Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Furacão 2021: 'proibidões' dos anos 2000 ganham versões indies - e você vai amar ouvir 'Tremendo Vacilão' assim

Conheça o Qnipe, coletivo multimídia de músicos de Belo Horizonte que recria sucessos dos anos 2000 com elementos da música contemporânea

Isabela Guiduci Publicado em 09/04/2021, às 10h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Qnipe (Foto: Divulgação/Qnipe)
Qnipe (Foto: Divulgação/Qnipe)

Sabe aquele sentimento gostoso ao ouvir um hit da antiga? De dançar ao som daquele funk proibidão que tovaca nas matinês como "Tremendo Vacilão" ou "Festa no Apê"? Bateu saudade, né? Pois, sugerimos aqui um bom remédio para curá-la: as Qnipe Sessions, projeto que transforma essas canções em versões inéditas as quais revisitam a nostalgia de maneira impecável. 

Reviver os anos 2000 e experimentar este sentimento nostálgico, compartilhado pelos mais diversos públicos, é uma sensação curiosa, divertida e, podemos dizer, mágica. Se a saudade de dançar um funk em uma matinê enquanto canta "Pra mim já chega. Eu tô bolada. Agora quem não quer sou eu" está grande, o Qnipe apresenta uma releitura incrível da música, que é impossível não apreciar.

+++LEIA MAIS: Young Lights brinca com experimentações em nova fase: 'É mais pop que Sonic Youth. Mas não pop como Mumford & Sons' [ENTREVISTA]

Ao combinar o popular e a nostalgia nasceu o Qnipe: uma fórmula de sucesso. Brilhantemente, o projeto de versões musicais mescla hits brasileiros com elementos da música pop contemporânea em vídeos divertidos e espontâneos. E, tudo, com uma estética nostálgica inconfundível.

[Colocar ALT]
Capa  Tremendo Vacilão (Foto: Divulgação/Qnipe)

Formado por quatro artistas: Daniel Moreira, vocalista da banda Chico e o Mar, Mateus Ribeiro guitarrista da banda Qairo, e pelos produtores e músicos, Gabriel Duarte e George Faria, o coletivo multimídia de Belo Horizonte lança nesta sexta, 9, a versão indie completa de "Tremendo Vacilão", em parceria com as cantoras Clara e Sofia (Clara X Sofia).

+++LEIA MAIS: Rosa Neon anuncia fim da banda com ode à amizade em 'A gente é demais': 'Cada um conseguiu sugar algo positivo da pessoa ao lado' [ENTREVISTA]

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o quarteto falou sobre o sentimento de nostalgia, as escolhas das músicas, o retorno positivo do público, a rápida evolução das Qnipe Sessions nas redes sociais e o futuro do projeto. 

Mateus Ribeiro reflete sobre os sentimentos ao recriar as canções: "Lembro de escutar Mc Marcinho e Mc Leozinho quando mais novo. São músicas que me lembram das primeiras paixonites de escola. Esse sentimento nostálgico também traz uma paz, porque era uma fase da vida em que não existiam muitas preocupações. Acho que, por isso, temos tanto carinho pelas músicas e é tão divertido criar essas versões."

+++LEIA MAIS: Tuyo transborda internacionalmente e mostra satisfação de ser ouvida por pessoas de diferentes continentes [ENTREVISTA]

"São músicas que estão associadas a uma memória de um tempo mais inocente da nossa vida, e tem aquele trem lá né: a teoria popular de que a cada 20 anos a gente tem um ciclo nostálgico novo. Para mim, fomos apenas um fruto do tempo. Em 2040, Sidoka vai ser nostálgico", completa Gabriel Duarte.

Para George Faria, o Qnipe não exatamente potencializa a sensação de nostalgia, porque "as músicas originais têm mais influência nesse sentido". Como o artista lembra, inclusive, o consumo musical era outro no início dos anos 2000: "A 'validade' dos hits era maior e uma mesma faixa conseguia impactar diferentes gerações".

+++LEIA MAIS: Conheça O Grilo, a banda que troca de estilo a cada compasso - e transforma em música todas suas angústias e incertezas [ENTREVISTA]

Ainda, o músico cita o exemplo do hit "Ela Só Pensa em Beijar" do MC Leozinho, que "foi a 6ª música mais tocada em 2006 e lá em 2011, ele ainda tava no Caldeirão do Huck (de camiseta e cantando a mesma faixa)".

"Entramos numa viagem nostálgica de relembrar várias outras músicas importantes para nós, que nos levou a fazer as outras versões. [...] Com certeza foi nossa mente procurando conforto em alguma memória gostosa do passado para o isolamento ficar um pouquinho menos difícil", conclui George.

+++LEIA MAIS: Filho e netos de Gilberto Gil: como Gilsons se tornou acalanto em tempos de crise política e de saúde

Ouça "Ela Só Pensa Em Beijar":


O começo do Qnipe e a crescente nas redes sociais

[Colocar ALT]
Qnipe (Foto: Divulgação/Reprodução)

O Qnipe é um projeto de quarentena e, segundo Gabriel Duarte "se não fosse o isolamento, não iria nem existir". George acrescenta que devido à pandemia, os quatro ainda não se encontraram "no mesmo recinto como um grupo": "Nunca vi o rostinho do Dan, nem do Mateus. O Qnipe é um webnamoro multimídia."

As versões começaram com Gabriel e Daniel: "Estávamos nos aproximando mais no início da quarentena (pois trabalhamos na mesma empresa) e daí fizemos uma brincadeira despretensiosa. Uma versão alternativa de 'Amo Noite e Dia' do Jorge e Mateus", fala Duarte.

+++ LEIA MAIS: Lagum, Los Hermanos, Anavitória e mais: como os artistas ajudam produtores, técnicos de som e equipe

"Como o trem deu bom", como diz Gabriel Duarte, os dois chamaram os outros músicos que completam o quarteto: George, amigo e veterano da faculdade de Gabriel, e Mateus, amigo de Daniel. Juntos, a ‘nova formação’ fez um trap de "Ela Só Pensa em Beijar", do MC Leozinho, e não pararam desde então.

Com o sucesso de "Amo Noite e Dia" e "Ela Só Pensa em Beijar", os hits "Musa do Verão", "Garota Radical", "Glamourosa" com participação do vocalista da Jovem Dionísio, Bernardo Pasquali, e "Tremendo Vacilão", em parceria com as cantoras Clara e Sofia (Clara X Sofia), ganharam a cara do Qnipe

+++LEIA MAIS: Daparte repensa identidade sonora e busca liberdade criativa com EP feito na quarentena [ENTREVISTA]

Todos os vídeos e produções são caseiros, com "equipamentos de quarto", como conta Mateus Ribeiro, e cada um faz a própria parte de casa. De acordo com o guitarrista, Daniel Moreira gravou os vocais no celular, com exceção de "Tremendo Vacilão".

"Definimos conceitualmente como vamos fazer cada versão. Biel e Joje [George] fazem a re-harmonização e produção do beat. Depois, gravo as guitarras e violões, e Dan os vocais. A mix e master também são feitas pelo Joje e Biel, que finaliza as mixes todas em um mini system Aiwa e o George confere num Gradiente dos anos 1980", explica Mateus sobre o processo de criação e produção.

+++LEIA MAIS: O futuro da Lagum: como a banda quer homenagear legado de Tio Wilson nos próximos lançamentos [ENTREVISTA]

[Colocar ALT]
Daniel Moreira, George Faria, Gabriel Duarte e Mateus Ribeiro (Foto: Reprodução/Qnipe)

Desde a primeira versão, o retorno dos fãs foi impressionante - e com públicos de todas as idades. As Qnipe Sessions acumulam mais de 650 mil plays entre Instagram, Twitter e TikTok, além de 3 milhões de visualizações em conteúdo gerado por outros perfis organicamente no TikTok.  

"Com os vídeos, tivemos boas reações de uma galera dos 15 aos 40 anos de idade. Essas músicas mexeram com essas pessoas que estavam assistindo e compartilhando, e quando começamos, não sabíamos que seria tão doido assim", conta Daniel Moreira.

+++ LEIA MAIS: Tuyo é a banda que você deveria parar o que está fazendo e escutar agora [ANÁLISE]

O cantor complementa: "Parece que o público compartilha do mesmo sentimento que guia nossa motivação ao fazermos as versões. Além disso, conseguimos introduzir as músicas para quem ainda nem mesmo as conhece, com uma sonoridade mais contemporânea e com um vídeo mais divertido."

"Acredito que quem gostou estava passando pelo mesmo momento que a gente, e se identificou. [...] Desde o lançamento da penúltima versão, de 'Glamourosa' com o Ber Pasquali, da Jovem Dionísio, a parada saiu completamente do nosso controle", comenta George Faria

+++LEIA MAIS: Conheça o Rosa Neon, banda pop queridinha de Djonga

Com o sucesso incrivelmente grande das versões, constantemente, o público pede as músicas completas disponíveis nas plataformas digitais. E, assim como aconteceu com "Tremendo Vacilão", as outras canções com a identidade única do Qnipe devem chegar aos streamings. 

"Queremos lançar o mais rápido possível, mas infelizmente temos alguns impasses, como as liberações com os detentores dos direitos autorais e o fato de todo mundo do grupo ter outros trabalhos além do Qnipe", explica George.

+++LEIA MAIS: Liniker e os Caramelows anunciam separação: Entrevista Rolling Stone

 Ouça "Glamourosa", com Bernardo Pasquali:


Tremendo Vacilão

Desse modo, após o grandioso sucesso nas redes sociais e o ótimo retorno positivo do público, "Tremendo Vacilão", em parceria com Clara e Sofia, finalmente chegou às plataformas digitais nesta sexta, 9.

[Colocar ALT]
Clara e Sofia (Foto: Divulgação)

"A Clara e a Sofia foram incríveis. Entenderam muito bem a proposta do projeto, desde a música, até os vídeos e posts no Instagram. Trocamos muitas ideias e dessas reuniões surgiram a capa do single e os conceitos da divulgação. Depois de algumas semanas de muito trabalho, enfim a música chegou ao mundo e esperamos que todos vocês curtam bastante", fala Gabriel Duarte.

+++LEIA MAIS: Funk brasileiro no palco do Grammy: assista performance de Carbi B e Megan Thee Stallion

Segundo Daniel Moreira, a versão de "Tremendo Vacilão" foi surpreendente: "Consideramos uma das mais legais que já fizemos e até mesmo a Perlla viu e compartilhou no Instagram dela."

Sobre a ideia de ter essa versão completa nas plataformas digitais, Moreira acrescenta que Lipe Carvalho, o manager da dupla Clara e Sofia, propôs o lançamento nos streamings depois de uma quantidade grandiosa de pedidos da música. 

+++LEIA MAIS: Com 'Coringa', Jão inicia nova era: 'É um álbum libertário' [ENTREVISTA]

"Super curtimos a ideia e fizemos acontecer juntos a partir daí. Ele fez um trabalho impecável de produção executiva de todo o processo, promovendo reuniões entre nós, a gravadora e as meninas para darmos seguimento ao lançamento e ao planejamento", finaliza o cantor. 

Ouça "Tremendo Vacilão":


Futuro do Qnipe: O que será que vem por aí?

Com as Qnipe Sessions, Daniel Moreira pretende "montar uma legião cada vez maior de pessoas que gostem de Tekpix, Motorola V3 e Cybershot; viajar todo o Brasil para tocar as versões Qnipe e continuar trazendo felicidade através dos vídeos". Enquanto isso, Gabriel  Duarte quer "representar a Música 2 no Brasil, já que a Música 1 está com os dias contados".

George Faria gostaria de um "Qnipe feat. Oliver Sykes[vocalista da banda Bring Me The Horizon que agora mora no Brasil com a esposa Alissa Salls], agora que ele tem CPF. Ele pode ser o nosso Ben Harper na versão de ‘Boa Sorte (Good Luck)’".

+++ LEIA MAIS: Como João Marcello Bôscoli trabalha para trazer a mãe, Elis Regina, para as novas gerações [ENTREVISTA]

Já o guitarrista Mateus Ribeiro pensa um pouco maior e quer "inaugurar o Grammy Latino para melhor Música 2 e o Qnipe FEST - dress code: bermuda jeans e total 90 (ou papete do Seninha)."

Brincadeiras à parte, para acompanhar os próximos passos e versões incríveis do quarteto é só seguir o projeto nas redes sociais. Por fim, vale lembrar que o Qnipe não é uma banda. 

Siga o Qnipe no Instagram:


+++ KONAI: 'ESTAMOS EM PRESSÃO CONSTANTE PARA SER O QUE NÃO É NOSSO NATURAL' | ENTREVISTA