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Gonzagão em alto estilo

Uma série de eventos em Pernambuco comemora o centenário do artista

Cristiano Bastos Publicado em 15/12/2012, às 10h44 - Atualizado às 11h09

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Fagner homenageou Luiz Gonzaga - Divulgação/Costa Neto/Secult
Fagner homenageou Luiz Gonzaga - Divulgação/Costa Neto/Secult

Marco Zero. O Recife nasceu neste local, atesta a história: um trecho de terra em meio a um oceano de manguezais de frente para uma barreira de arrecifes de traçado quase perfeito. O local, nos primórdio da construção do Brasil, era ideal para a construção de um porto. Foi desse ponto que a cidade começou a se expandir, aterrando aquelas águas que, por este motivo, lhe renderiam comparações com Veneza e as terras da Holanda.

“Deste marco partem as distâncias para todas as terras de Pernambuco”, está descrito na placa alusiva aos 500 anos do Brasil ali afixada, no ano 2000. O Marco Zero é conhecido como o local de fundação de Recife. E, atualmente, serve como palco de comemorações e apresentações artísticas feitas na cidade. À sua frente vê-se a grandiosa escultura do maior artista vivo de Pernambuco: Francisco Brennand. O que se vê é a Torre de Brennand, também carinhosamente apelidada pelos recifenses, devido ao seu fálico formato, de “Pica de Brennand”.

Neste quadrilátero, muitos fatos importantes, alguns decisivos para a história de Pernambuco (e do Brasil), desenrolaram-se, por exemplo, as tantas lutas travadas contra a invasão de holandeses que disputavam esse território. E, a poucos metros desse centro histórico, localizado no Recife Antigo, na Praça do Arsenal, onde fica o quartel general da Marinha, acontece, até este sábado, 13, uma série de homenagens – para lá de especiais – a um homem cuja vida e obra são, pode-se dizer, são tão históricos quanto a própria história de Pernambuco: Luiz Gonzaga do Nascimento.

O músico pernambucano está lado a lado com os maiores de todos no panteão dos grandes artistas brasileiros, como Pixinguinha, Noel Rosa, Dorival Caymmi e Tom Jobim. O Velho Lua, como também era chamado, foi, além de tudo, inventor de gêneros musicais como o baião, o xaxado e o forró – ainda que o tal forró que reina hoje seja o “plastificado” e “rebuscado”, que, provavelmente, não seria aprovado pelo seu criador. Luiz Gonzaga, sem dúvida, é o guru de todos os artistas nordestinos. E, curiosamente, é um dos primeiros artistas pop do Brasil: foi pop no sentido de criar um jeito diferente de se apresentar. Partia do regional, mas mirava no universal.

Em Pernambuco, uma série de comemorações estão celebrando em grande estilo o centenário do Rei do Baião. A cargo da Secretaria de Cultura do Estado, a programação está paralelamente acontecendo em Recife e em Exú – terra natal de Gonzaga – entre os dias 13 e 16 de dezembro. Em Exu, cidade natal do Velho Lua, no interior pernambucano, shows de Gilberto Gil, Dominguinhos e Daniel Gonzaga movimentarão o palco situado no Módulo Esportivo.

Na última quinta, 13, dia em que se celebrou o aniversário de Gonzaga, a praça do Arsenal foi o local de encontro para a grande festa em sua homenagem. Além de contar com o Baile do Gonzaga, encontro de oito artistas locais que deu início à festa, às 20h, o público pôde assistir a shows especiais de Alceu Valença e Fagner.

A parceria de Fagner e Luiz Gonzaga foi forte e rendeu dois discos nos anos 80. O primeiro, Fagner e Luiz Gonzaga, foi lançado em 1984. Em 1988 saiu Gonzagão & Fagner 2 – ABC do Sertão. No repertório, músicas como “O Maior Tocador (Seu Januário)”, “Cintura Fina”, “Vem Morena” e “Juazeiro”, além de “Vaca Estrela e Boi Fubá”. No show do Arsenal, Fagner revisitou a obra do Rei do Baião e prestou homenagem ao “Seu Luiz”, como também era chamado. Fagner também mostrou hits de sua carreira radiofônica, como “Coração Alado” e “Borbulhas de Amor”.

Alceu Valença subiu no palco com um repertório “misto quente” composto de músicas próprias e as gonzagueanas. “Possuo uma ligação muito forte com a música de Luiz Gonzaga porque sou de São Bento do Una, no agreste de Pernambuco. Cresci escutando música dos aboiadores, emboladores, cantadores de feira, sanfoneiros de oito baixos, um convívio permanente com os elementos que ajudaram Luiz a formatar seu estilo”, disse Alceu.

Quem encerrou a noite foi músico Targino Gondim, compositor do big hit “Esperando na Janela”, popularizada por Gilberto Gil, vencedor do Grammy Latino de melhor música brasileira em 2001 e que está entre as cinco canções mais tocadas da década.