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Gregório Duvivier estrela novo programa na TV: “Investigação jornalística com humor”

À frente do Greg News, que estreia nesta sexta, 5, comediante está pronto para apanhar com novo formato de programa

Stella Rodrigues Publicado em 05/05/2017, às 19h19 - Atualizado às 19h40

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O comediante Gregório Duvivier - Divulgação
O comediante Gregório Duvivier - Divulgação

É um programa de “investigação jornalística com humor”, define Gregório Duvivier, ciente de que passará os próximos meses da vida tentando explicar direito como isso funciona no Greg News, que estreia em 5 de maio no canal pago HBO. Coube a ele ser a “versão brasileira” de John Oliver, que é amado pela crítica internacional (só na capa da Rolling Stone EUA ele já saiu duas vezes, em três anos desde que estreou seu programa, o Last Week Tonight), mas que conquistou inimigos em igual proporção.

Até aí, nenhuma novidade para Duvivier. Greg News traz alguns quadros fixos e curtos e um tema mais aprofundado a cada episódio. Os fatos vêm antes da comédia, que é construída em cima de um alicerce, que é a pesquisa. “O nosso lema tem que ser ‘quem não está confuso está mal informado’. Não é para esclarecer, é para confundir um pouco mais. Acho que essa é uma boa premissa”, ele diz. “Nosso objetivo principal é o humor, mas também não podemos fugir de nada por querer mais público. Falo a gente porque é uma equipe, tem uma mistura muito boa de pessoas diferentes [entre si].”

RS Brasil:O John Oliver até hoje dá entrevistas explicando o formato do programa, que nem é tão inédito por lá. Isso é uma preocupação para vocês aqui, que estão estreando algo realmente novo?

Gregório Duvivier: Estou acostumado a explicar. Por exemplo, quando escrevo uma crônica de ficção, todo mundo acha que é verdade. As pessoas têm dificuldade em categorizar coisas que são híbridos de vários temas. Mas eu gosto muito desse lugar confuso.

O que mantiveram do original?

O tom é parecido, o formato também. Mas tenho um registro de humor diferente. E por ser no Brasil – nosso humor é diferente. O Oliver usa muita piada de comparação, por exemplo, essa é mais a escola dele. Eu gosto muito de algo mais investigativo e jornalístico. A ideia é fazer com que o jornalismo seja narrativo, com uma pegada literária, de narrar os fatos.

O Brasil nunca esteve tão dividido e os Estados Unidos também. Mas lá essa coisa bipartidária é mais tradicional para eles.

O Brasil é um país dividido, mas que nesse sentido está melhor que os Estados Unidos, porque lá eles estão divididos profundamente. Tem uma parte da população que de fato ama o Trump e a outra metade que realmente odeia. No Brasil acho que isso é mais superficial. Tanto o “petralha” quanto o “tucano”, hoje, odeiam o Temer, por exemplo. O Brasil é um país mais unido que os Estados Unidos atualmente. As dicotomias, em sua maioria, são falsas. Estamos mais unidos do que a gente pensa.

Os fãs brasileiros de John Oliver estão muito empolgados de ter um programa assim falando das nossas questões.

Eu também. Estou fazendo esse programa porque era algo que eu gostaria de ter, como espectador. Saiu uma pesquisa dizendo que o humor é a maior fonte de informação dos jovens nos Estados Unidos. É um grande jeito de explicar as coisas, de informar. Isso ainda está em falta no Brasil. Acho que é por causa disso que você falou, como estamos muito divididos as pessoas têm medo de se posicionar. Assim que você fala uma coisa mais ou menos política, é imediatamente jogado para um lado ou para o outro e as pessoas têm medo de perder uma parcela dos fãs. A política precisa do humor, é uma grande ferramenta. E também há muitas piadas boas que são políticas.

A pedra fundamental do Last Week Tonight é que a HBO de lá dá liberdade absoluta ao programa. Como tem sido aqui?

A liberdade também é total aqui. Essa era uma condição inegociável. Acho que se não fosse para ser assim teriam chamado outra pessoa. Talvez por não ser uma emissora brasileira a HBO não esteja tão envolvida nesse jogo político.

Como ficam seus outros trabalhos agora?

Já saí de uma peça com a qual estava comprometido porque este é um trabalho em tempo integral. Com o Porta dos Fundos eu vou continuar, até porque ele que está produzindo o programa. Talvez eu tenha que deixar a coluna na Folha de S.Paulo, por uma questão de tempo e também porque o programa será uma espécie de coluna.