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Grammy: “Não acho que haja um problema de racismo”, diz presidente da Academia

Neil Portnow rebate críticas após Adele ter superado Beyoncé nas principais categorias da premiação

Jon Blistein Publicado em 15/02/2017, às 11h51 - Atualizado às 12h11

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Beyoncé no Grammy 2017 - Matt Sayles/Invision/AP
Beyoncé no Grammy 2017 - Matt Sayles/Invision/AP

Neil Portnow, presidente da National Academy of Recording Arts and Sciences, responsável pelo Grammy, disse em entrevista ao Pitchfork que não acredita que haja um problema de racismo entre os eleitores que escolhem nomeados ao prêmio.

A crítica foi levantada ao longo dos anos em diferentes ocasiões, e ressurgiu no último domingo quando Adele superou Beyoncé e seu disco Lemonade nos prêmios de Gravação do Ano, Música do Ano e Álbum do Ano. Até a própria cantora britânica se mostrou surpresa por ter levado o prêmio principal da noite (o de disco do ano, por 25), dizendo: “O que diabos a Beyoncé precisa fazer para ganhar o prêmio de Álbum do Ano?”. A última vez que um artista negro levou o gramofone nessa categoria foi em 2008 (Herbie Hancock, com River: The Joni Letters).

“Não, não acho que seja um problema de racismo, de maneira alguma. Lembre-se de que essa premiação é feita por meio de votação, não é uma entidade corporativa – são os 14 mil membros da Academia”, afirmou Portnow ao ser questionado sobre o assunto. “É sempre difícil criar objetividade em algo que é inerentemente subjetivo, que é o caso da música e da arte. Nós fazemos o melhor que podemos.”

Portnow também disse acreditar que os eleitores que participam da votação – artistas, compositores, produtores, diretores de arte, entre outros – não ouvem música se baseando em gênero, raça ou etnia. “Quando você vai votar em uma obra musical – pelo menos da maneira que eu abordo o assunto –, é quase como se você colocasse uma venda nos olhos. É uma questão do que te faz ter uma reação e o que, na sua visão como profissional, atingiu o mais alto nível de excelência naquele determinado ano. E isso é muito subjetivo. É o que pedimos para os membros da Academia fazerem.”

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Ele também rebateu a crítica de racismo apontando o fato de Chance the Rapper ter levado o prêmio de Artista Revelação. “Você não tem Chance the Rapper como Artista Revelação se o grupo de membros não for realmente diverso e aberto e não estiver de fato ouvindo a música, sem considerar nada além de o quão boa é a música feita por aquele artista.”

No entanto, como o jornalista Steve Knopper, da Rolling Stone EUA, destacou, além de vendas e visibilidade no mercado impactarem os resultados do Grammy, a maioria dos membros da Academia é predominantemente branca, do sexo masculino e idosa. O Pitchfork questionou se o Grammy não estaria interessado em diversificar o grupo de membros, algo que os responsáveis pelo Oscar fizeram após a polêmica do #OscarsSoWhite, no ano passado.

“Estamos sempre trabalhando em aumentar a diversidade entre os membros, seja no quesito etnia, gênero, estilo ou idade”, declarou o presidente. “Para manter nossa relevância, precisamos nos renovar o tempo todo.”

Portnow comentou ainda a decisão de Frank Ocean de não submeter o disco Blonde para avaliação dos membros. Ocean disse ao jornal The New York Times que a Academia “não parece representar adequadamente pessoas que vêm de onde eu venho”.

“Nem todo mundo gosta ou quer fazer parte de todo tipo de organização ou de processo de premiação”, disse Portnow. “Eu respeito isso. O que posso dizer sobre Frank é que ele lançou o álbum anterior em um estágio inicial da carreira, e ficamos agraciados com o fato de ele tê-lo submetido à Academia e felizes com o fato de ele ter ganhado o Grammy, de ter estado em nosso palco, o que deu a ele uma plataforma bem no início da carreira. É algo de que nos orgulhamos. Artistas mudam de opinião. De maneira nenhuma critico a decisão dele. Veremos o que ocorrerá no futuro.”