uma grande festa de inclusão e respeito acompanhada por uma boa música.


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