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Festival MADA celebra música nacional com atrações locais e artistas consagrados

Em dois dias, evento reuniu nomes como Titãs, Karol Conká, Criolo e Rodrigo Santos

Por Antônio do Amaral Rocha, de Natal Publicado em 25/09/2013, às 20h55 - Atualizado às 22h18

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Titãs no MADA - Rogério Vital/Divulgação
Titãs no MADA - Rogério Vital/Divulgação

A 15ª edição do festival MADA (sigla para Música Alimento da Alma) aconteceu em 20 e 21 de setembro, na cidade de Natal (RN). E como nas edições anteriores, o evento confirmou a vocação de promover o encontro de artistas em ascensão com nomes já consagrados da música atual (clique na galeria acima para ver as fotos).

Considerando-se ser um festival com ingressos pagos, pode-se dizer que o MADA foi sucesso de público, com o gramado do Estádio João Câmara (no bairro da Ribeira) recebendo a média de quatro mil pessoas por noite. Foram montados dois grandes palcos, um ao lado do outro, para agilizar as entradas dos artistas - um acerto de organização, pois não houve intervalos longos entre uma atração e outra.

A banda do jovem guitarrista e compositor Artur Soares, de Mossoró (RN), abriu os trabalhos na primeira noite. O público ainda frio ouviu o repertório do CD Bodoque, faixas de rock com pitadas de repente que em alguns momentos lembrou Alceu Valença, em outros, Los Hermanos. Na sequência entrou o trio Pietá, formado pela carismática vocalista Juliana Linhares, Frederico Demarca (violão), Rafael Lorga (percussão) e mais os convidados Paulo Sarkis (baixo) e Neemias Lopes (sax). Foi uma apresentação intimista, quase acústica e teatral em alguns momentos, com fortes influências de cordel e sonoridades regionais. Com forte presença de palco, a rapper curitibana Karol Conká foi a terceira atração. O repertório do show, bastante animado, foi baseado no CD Batuk Freak, lançado este ano. Acompanhada apenas de um DJ, Karol levantou o público com suas letras incisivas e uma performance cheia de carisma.

Criolo era a atração mais aguardada da noite. Apoiado por uma banda pesadíssima (guitarra, baixo, teclados, bateria, percussão, trombone, trumpete e saxofone, mais o Mc Dandan), o cantor apresentou o repertório do já consagrado Nó na Orelha (2011), que extrapola o universo do hip-hop com menções a funk, samba, rock, reggae e bolero. O público potiguar demonstrou verdadeira veneração pela figura de Criolo, que retribuiu com energia contagiante, dançando e correndo pelo palco, enrolado em um tecido que usa ora como toalha, ora como adereço. Os momentos mais intimistas, com os hits “Não Existe Amor em SP” e “Freguês da Meia Noite”, mostraram que ele também é um grande intérprete. Depois de uma hora e meia de show, Karol Conka foi convidada para retornar ao palco por Criolo, que acrescentou que “música não é competição; é celebração”.

Sobrou para a banda paulistana Planta e Raiz a difícil tarefa de suceder a catarse causada por Criolo no palco. A missão foi cumprida com competência, resultando em um show de reggae contagiante com muitos momentos de interação com a plateia – como no destaque “Um Sonho” (“Um dia eu sonhei com o rei / Fui privilegiado pelo Marley”). Em seguida, foi a vez do projeto Esteban do músico gaúcho Rodrigo Tavares. Ex-baixista do Fresno, Tavares apresentou uma coleção de canções que o público já reduzido parecia já conhecer de cor. Enquanto se revezava entre o teclado e o violão, ele tinha o apoio competente da sanfona tocada por Paulinho Goulart, fazendo a alegria dos fãs que resistiram diante do palco até 4 horas da manhã.


Dia 2: Pratas da casa, Titãs e Rodrigo Santos

Os seis primeiros shows da segunda e última noite do MADA privilegiaram bandas com atuação frequente no Rio Grande do Norte. A primeira delas, Fukai, investiu em um rock clássico experimental, com pitadas de pop, progressivo, levadas psicodélicas e forte acento nas guitarras e teclados. A segunda atração, a dupla Talma (vocalista) & Gadelha (baixista), apresentou um show de 30 minutos com temas autorais de pop rock melódico do disco Maiô. Depois foi a vez do quinteto paraibano Glue Trip, que apresentou temas longos e elaborados com predomínio de teclado e flauta. Continuando o line-up das “pratas da casa” veio a potiguar Far From Alaska, com forte acento de rock experimental e de punk, também com um show curto de meia hora. Em seguida subiu ao palco a também potiguar Sonzera Band, com um show de rock enxuto e energético.

O fim de uma chuva fina que teimava em molhar a plateia foi a deixa para a entrada do Titãs no palco. Foi um verdadeiro “best of” com vinte sucessos da carreira do grupo paulistano (incluindo as faixas de Cabeça Dinossauro), que comemorou 30 anos de atividade em 2012. Apesar da longevidade, a energia no palco remontou aos primórdios da banda, em uma apresentação irrepreensível e empolgante, mas que não foi a mais impactante entre as atrações da noite.

Sem maiores aparatos - somente baixo, guitarra e bateria, em formação de power trio - Rodrigo Santos encerrou o MADA em grande estilo. Durante duas horas, o ex-baixista do Barão Vermelho tocou, acompanhado de Fernando Magalhães (guitarrista do Barão Vermelho) e Kadu Menezes (ex-baterista do Kid Abelha e Lobão), uma ampla seleção de sucessos do rock brasileiro, com ênfase na década de oitenta. Homenageou Cazuza e o Barão Vermelho, falou sobre as mortes recentes no rock brasileiro e cantou clássicos como “Bete Balanço”, “O Tempo não Para”, “Maior Abandonado”, “Codinome Beija-Flor”, “Exagerado”, “Por Você”, “Metamorfose Ambulante”, “Meu Erro”, “Me Chama”, “Malandragem” e “Tempo Perdido”. Também recordou Charlie Brown Jr. e cantou “Proibida para Mim”, emendando com “Será”, do Legião Urbana. Do disco solo, Motel Maravilha, que lançou este ano, tocou “Azul” e “Remédios”. Encerrou com “Satisfaction”, homenageando Serguei, o avô do rock brasileiro, com quem havia se apresentado um dia antes no palco da Rock Street, no Rock In Rio. À saída, com a camisa colada ao corpo, Santos declarou: “Se a gente pudesse tocar tudo o que a gente quer tocar...”