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Filhas de B.B. King alegam que pai foi envenenado; advogado nega

Lendário guitarrista de blues morreu em 14 de maio, oficialmente, por demência multi-infarto

Redação Publicado em 26/05/2015, às 09h44 - Atualizado às 12h44

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B.B. King se apresenta no anual B.B. King Homecoming, um show que relembra o início da carreira do músico, em agosto de 2012. 
 - Rogelio V. Solis/AP
B.B. King se apresenta no anual B.B. King Homecoming, um show que relembra o início da carreira do músico, em agosto de 2012. - Rogelio V. Solis/AP

Karen Williams e Patty King, filhas da lenda do blues B.B. King, morto em 14 de maio, em Las Vegas, segundo médicos, de "demência multi-infarto", têm uma controversa versão sobre a morte do pai.

Revelada a causa da morte de B.B. King; funeral acontecerá no sábado, 23.

À Associated Press, ambas afirmaram que a morte do artista foi um homicídio. “Acredito que meu pai foi envenenado e que lhe prescreveram remédios desconhecidos. Acredito que meu pai foi assassinado”, diz um comunicado assinado por Karen e Patty e obtido pela AP através da advogada delas, Larissa Drohobyczer.

Dez grupos e artistas que não existiriam sem B.B. King.

B.B. King tinha 89 anos e há 30 vivia com diabetes. Ele foi hospitalizado em abril devido a uma desidratação e em outubro de 2014, foi forçado a cancelar oito datas de shows por desidratação e exaustão.

As filhas do guitarrista alegam que a família foi impedida de se aproximar de King nos últimos dias de vida dele. Em entrevista à KLAS-TV, a irmã delas, Shirley King, disse ter passado pelo mesmo problema.

O assistente pessoal Myron Johnson e a empresária LaVerne Toney seriam os responsáveis pelo suposto crime. Patty teria visto Johnson pingar duas gotas de uma substância sem procedência definida na língua de King por vários meses até a morte do pai.

O advogado Brent Bryson, que representa Johnson e LaVerne, nega as acusações. “Espero que elas tenham uma base factual que possam mostrar para essas alegações difamatórias e falsas”.

Segundo a AP, a polícia de Las Vegas está investigando o caso. B.B King será enterrado no próximo sábado, 30, em Indianola, no Mississippi.

Trajetória

Ele nasceu Riley B. King em Itta Bena, no Mississippi, em 16 de setembro de 1925. Seu jovens pais se divorciaram quando ele tinha cinco anos de idade e sua mãe morreu quando ele tinha nove, deixando-o para ser criado pela avó materna.

De Eric Clapton a Buddy Guy, todos do estilo imitaram B.B. King.

King largou a escola no começo do colegial (mas estudou vigorosamente matemática e línguas até mais velho) e passou a viver colhendo algodão por um centavo a cada meio quilo e cantando músicas gospel em uma esquina do local.

Ele se casou aos 17 anos. “Acho que estava em busca de amor, porque eu nunca tive ninguém que eu acreditasse que realmente me amava”, disse ele à Rolling Stone EUA em 1998. Foi o primeiro de dois casamentos que deram errado. “Desde o começo da minha infância tive problemas em tentar me abrir. Por favor, abra-me. Olhe lá dentro! Porque eu não consigo. Não sei como fazer isso.”

Em 1948, King vivia em Memphis, trabalhando como um motorista de trator, quando ele fez um show no programa de rádio local de Sonny Boy Williamson. Aquilo o levou a um trabalho em uma casa de show popular da cidade, tocando por seis noites na semana, ganhando US$ 12 por noite.

Em Memphis, ele conheceu artistas como Louis Jordan e T-Bone Walker, com os quais ele ouviu o som de uma guitarra elétrica pela primeira vez na vida. “T-Bone tinha, para mim, aquela sonoridade de ser estar no paraíso”, disse ele.

King teve seu primeiro hit no topo das paradas em 1951, com “3 O’ Clock Blues”. Outras dezenas de hits alcançaram tal posição, incluindo “You Upset Me Baby”, de 1954, e “Sweet Sixteen”, de 1959.

Nos anos 1960, o sucesso das bandas britânicas influenciadas pelo blues ajudou a ampliar o apelo a King. Ele começou a tocar para plateias brancas de rock com gente como os Rolling Stones e Eric Clapton. Nessa época, a sonoridade dele começou a mudar.

Quando a Rolling Stone incluiu King entre os 100 Maiores Guitarristas, Billy Gibbons do ZZ Top disse: “Houve um momento de virada, mais ou menos na época de Live at the Regal [de 1965], quando seu som assumiu uma personalidade que hoje é intocável – este timbre arredondado, no qual o captador de cima e o de baixo estão fora de fase.”

Ele acrescentou: “E B.B. ainda toca com um amplificador Gibson que não é produzido há muito tempo. Seu som vem dessa combinação. É simplesmente B.B”. Algumas das melhores gravações de King são os discos ao vivo, incluindo Live in Japan e Live at Cook County Jail, que mostra sua entrega magistral e carisma de showman das antigas.

Já no fim dos anos 1960, King mudou-se para Nova York e começou a trabalhar com o empresário Sid Seidenberg, que o ajudou a reduzir seus hábitos de aposta e o colocou no estúdio com grandes produtores. Os hits que se seguiram incluem “Paid the Cost to Be the Boss” (1968), “Why I Sing the Blues” (1969) e “Thrill Is Gone” (gravada originalmente em 1951 por Roy Hawkins), que rendeu um Grammy a ele em 1970.

Na década de 1970, King também gravou discos com o amigo de longa data Bobby Bland: Together for the First Time...Live (1973) e Together Again...Live (1976), e a canção “To Know You Is to Love You”, de 1973, produzida por Stevie Wonder.

Em 1988, ele gravou “When Love Comes To Town” para o disco do U2 Rattle and Hum. Bono depois lembrou uma história das sessões de estúdio: “Quando estávamos trabalhando, estávamos mostrando a ele os acordes e ele disse: ‘Senhores, não faço acordes. Faço isso [referindo-se a seu estilo de solar]’. Há uma lição naquilo. Ele é, como Keith Richards descreve, um perito.”

Em 1991, o B.B. King’s Blues Club abriu em Memphis. Em pouco tempo, ele teria clubes por todo o país. Ele continuou tendo sucesso comercial até mais tarde em sua carreira. Em 2000, Riding With the King, álbum gravado com Eric Clapton, chegou ao topo das paradas norte-americanas de blues e vendeu mais de 2 milhões de cópias.

King era também um entretenedor fora do palco, frequentemente fazendo encontros, no quais ele conversava com os fãs e “crianças da guitarra”, como ele os chamava, por horas. Ele também era ávido leitor e entusiasta da internet que uma vez ensinou um jovem repórter como transferir vinil para mp3. “Deus, não sei como eu vivia sem isso!”, disse ele sobre o computador.

“Estou mais lento”, disse ele à RS EUA em 2013. “Conforme você fica mais mais velho, seus dedos às vezes incham. Mas eu faltei 18 dias em 65 anos. Alguns caras simplesmente escapam. Nunca fiz isso. Se tenho um show agendado, vou lá e toco.

Ele acrescentou: “As plateias me tratam pelo meu último nome. Quando subo ao palco as pessoas normalmente ficam de pé, sendo que eu nunca pedi isso a eles, mas eles fazem. Eles se levantam e não sabem o quanto eu gosto disso.”