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Gal Costa beira perfeição em show intimista Espelho d'Água

Apresentação aconteceu na noite desta quinta, 22, em São Paulo, e contou com clássicos como "Tigresa" e "Baby"

Luciana Rabassallo Publicado em 23/01/2015, às 00h03 - Atualizado às 12h58

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Gal Costa no show "Espelho d'Água" - Luciana Rabassallo
Gal Costa no show "Espelho d'Água" - Luciana Rabassallo

Quando Recanto (2011) chegou às lojas, muitos fãs tradicionalistas de Gal Costa torceram o nariz. Julgaram a obra demasiadamente moderna, quase uma tentativa desesperada de comunicação com as gerações mais jovens. Com o passar do tempo (e a digestão dos puristas), o disco se tornou um marco na carreira da cantora. Agora, ela volta aos palcos com show que faz um contraponto exato ao que pudemos ver durante as apresentações da turnê "Recanto".

Gal Costa e Caetano Veloso retomam em 2011 uma das parcerias mais duradouras, intensas e prolíficas da música brasileira – uma história de amor nascida nos anos 60 e que gera frutos até hoje.

Sem bateria eletrônica, percussão, naipe de metais, teclados ou efeitos no microfone. O show Espelho d'Água tem um único protagonista: a voz plena de Gal Costa. Acompanhada apenas por Guilherme Monteiro e o violão/guitarra dele, a cantora presenteou o público que lotou o teatro do Sesc Pinheiros, na noite desta quinta, 22, em São Paulo, com um belíssimo concerto.

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Ao som de "Caras e Bocas", parceria entre Caetano Veloso e Maria Bethânia, que Gal lançou em 1977 no disco de mesmo nome, a voz da interprete preencheu o palco. O cenário é simples: duas caixas de som, um pedestal, um banco, a cadeira de Monteiro e os instrumentos dele. Nos primeiros instantes, há uma sensação de vazio. A impressão é ainda mais forte para os que estão acostumados aos espetáculos repletos de telões e pirotecnias que povoam os palcos e desviam a atenção da plateia do essencial: a música. Em seguida é a vez de "Passarinho" (Tuzé de Abreu), "Minha Voz, Minha Vida" (Caetano Veloso) e "Folhetim" (Chico Buarque).

"Boa noite", diz Gal após uma efusiva salva de palmas. "O repertório deste show é formado pelas canções mais importantes da minha carreira e também por aquelas que eu mais gosto de cantar. Quero ressaltar a importância do Guilherme para essa empreitada. Afinal somos só eu e ele aqui", afirma. "Eu o conheci quando ele substituiu o Pedro [Baby, guitarrista oficial da banda que a acompanha] em uma apresentação da turnê 'Recanto'. Durante os ensaios, ele fez essa cama que qualquer cantora gosta", contou, antes de acrescentar: "Foi nessa hora que eu gamei".

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Com interpretações irrepreensíveis, "Vaca Profana" (Caetano Veloso), "Coração Vagabundo" (Caetano Veloso), "Negro Amor" (Bob Dylan/ versão: Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti) e "Tigresa" (Caetano Veloso) emocionaram o público e arrancaram lágrimas dos mais sensíveis. Observando o clima de comoção, Gal assumiu o microfone para dar a sentença: "Essas aqui são grandes facadas no peito, não é?". Notável coadjuvante durante todo o espetáculo, a belíssima iluminação foi destaque. Cores quentes em momentos íntimos e variações de tons frios nas canções festivas fizeram a plateia, literalmente, sentir na pele as três partes do show.

"Vou cantar uma música que eu gravei no meu disco mais ousado da década 1960", disse, antes de apresentar "Tuareg", de Jorge Ben Jor. "Eu gosto muito desse álbum [Gal, de 1969]. Gosto ainda mais dessa gravação de 'Tuareg', acho que essa versão tem uma força muito grande. Até hoje eu me impressiono com o resultado." O show seguiu com "Baby" (Caetano Veloso), "Um Favor" (Lupicínio Rodrigues) e "Você Não Entende Nada" (Caetano Veloso).

Em um novo contato com o público, Gal anunciou "Espelho d'Água", composição de Marcelo Camelo em parceria com o irmão dele, Thiago Camelo, que estará no novo disco de estúdio da cantora, com previsão de lançamento ainda em 2015. "O álbum está sendo mixado pelo Alexandre Kassin e pelo Moreno Veloso lá no Rio de Janeiro", completou.

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No repertório escolhido por Gal Costa e pelo jornalista Marcus Preto, também estavam "Meu Bem, Meu Mal" (Caetano Veloso), "Força Estranha" (Caetano Veloso) e "Modinha Para Gabriela" (Dorival Caymmi). O ápice, contudo, ficou por conta de "Meu Nome é Gal" (Erasmo/Roberto Carlos), em que Gal conversa com a guitarra de Monteiro, trava uma batalha desleal contra o concorrente e sai vitoriosa.

Aos 69 anos de idade, a voz da cantora baiana pode não ser a mesma dos tempos áureos. Mas ganha em sabedoria e em maturidade, qualidades que pouquíssimos músicos têm no Brasil atualmente. No palco, ela é uma entidade. Cultuada por fãs das mais variadas idades. Sem medo de arriscar e com bônus infinitos para errar. Gal Costa é o reflexo da plenitude.

Setlist completo

"Caras e Bocas"

"Passarinho"

"Minha Voz, Minha Vida"

"Folhetim"

"Vaca Profana"

"Volta"

"Sua Estupidez"

"Coração Vagabundo"

"Negro Amor"

"Tigresa"

"Baby"

"Dom de Iludir"

"Um Favor"

"Solitude"

"Espelho d'Água"

"Tuareg"

"Você Não Entende Nada"

"Meu Nome é Gal"

"Meu Bem, Meu Mal"

"Força Estranha"

"Modinha Para Gabriela"

Gal Costa apresenta Espelho d'Água

Sexta-feira (23), sábado (24) e domingo (25), às 21h

Sesc Pinheiros - Rua Paes Leme, 195, Pinheiros - São Paulo

Ingressos esgotados