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Filha de 7 anos de George Floyd, Gianna fala sobre a morte do pai no julgamento de policial que o sufocou

O julgamento de Derek Chauvin começou na última segunda, 29

Redação Publicado em 01/04/2021, às 10h24

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George Floyd (Foto: Reprodução / Instagram)
George Floyd (Foto: Reprodução / Instagram)

Na última segunda, 29, a justiça norte-americana iniciou o julgamento de Derek Chauvin, o ex-policial que sufocou George Floyd, que morreu no dia 25 de março de 2020. O primeiro dia de depoimentos foi marcado por uma fala emocionante da filha de Floyd, Gianna.

De acordo com o Good Morning America, Gianna conversou com a ABC News e disse que gostaria de que o mundo soubesse que tipo de pai Floyd era. 

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"Ele era gentil e bom para minha mamãe o tempo todo," disse a garota ao lado da mãe, Roxie Washington, que relembrou a amizade com o marido e o "bom coração" que ele tinha.

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Antes de entrarem no tribunal, parentes e apoiadores de Floyd se reuniram para fazer um ato de protesto, em que se ajoelharam por 8 minutos e 46 segundos, tempo que Chauvin supostamente pressionou o pescoço de Floyd

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Segundo a BBC News, o julgamento, que deve levar cerca de um mês, também contou com um novo vídeo do momento da abordagem, o qual mostra que Chauvin ficou mais de nove minutos com o joelho no pescoço de Floyd

O segundo e terceiro dia de julgamento contou com depoimentos de testemunhas, como funcionários de lojas, clientes dos estabelecimentos e uma bombeira de folga que presenciou a cena.

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De acordo com a CNN, Chauvin é acusado de assassinato não intencional em segundo grau, homicídio culposo em segundo grau e assassinato em terceiro grau, e, segundo a BBC, pode receber uma sentença de décadas.


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Após o assassinato de George Floyd pelas mãos de um policial de Minneapolis, nos Estados Unidos, em 25 de maio, os números de streaming em músicas de protesto subiram. Músicas antigas como “Fuck tha Police”, do N.W.A., um chamado contra violência policial, servem como um lembrete que a crise estadunidense não é nada de novo. Conforme a resistência Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em português) continua nos EUA, artistas canalizaram a raiva e tristeza em novos hinos de protesto, inspirados diretamente pela morte de Floyd e os desdobramentos. Veja abaixo como artistas como YG, LL Cool J e Teejayx6 responderam ao último capítulo de uma crise de eras. 

YG - “FTP”

Alguns anos após o single de duas partes,  “FDT (Fuck Donald Trump)” (F**a-se Donald Trump, em português), YG lançou “FTP” - abreviação de “F**a-se a polícia”, em alusão ao divisor de águas do N.W.A., de 1998 - em resposta ao assassinato de Floyd e os protestos consequentes. Apesar de não haver referência específica a Floyd na letra, o MC de Compton, na Califórnia, faz rap sobre “Assassinatos e mais assassinatos depois de tantos anos”, e fala sobre “policiais da Klu Klux Klan, eles estão em uma missão”. A música também captura o espírito de exaustão pela necessidade de protestar pelas mesmas injustiças perpetradas contra pessoas negras por séculos. “Estou cansado de me sentir cansado”. Mas, claro, YG já disse tudo no refrão. “F**-se a polícia. Que se f**am.”

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LL Cool J - música sem título

Depois de um final de semana tenso de protesto, LL Cool J, um dos melhores do hip-hop de todos os tempos, capturou a revolta de uma nação em dois minutos e meio de versos a capella, entregues em uma publicação emocionada no Instagram. Começa com “Por 400 anos vocês colocaram os joelhos em nossos pescoços”, em referência à maneira brutal usada pelo policial Derek Chauvin para tirar a vida de Floyd, LL não escolhe eufemismos para falar dos efeitos da supremacia branca. “Assistindo aquele homem morrer lentamente deixou um buraco”, ele diz. “Ele chamou pela mãe enquanto o assassinato prosseguiu / Se não fossem aqueles celulares, Chauvin estaria em casa / Sentindo que teve motivo por causa do tom da pele de George / Digo a todos com melanina, vocês não estão sozinhos”.  O rapper também citou outras pessoas negras mortas sem justificativa pelas mãos da polícia e outros oficiais ao longos dos anos, como Eric Garner, Trayvon Martin, Amadou Diallo, Tamir Rice, Sandra Bland e Breonna Taylor. Ele termina com a frase “Vidas Negras Importam para sempre”. 

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Teejayx6 - “Black Lives Matter”

"Black Lives Matter", nova faixa do jovem rapper de Detroit, Teejayx6 - compartilhada com a hashtag #RIPGeorgeFloyd (“Descanse em paz, George Floyd”, em português) com um vídeo das cenas dos momentos finais de Floyd e outros exemplos de brutalidade policial contra negros - está repleta de questões retóricas sem boas respostas. “Como minha mãe vai dormir à noite e a polícia nos mata?”, canta em cima de uma batida midtempo do produtor TM88, de Atlanta. A seguir na música, o rapper questiona diretamente o assassino de Floyd, Derek Chauvin (“Por que você teve que colocar o joelho no pescoço dele?") e as testemunhas da morte  ("Por que você não foi ajudá-lo?"). A música pede apoio ao movimento Vidas Negras Importam e lamenta porque, em momentos como esse, esse ou qualquer slogan parece pouco. “Outro homem negro acabou de morrer em vídeo/Mas não podemos usar nossos martelos /Tudo o que podemos dizer é: 'vidas negras são importantes’”. 

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Terrace Martin feat. Denzel Curry, Daylyt, Kamasi Washington, and G Perico - “Pig Feet”

O histórico do produtor e multi-instrumentista Terrace Martin com diversos gêneros musicais - e o currículo inclui trabalhos com Kendrick Lamar, Snoop Dogg, Herbie Hancock e muitos outros - ajudou a reunir o elenco estelar nessa faixa urgente, com os MCs Denzel Curry, Daylyt, e G Perico, com o saxofonista Kamasi Washington. Curry cai para a briga e pinta uma imagem sombria da vida de um homem negro na América do Norte. “ "Helicópteros na minha varanda / Se a polícia não puder assediar, eles querem fumar cada grama de mim". Os versos de Daylyt aceleram em uma série de sílabas, e aterrissam em declarações gritantes como: "Eles vão pagar por levar meu irmão". O saxofone de Washington dá ênfase às falas dos rappers e, quando a faixa termina, ele e Martin surgem em uma explosão de improviso fervorosa. "O clipe dessa música está acontecendo do lado de fora da janela", diz uma mensagem na tela no vídeo, e leva para casa a urgência desta declaração coletiva.


Conway the Machine - “Front Lines”

Depois que os manifestantes atearam fogo ao terceiro distrito do departamento de polícia de Minneapolis, em reação ao assassinato, MC Conway the Machine lançou "Front Lines", sobre a morte de Floyd e a revolta causada pelo crime. "Cracker inventou as leis, por isso o sistema é falho", acusa Conway, depois de descrever como Chauvin se ajoelhou no pescoço de Floyd. “Policiais matam pessoas negras ao vivo  e não são acusados ​​/ Não aguentamos mais / Não posso assistir você matar meu irmão, você terá que matar todos nós”. A música termina com uma gravação de um repórter descrevendo as chamas subindo pela delegacia, enquanto a faixa de fundo ansiosa de Conway toca em segundo plano.

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Hiss Golden Messenger - “Stones (For George Floyd”)

M.C. Taylor, o cantor e compositor conhecido como Hiss Golden Messenger, publicou esse lamento folk no Instagram cinco dias após a morte de Floyd. "Eu assisti ao vídeo de George Floyd sendo assassinado por aqueles policiais em Minneapolis", disse na introdução da música recém-escrita. "E eu me senti enjoado".  A faixa de Taylor é triste e indignada, e faz referência direta aos momentos finais de Floyd: "Ei, é quente nas ruas quando eles te pegam no asfalto / É quente quando você mora no inferno". Ele envolve o público com uma variação de uma citação de Toni Morrison - “Quero partir cantando músicas à beira do rio / Quero contar a todos sobre algo bom / Mas se você só se sentir grande quando o vizinho estiver de joelhos, preciso cantar uma música diferente para você ” - e sugere que, para qualquer artista com uma plataforma, não importa qual a nacionalidade, não é momento para silêncio. 


Wyatt Waddell - “Fight!”

Muitas das músicas criadas em reação ao assassinato da morte de Floyd e a nova onda de protestos do movimento Vidas Negras Importam tiveram - por motivos óbvios - tons de indignação, desânimo ou ambos. Mas Wyatt Waddell, cantor de Chicago, escolheu abordar uma emoção diferente, e criou uma música soul-funk animada, pensada especificamente para animar o ânimo daqueles nos protestos. "Essa música sou eu olhando o que está acontecendo e o que eu diria às pessoas nas ruas", explicou no Bandcamp. "Espero que possa ser um hino para o meu povo na lutando por uma América melhor". Waddell usa uma batida forte, vocais no estilo gospel e grooves retrô felizes para ressaltar a principal mensagem de positividade da música em tempos tão sombrios: “Já existe muita dor / e não há mais nada que possamos fazer”. Ouça aqui


Texto: Jonathan Bernstein, Kory Grow e Hank Shteamer, da Rolling Stone EUA |Tradução de Larissa Catharine Oliveira